Notícia

Estudo aponta 19 substâncias naturais com potencial contra o novo coronavírus

Fonte

UFPB | Universidade Federal da Paraíba

Data

quinta-feira, 3 setembro 2020 17:55

Áreas

Nutracêutica.

Estudo coordenado pelo pesquisador e professor do Departamento de Ciências Farmacêuticas da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Dr. Damião Pergentino, aponta 19 substâncias naturais antioxidantes com potencial anti-coronavírus. Algumas delas também têm propriedades anti-inflamatórias. A revisão disponibiliza dados para pesquisas de fármacos contra a COVID.

O artigo “Antioxidantes naturais: uma revisão dos estudos sobre o coronavírus humano e animal”, em tradução  livre, foi publicado pela revista científica revista científica Oxidative Medicine and Cellular Longevity,em uma edição especial sobre Compostos bioativos de alimentos: seu papel na prevenção e tratamento de doenças em 2020.

“O estudo teve como objetivo disponibilizar para a comunidade científica informações relevantes de uma coleção de moléculas que podem ser usadas como referência na busca de um tratamento para pacientes com COVID-19”, destacou o Dr. Damião Pergentino. O professor da UFPB relata que há a possibilidade de que uma única substância atue em múltiplos alvos terapêuticos relacionados à COVID-19, fato que resultaria em uma abordagem farmacoterapêutica com melhor eficácia clínica, apesar de não haver testes em seres humanos, até o presente momento, que forneçam suporte científico destas atividades farmacológicas.

De acordo com o professor, é sabido que alguns vírus causam um desequilíbrio bioquímico na célula infectada, resultando em estresse oxidativo, um estado que ocorre quando há um excesso de radicais livres nas células do corpo. Isso pode desencadear problemas de saúde, incluindo danos às células, ao DNA e ao desenvolvimento de várias doenças. Além disso, também podem ocorrer processos inflamatórios em diversos órgãos resultando em sequelas e/ou comprometimento de seu desempenho, a exemplo das inflamações causadas pelo novo coronavírus nos pulmões, coração e rins, que podem levar os pacientes a óbito.

“Substâncias que têm ação dual (anticoronavírus e antioxidantes) podem ser interessantes ferramentas terapêuticas ou terem uma função coadjuvante no combate ao novo coronavírus”.

“Eu acredito que podemos encontrar a solução para o problema na própria natureza, através das substâncias naturais bioativas que possam ser usadas na descoberta de fármacos antivirais e/ou com aplicação na abordagem clínica em pacientes acometidos pela COVID-19. As moléculas discutidas no artigo podem ser utilizadas como protótipos, um ponto de partida inicial na investigação de novas opções terapêuticas frente à COVID-19, em abordagens farmacológicas e/ou de química medicinal na academia, por grupos de pesquisa, pelas indústrias farmacêuticas e demais instituições científicas que atuam no desenvolvimento de medicamentos”, concluiu o professor da UFPB.

Substâncias citadas no estudo

Várias das substâncias citadas no estudo estão presentes em produtos da alimentação que são consumidos regularmente, ou então presentes em plantas que podem ser usadas em chás ou infusões. Vale ressaltar que o estudo tem foco nas ações das substâncias relatadas na literatura científica, e não no consumo isolado de um ou outro alimento ou planta que as contém. Todas as substâncias destacadas possuem ação antioxidante natural:

Quercetina: encontrada em plantas como a Rubus fruticosus L. (amora silvestre) e a Lagerstroemia speciosa (árvore conhecida como resedá-gigante).

Quercetina 3-β-galactosídeo: encontrada principalmente em plantas do gênero Hypericum, como Hypericum perforatum L. (erva-de-são-joão).

Quercetina 3-β-glicosídeo:presente na Passiflora subpeltata Ortega e Chamomilla suaveolens (matricária-discoide).

Quercetina 7-ramnosídeo: encontrada em plantas do gênero Hypericum, como a Hypericum japonicum Thunb. ex Murray.

Galato de epigalocatequina e galato de galocatequina: encontradas no chá verde e no chá Liu Bao.

Ammentoflavona: presente nas folhas de Ginkgo biloba L., Garcinia brasiliensis L. (árvore conhecida como bacuri, bacupari, porocó e bacuripari) e Nandina domestica L. (bambu-celeste).

Apigenina: presente principalmente em flores e folhas, sendo abundantemente encontrada no Apium graveolens L. (Aipo), Petroselinum crispum (Mill.) Fuss e Matricaria chamomilla L.(Camomila).

Luteolina: presente em alimentos como cenoura, repolho, chá e maçã e é encontrada também na Ugni molinae Turcz. (Murtilla).

Herbacetina: onipresente em plantas do gênero Rhodiola, como a Rhodiola rosea L. (Raiz-de-ouro).

Pectolinarina: encontrada em plantas do gênero Cirsium, como a Cirsium setidens Nakai e Cirsium japonicum DC.

Rhoifolin: encontrada em frutas cítricas, como Citrus limetta Risso (limão doce).

(+) – Catequina: flavonóide presente nas folhas do chá verde, vinho e frutas.

Psoralidina: coumestan prenilado, encontrado em plantas da família Fabaceae, como a Psoralea corylifolia L. (planta usada na medicina tradicional indiana e chinesa).

Isobavachalcone: composto isolado de plantas das famílias Fabaceae (leguminosas) e Moraceae.

Helichrysetin: calcona encontrada em plantas do gênero Helichrysum, como a Helichrysum odoratissimum L.

Miricetina: amplamente encontrada nas famílias de plantas Myricaceae e Anacardiaceae (como por exemplo a manga e o caju), é utilizada como suplemento alimentar.

Scutellarein: flavona encontrada em Scutellaria barbata D. Don (planta medicinal usada na China, da família das hortelãs) e Polygonum viscosum Buch-ham.

Resveratrol: encontrado em uvas, amendoins e mirtilos, pode ser isolado da Veratrum grandiflorum O. Loes.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da UFPB.

Fonte: Pedro Paz, Ascom/UFPB e revista Oxidative Medicine and Cellular Longevity. Imagem: Adaptação de Pixabay

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