Notícia

Dieta de remissão do diabetes pode reduzir pressão arterial

Atualmente, mais da metade dos 4,5 milhões de pessoas com diabetes tipo 2 no Reino Unido precisam de comprimidos para hipertensão e excesso de peso é a principal causa, e a perda de peso pode trazer a remissão da hipertensão e diabetes

Pexels

Fonte

Universidade de Glasgow

Data

segunda-feira, 14 junho 2021 10:10

Áreas

Nutrição Clínica. Nutrição Coletividades. Saúde Pública

Uma nova pesquisa mostrou que, se as pessoas obtiverem e mantiverem uma perda substancial de peso para controlar o diabetes tipo 2, muitas também podem controlar com eficácia a pressão alta e interromper ou reduzir a medicação anti-hipertensiva.

Um programa de controle de peso, desenvolvido por pesquisadores das Universidades de Glasgow e Newcastle, respectivamente no Reino Unido e na Austrália,  para o Diabetes REmission Clinical Trial (DIRECT), financiado pelo Reino Unido para Diabetes, provou ser eficaz na redução da pressão arterial e na redução da necessidade de medicamentos anti-hipertensivos, além de trazer remissão do diabetes tipo 2.

O programa envolve 12 semanas iniciais com uma dieta alimentar nutricionalmente completa (sopas e ‘shakes’ de baixa caloria) que irá induzir uma perda de peso de mais de 15 kg se for seguida integralmente. Os medicamentos para diabetes e pressão sanguínea foram interrompidos no início e só reiniciados se o açúcar no sangue ou a pressão arterial aumentassem.

A fase de perda de peso é seguida de apoio para escolher alimentos e comer com sabedoria para a manutenção da perda de peso. Manter a perda de peso de 15 kg permitiu que 8 em cada 10 pessoas ficassem livres do diabetes tipo 2, sem necessidade de medicamentos para diabetes por pelo menos 2 anos.

Este estudo, publicado na revista científica Diabetologia, analisou 143 pessoas que iniciaram o programa de dieta, com mais da metade (78 pessoas) com comprimidos para hipertensão no início (e 44 com dois ou mais medicamentos). Os pesquisadores descobriram que, de modo geral, a pressão arterial média caiu continuamente à medida que as pessoas perdiam peso. E a pressão arterial permaneceu mais baixa após o término do período da dieta com fórmula, e depois aos 12 e 24 meses.

Para aqueles que não receberam tratamento prévio para hipertensão, a pressão arterial caiu drasticamente desde a primeira semana. Para aqueles que pararam de tomar os comprimidos de pressão arterial, a pressão arterial ainda caiu, embora mais lentamente. Pouco mais de um quarto (28%) precisou reintroduzir um comprimido de pressão arterial durante o período da dieta com fórmula. No entanto, os pesquisadores também descobriram que a mesma proporção de participantes (28%) foi capaz de permanecer fora de seus medicamentos por pelo menos dois anos.

O professor Dr. Mike Lean, da Universidade de Glasgow, disse: “Queríamos avaliar a segurança e eficácia de retirar a medicação para pressão arterial ao iniciar nosso programa de perda de peso especialmente projetado para diabetes tipo 2, e estamos realmente satisfeitos com os resultados.”

“Nosso estudo mostra que, além da possível remissão do diabetes tipo 2, existem outros benefícios de saúde muito importantes, pois a perda de peso é um tratamento muito eficaz para a hipertensão e seus graves riscos à saúde associados”, completou o Dr. Mike Lean.

“Atualmente, mais da metade dos 4,5 milhões de pessoas com diabetes tipo 2 no Reino Unido também precisam de comprimidos para hipertensão, para reduzir complicações vasculares graves. Excesso de peso é a principal causa, e a perda de peso pode trazer a remissão da hipertensão para muitos, assim como a remissão do diabetes. Retirar os medicamentos para a pressão arterial é seguro, desde que as pessoas tenham perdido peso e a pressão arterial seja verificada regularmente, caso os comprimidos precisem ser reintroduzidos”, disse o Dr. Mike Lean.

“O ensaio DiRECT foi realizado inteiramente na atenção primária. As evidências mostram que os GPs podem oferecer com segurança uma intervenção intensiva de controle de peso baseada em evidências, com o objetivo de perda substancial de peso e remissão do diabetes tipo 2. O estudo destaca ainda as ligações entre dieta, peso, diabetes tipo 2 e hipertensão, e como o suporte de longo prazo para manter a perda de peso é vital ”, disse o pesquisador.

O professor Dr. Roy Taylor, da Universidade de Newcastle, disse: “Diretrizes encorajam os médicos a iniciar os comprimidos, mas houve poucas demonstrações de como os comprimidos podem ser interrompidos”.

“Meus pacientes, como muitos, não gostam de engolir vários comprimidos, e este estudo é importante, pois agora podemos tranquilizá-los de que interromper os comprimidos para pressão arterial não é apenas seguro, mas também bom para sua saúde. Nós mostramos que quando uma perda substancial de peso é alcançada e mantida, os pacientes podem controlar com eficácia a pressão arterial e o diabetes tipo 2 sem medicamentos.”, completou o Dr. Roy Taylor.

A Dra. Wilma Leslie, da Universidade de Glasgow, disse: “O potencial de não precisar mais medicamentos para pressão arterial e diabetes é um grande incentivo para as pessoas. Esperamos que nossos resultados tranquilizem os profissionais de saúde de que isso é possível e incentivem uma oferta mais ampla de serviços de remissão do diabetes. ”

A Dra. Elizabeth Robertson, Diretora de Pesquisa da Diabetes UK, disse: “Esses resultados importantes mostram que o programa de controle de peso de baixa caloria DiRECT, financiado pela Diabetes UK, não só ajuda algumas pessoas a colocarem seu diabetes tipo 2 em remissão, mas também pode reduzir a pressão arterial, permitindo que algumas pessoas parem de tomar os medicamentos para a pressão arterial com segurança.

“Estamos muito satisfeitos em ver mais evidências do impacto de mudança de vida do programa DiRECT na saúde das pessoas. Isso nos torna ainda mais determinados a garantir que o maior número possível de pessoas tenha acesso aos serviços de remissão do diabetes tipo 2”, completou a Dra. Elizabeth Robertson.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade de Glasgow (em inglês).

Fonte: Universidade de Glasgow. Imagem: Pexels.

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