Destaque

Saúde das abelhas é pesquisada em laboratório

Fonte

APTA | Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios

Data

segunda-feira, 3 maio 2021 10:25

Dentro da imensa diversidade de insetos existentes, as abelhas são, sem dúvida, um dos mais importantes polinizadores. O trabalho efetuado por esses polinizadores, em especial as abelhas, representou R$ 43 bilhões, aproximadamente, para a economia brasileira em 2018. Do ponto de vista doméstico, a polinização garante nosso cafezinho, tão apreciado mundialmente, além de diversas frutas e grãos que fazem parte de nossa dieta e que representam importantes commodities para o mercado nacional e mesmo internacional.

Apesar desse importante – e bilionário serviço, dito ecossistêmico – as abelhas estão ameaçadas em todo o mundo, inclusive no Brasil, comenta a pesquisadora a pesquisadora do Instituto Biológico, Dra.Érica Weinstein Teixeira. “Essa ameaça ocorre principalmente, segundo cientistas de todo o globo, por conta de causas multifatoriais, que vão desde as mudanças climáticas, até o uso de grandes áreas com monoculturas que implicam em perdas de habitat, passando pela utilização inadequada de defensivos agrícolas, à desnutrição e doenças desses insetos”, afirma a pesquisadora.

A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, por meio de seu Instituto Biológico (IB-APTA), se debruça a estudar as doenças que acometem as abelhas há mais de uma década, mantendo em Pindamonhangaba o único laboratório especializado de sanidade apícola do país. Os trabalhos desenvolvidos pela unidade de pesquisa têm contribuído para a geração de conhecimento sobre o declínio das abelhas e ajudando na compreensão de mecanismos para salvar a vida desses insetos.

Segundo a pesquisadora do IB, o declínio de polinizadores figura como uma das grandes ameaças à humanidade em tempos atuais, tanto no que diz respeito à produção de alimentos, como ao desequilíbrio de ecossistemas. “As abelhas, assim como qualquer outro animal, são acometidas por microrganismos patógenos e parasitas e, em virtude da debilitação fisiológica que pode ser causada por qualquer um dos fatores mencionados estão cada vez mais vulneráveis. Esses fatores podem agir de forma única ou combinada, em diversas intensidades. Em formas mais graves, as colônias podem sucumbir e entrar em colapso”, explica a cientista especialista em sanidade apícola e que realizou seu pós-doutorado na Universidade Estadual de Iowa, nos Estados Unidos.

Estudo inédito desenvolvido pelo IB em conjunto com a Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) aborda um desses microrganismos que afetam as abelhas Apis melliera africanizadas, predominantes no Brasil. A pesquisa foi publicada na revista científica Journal of Insect Physiology.

O trabalho focou o fungo Nosema ceranae, que pode causar diversas alterações fisiológicas e de comportamento nas abelhas melíferas africanizadas. A pesquisa demonstrou pela primeira vez que a infecção natural por N. ceranae deprime o sistema imune de abelhas campeiras. “Descobrimos que este microrganismo é prejudicial ao sistema imune de abelhas mais jovens e mais velhas, já a dispersão, mitigação e controle da doença, irá depender do contexto social da colônia”, explica a pesquisadora.

A Dra. Érica ressalta que este fungo unicelular vem sendo apontado como um dos responsáveis por declínio de populações de abelhas e colapsos no Hemisfério Norte. Pesquisas conduzidas pelo Instituto Biológico, juntamente com outras instituições brasileiras, já demonstraram, porém, que a sua ocorrência não é recente no país, estando amplamente presente no Brasil há pelo menos três décadas.

“Portanto, ele não é uma nova ameaça, diferentemente do que vem sendo preconizado para sua presença em clima temperado e em abelhas melíferas europeias. Nosso grupo de pesquisa demonstrou ainda que em colônias bem manejadas esse fungo não causa colapsos”, explica a Dra. Érica ao se referir aos trabalhos sequencialmente produzidos pelo LASA relacionados a este microorganismo.

O “bem manejadas” significa que se as colônias tiverem boa alimentação ao longo de todo o ano, troca de quadros velhos por cera alveolada, por exemplo, além de todos os cuidados preconizados para as boas práticas apícolas, estarão aptas a lidarem de forma mais efetiva frente aos diversos estressores biológicos ou não presentes. Com isso, elas terão o sistema imunológico mais forte para conseguir vencer esse e outros fungos que elas têm contato.

“Ocorre que em grandes áreas em que são exploradas uma única cultura, as abelhas vivem em determinadas épocas do ano em um grande deserto de recurso alimentar, não tendo alimentos disponíveis, sem falar em abrigos naturais destruídos. Por isso, é muito importante pensarmos em formas de proteger esses organismos que trazem, inclusive, melhores produtividades para essas culturas, com seu serviço ecossistêmico”, explica a pesquisadora do IB.

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da APTA.

Fonte: Fernanda Domiciano, Assessoria de Imprensa – APTA.

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