Notícia

Estudos mostram relação dos hormônios do apetite e os distúrbios de humor em mulheres na pós-menopausa

Pesquisas apontam que quanto maiores os índices de leptina maiores os sintomas de ansiedade e quanto maiores os níveis de grelina acilada maiores os sintomas de depressão, em mulheres na pós-menopausa

Freepik

Fonte

UNIFESP | Universidade Federal de São Paulo

Data

sexta-feira, 9 abril 2021 11:05

Áreas

Nutrição Clínica. Nutrição Coletividades. Saúde Pública

Os índices de depressão e de ansiedade, que já cresciam e preocupavam autoridades do Brasil e no mundo em geral, ano após ano, têm aumentado ainda mais em consequência das incertezas e dificuldades trazidas pela pandemia de covid-19. Há quem diga, inclusive, que lidamos atualmente com duas pandemias, a de covid-19 e a dos distúrbios mentais. Nesse sentido, dois estudos realizados pelos Departamentos de Fisiologia, Psicobiologia e Ginecologia da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp), trouxeram informações relevantes acerca da relação entre os distúrbios do humor e os hormônios do apetite, principalmente em mulheres na pós-menopausa.

“Apesar da depressão e da ansiedade serem patologias conhecidas e muito estudadas, pela sua complexidade e íntima relação com nosso sistema nervoso central, as causas desses distúrbios mentais ainda não são completamente entendidas, o que pode dificultar o tratamento correto. Em dois estudos, pudemos observar, por exemplo, que além do excesso de peso, a grelina, que é o hormônio da fome, e a leptina, hormônio da saciedade, estão intimamente relacionados com a depressão e ansiedade, em mulheres na pós-menopausa”, explica a Dra.Maria Fernanda Naufel, pós-doutoranda em nutrição pela Unifesp e uma das responsáveis pelos estudos. Os artigos foram publicados nas revistas cientificas Scientific Reports e Menopause.

No estudo veiculado no periódico Menopause Journal, foram incluídos tanto mulheres na pré-menopausa, com idade entre 40 e 50 anos e que representaram o grupo controle, quanto mulheres na pós-menopausa, entre 50 e 65 anos. Já no estudo publicado no periódico Scientific Reports, foram incluídas somente mulheres na pós-menopausa, com idade entre 50 e 65 anos, que apresentavam algum grau de depressão, excluindo, portanto, aquelas não deprimidas.

Em ambos os estudos foram analisadas medidas antropométricas por meio de bioimpedância avançada. Sintomas de depressão e ansiedade foram avaliados por questionários. Também foram dosados inúmeros parâmetros bioquímicos e hormonais por meio de amostras de sangue e saliva, além de parâmetros clínicos.

“Entre os principais resultados, constatamos que, além da obesidade total, obesidade abdominal, avançar da idade e resistência à insulina influenciarem de forma expressiva em quadros de depressão e ansiedade, observamos que a leptina e a grelina são fortes preditores independentes, que se associaram positivamente e respectivamente com a ansiedade e depressão, na população estudada. Ou seja, averiguamos que quanto maiores os índices de leptina maiores os sintomas de ansiedade e quanto maiores os níveis de grelina acilada (antes chamada de grelina ativa) maiores os sintomas de depressão, em mulheres na pós-menopausa”, destaca a Dra. Maria Fernanda.

De acordo com a pesquisadora, “estudos já haviam encontrado receptores de grelina e leptina em zonas do cérebro responsáveis pela regulação do humor, e por meio de nossos estudos foi possível observar uma estreita associação entre estes hormônios do apetite e distúrbios mentais”.

Apesar de constatar a relação dos hormônios da fome e saciedade com a depressão e a ansiedade, a Dra. Maria Fernanda ressalta que ainda não é possível concluir se estes efeitos são positivos ou negativos para o humor. “Essa associação pode refletir tanto uma resposta fisiológica do corpo tentando lutar contra a depressão e ansiedade – neste caso, os hormônios estariam atuando como antidepressivos ou ansiolíticos -, quanto podem ser um fator causal destas patologias. Estudos experimentais levam a crer que estes hormônios auxiliam na melhora dos distúrbios de humor, contudo, mais estudos em humanos são necessários para se chegar a uma conclusão”.

Acesse o artigo científico completo na Scientific Reports (em inglês).

Acesse o resumo do artigo científico na Menopause (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Unifesp.

Fonte: Denis Dana, Unifesp. Imagem: Freepik.

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