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Plasma frio pode otimizar a vida de prateleira dos alimentos, sem perda de nutrientes

Tecnologia apresenta vantagens em relação a outros tipos de processamento de alimentos, mas ainda são necessários mais estudos para que sua aplicação seja regulamentada

Freepik (Imagem gerada po Inteligência Artificial)

Fonte

FoRC | Centro de Pesquisa em Alimentos

Data

sábado, 11 maio 2024 10:55

Áreas

Biotecnologia. Ciência e Tecnologia de Alimentos. Engenharia de Alimentos. Nutrição Coletividades. Sustentabilidade

Pesquisadores da academia e da indústria têm discutido novas formas de processar os alimentos, de forma a estender a vida de prateleira dos produtos, sem perda de nutrientes ou de características sensoriais. E um dos métodos promissores é conhecido como plasma frio. O plasma frio nada mais é do que um gás contendo íons e elétrons livres que pode ser obtido pela passagem de corrente elétrica, como em um raio cruzando o ar, ou por altas temperaturas, como no sol.

“A estratégia para obter o plasma frio, ou seja, na temperatura ambiente, é aplicar rápidos pulsos elétricos com alta voltagem, mas baixa intensidade, o que impede grandes variações na temperatura. Nesses estímulos elétricos controlados, formam-se no gás substâncias reativas que podem ser usadas, por exemplo, para controle microbiológico em alimentos”, explicou o Dr. Jorge Gut, professor do Departamento de Engenharia Química da Escola Politécnica da USP e pesquisador do Centro de Pesquisas em Alimentos (Food Research Center – FoRC).

Na prática, sua aplicação mais comum se dá utilizando o ar atmosférico por meio de uma técnica conhecida como descarga de barreira dielétrica. “Entre dois eletrodos com alta voltagem, se insere um filme ou uma placa que reduz a passagem de corrente elétrica para evitar a formação de um arco voltaico, que elevaria a temperatura e iria degradar o alimento”, detalhou o Dr. Fabiano Fernandes, professor do Departamento de Engenharia Química da Universidade Federal do Ceará (UFC). “No fino espaço entre os dois eletrodos forma-se o plasma que é soprado sobre o alimento ou material a ser tratado. Como as espécies químicas formadas no plasma se decompõem rapidamente, o plasma tem que ser produzido continuamente”, acrescentou o Dr. Gut.

Vantagens da tecnologia – A tecnologia é importante principalmente para alimentos que são muito suscetíveis ao tratamento térmico – técnica que consiste no aquecimento e depois resfriamento do alimento para sua preservação e segurança para o consumidor. “Você não vai querer esquentar ou resfriar uma alface, o que levaria a uma grande degradação, ou aplicar um produto químico que possa deixar resíduos no alimento. Com o plasma frio, não teríamos esse tipo de problema”, afirmou o Dr. Bruno Carciofi, professor do Departamento de Engenharia Biológica e Agrícola da Universidade da Califórnia Davis (UC Davis), nos Estados Unidos, e membro do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Alimentos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Essa técnica tem vantagens também em relação a outros tratamentos (não térmicos) porque atinge todas as áreas da superfície do alimento. “O plasma frio atua em todos os locais da superfície do alimento, inclusive nos mais escondidos, pois as moléculas ativas se espalham. Isso é uma diferença em relação à luz UV, por exemplo, pois essa técnica não térmica atua somente no trecho que está iluminado pelo feixe de luz UV, que é emitido em direção reta”, detalhou o professor.

Testes bem-sucedidos – Na UFSC, o grupo coordenado pelo Dr. Carciofi obteve sucesso ao aplicar o plasma frio em alimentos já embalados. “Com o tratamento térmico, produtos enlatados, por exemplo, têm prazos de validade de mais de um ano, pois são processados depois de embalados, e assim não entram mais em contato com os micro-organismos no ambiente externo. Utilizamos uma estratégia semelhante ao gerarmos o plasma frio no ar contido dentro da embalagem, o que proporcionou a inativação das bactérias que são patogênicas aos seres humanos e das que deterioram os alimentos”, detalhou o professor.

Na UFC, o grupo de pesquisadores liderado por Fernandes conseguiu recuperar a perda de nutrientes que ocorre durante a pasteurização do suco de laranja, em estudo publicado na revista científica Food and Bioprocess Technology, do grupo Springer. “Quando o suco é pasteurizado, acontece a degradação principalmente do limoneno (o composto que confere cheiro e gosto à fruta) que se transforma em substâncias alcoólicas, prejudicando o gosto do produto. Com o plasma frio foi possível reverter a degradação, transformando os produtos de degradação novamente em limoneno”, explicou ou pesquisador.

Acesse a notícia completa na página do FoRC- Centro de Pesquisa em Alimentos.

Fonte: FoRC- Centro de Pesquisa em Alimentos. Imagem: Freepik (Imagem gerada po Inteligência Artificial).

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