Notícia

Fruto do guaraná tem potencial para ajudar no controle do diabetes tipo 2

Testes in vitro indicam que algumas substâncias bioativas do guaraná (as catequinas) podem agir no controle glicêmico do diabetes do tipo 2

Wikimedia Commons

Fonte

Jornal da USP

Data

terça-feira, 4 agosto 2020 10:50

Áreas

Nutrição Clínica. Nutrição Funcional

Os benefícios do guaraná (Paullinia cupana) para a saúde vão além das conhecidas funções energéticas promovidas pela cafeína. Os compostos fenólicos presentes nas sementes e no fruto possuem ação bactericida, anti-inflamatória e anti-hiperglicêmica, sendo esta última uma ação sobre enzimas que controlam o diabetes tipo 2. Pesquisadores do grupo da professora Dra. Elizabeth Aparecida Ferraz Silva Torres, do Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da Universidade de São Paulo (USP), estiveram envolvidos nas recentes descobertas que demonstraram as propriedades dos compostos fenólicos provenientes do guaraná.

A caracterização das propriedades bioativas do fruto do guaranazeiro também levou a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a incluí-lo na lista de ingredientes autorizados para uso em suplementos alimentares como fonte de substância bioativa.

Recentemente, a nutricionista Dra. Cintia Pereira da Silva, uma das pesquisadoras do grupo da professora Elizabeth, observou em laboratório que algumas substâncias bioativas do guaraná (as catequinas) poderiam agir no controle glicêmico do diabetes tipo 2, inibindo as atividades das enzimas α-glicosidase e α-amilase, ambas responsáveis pelo controle da glicose no sangue (glicemia).

Para chegar a esses resultados, a pesquisadora diluiu as enzimas α-glucosidase e α-amilase em concentrações fisiológicas e as colocou em contato com uma solução de amido para simular a digestão de carboidratos no estômago. “Em seguida, comparamos a solução de amido com e sem guaraná para verificar a quantidade de glicose disponível na solução. Com a presença do extrato de guaraná, rico em catequinas, a atividade enzimática foi menor, ou seja, o guaraná reduziu e inibiu a atividade destas enzimas em cerca de 70%”, descreveu a pesquisadora.

No organismo humano, se a pessoa já tem diabetes, quanto maior o consumo de carboidratos, maiores são as chances de um quadro de hiperglicemia (taxa alta de açúcar no sangue). “A inativação dessas enzimas pode ser uma estratégia para manter o controle glicêmico e assim evitar as complicações do diabetes”, explicou a nutricionista ao Jornal da USP.

Segundo a pesquisadora, no mercado farmacêutico existem drogas que inibem a atividade dessas enzimas como forma de tratar pessoas portadoras do diabetes tipo 2, porém, “esses fármacos apresentam diversos efeitos colaterais como hipoglicemia em doses mais elevadas, problemas hepáticos, náuseas, vômitos e diarreia. Por isso, há necessidade de estudos para verificar se as substâncias bioativas presentes nos alimentos poderiam exercer esse papel sem causar efeitos colaterais”, explicou a Dra. Cintia. A pesquisadora lembra ainda que os ensaios com as enzimas foram feitos somente em laboratório, precisando agora ser confirmados em humanos, por meio de ensaios clínicos.

A pesquisa com as enzimas foi um dos destaques de um artigo de revisão publicado na revista científica Journal of Food Bioactives. O artigo reuniu ainda relatos de pesquisadores de várias instituições, incluindo os do grupo da professora Elizabeth Torres, reconhecendo as propriedades funcionais das substâncias bioativas do fruto nativo amazônico. A Dra. Cintia, que é a primeira autora do artigo, disse que, até bem pouco tempo, o guaraná era tido apenas como estimulante pelo seu alto teor de cafeína. “Hoje, se sabe que as sementes do guaraná contêm boas fontes de compostos fenólicos, como a catequina, a epicatequina e a proantocianidina, substâncias bioativas que foram associadas à proteção contra doenças cardiovasculares e cognitivas”, disse a pesquisadora ao Jornal da USP.

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Acesse a notícia completa na página do Jornal da USP.

Fonte: Ivanir Ferreira, Jornal da USP. Imagem: Wikimedia Commons.

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