Notícia

Estudo acompanha como os nutrientes do leite materno moldam o microbioma infantil

Pesquisa busca a relação entre metabólitos e bactérias do microbioma intestinal, o que pode permitir que nutricionistas prescrevam alimentos contendo metabólitos específicos para alterar a composição dos microbiomas

Freepik

Fonte

Universidade Cornell

Data

sábado, 5 setembro 2020 10:50

Áreas

Nutrição Materno Infantil

Um novo estudo em camundongos ajuda a explicar porque os microbiomas intestinais de crianças amamentadas podem diferir muito daqueles de crianças alimentadas com fórmula. Os resultados do estudo foram publicados na revista científica Journal of Lipid Research.

O artigo descreve uma técnica inovadora desenvolvida na Universidade Cornell, nos Estados Unidos, para rastrear o destino dos metabólitos – nutrientes formados ou necessários para o metabolismo – através do trato digestivo de um camundongo e identificar como eles interagem com micróbios intestinais específicos.

“Achamos que os métodos podem ser expandidos para muitos microbiomas diferentes”, disse a Dra. Elizabeth Johnson, professora de Ciências Nutricionais na Faculdade de Agricultura e Ciências da Vida da Universidade Cornell. Ela observou que os pesquisadores que estudam os efeitos de uma dieta rica em gordura versus uma dieta pobre em gordura, ou uma dieta cetônica, podem usar a técnica para rastrear metabólitos.

A metodologia pode revelar como metabólitos específicos promovem bactérias específicas. “Isso pode permitir que nutricionistas prescrevam alimentos contendo metabólitos específicos para alterar intencionalmente a composição de seus microbiomas”, disse a Dra. Elizabeth Johnson.

O leite humano e muitos outros alimentos contêm uma classe de metabólitos lipídicos chamados esfingolipídeos. Pesquisas anteriores sugeriram que esses metabólitos ajudam a formar o microbioma de uma criança, mas não se sabia se eles realmente interagem com o microbioma.

O estudo identificou dois tipos de micróbios intestinais – Bacteroides e Bifidobacterium – que usam esfingolipídeos para seu próprio metabolismo.

Embora se saiba muito pouco sobre os papéis específicos dos micróbios intestinais na saúde humana, os bacteroides têm sido implicados em efeitos benéficos e não tão benéficos, dependendo do contexto. Geralmente estão associados a microbiomas de crianças saudáveis alimentadas com leite materno. Bifidobacterium, mostrado pela primeira vez neste estudo para processar esfingolipídeos dietéticos, são consideradas bactérias benéficas por excelência, compreendendo até 95% do microbioma de crianças amamentadas.

“Nosso laboratório está muito interessado em como a dieta interage com o microbioma para realmente entender como você pode modulá-la da melhor forma para ter efeitos positivos na saúde. Neste estudo, pudemos ver que sim, esses lipídios dietéticos que são uma grande parte das dietas de crianças [amamentadas] estão interagindo de forma bastante robusta com o microbioma intestinal”, disse a pesquisadora.

Os esfingolipídios têm origem em três fontes principais: dieta; bactérias que podem produzi-los; e a maioria dos tecidos do hospedeiro.

Dra. Elizabeth Johnson, junto com o doutorando Min-Ting Lee e o Dr. Henry Le, criaram uma técnica para rastrear especificamente os esfingolipídeos dietéticos à medida que passavam pelo intestino do camundongo.

“Nós sintetizamos de forma personalizada o esfingolipídeo que adicionamos à dieta. É quase idêntico ao derivado do leite materno, mas com uma pequena etiqueta química para que pudéssemos rastrear a localização do esfingolipídeo uma vez que foi ingerido pelos camundongos”, explicou a Dra. Elizabeth Johnson.

Min-Ting Lee então usou uma etiqueta fluorescente que se fixou nas células ou micróbios que absorveram o lipídio marcado, de forma que qualquer bactéria que tivesse absorvido os esfingolipídios ficasse vermelha. Micróbios dos microbiomas dos camundongos foram então isolados e analisados. Populações com micróbios vermelhos foram separadas das demais e foram sequenciadas geneticamente para identificar as espécies de bactérias.

Com uma investigação mais aprofundada, o Dr. Henry Le foi capaz de identificar os metabólitos que Bacteroides e Bifidobacterium produzem quando expostos a esfingolipídeos dietéticos. Outras investigações estão em andamento para determinar se esses metabólitos são benéficos para a saúde infantil.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia na página da Universidade Cornell (em inglês).

Fonte: Krishna Ramanujan, Universidade Cornell.  Imagem: Freepik.

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