Destaque

Perdas pós-produção e pré-consumo geram um grande desperdício de alimentos no Brasil

Fonte

Jornal da USP

Data

sexta-feira, 8 março 2024 17:55

O Brasil, até 2014, estava fora do Mapa da Fome das Nações Unidas. A partir de 2021, após diversos fatores econômicos e políticos ligados à pandemia, ele voltou a fazer parte dos países com insegurança alimentar. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que cerca de 30% dos alimentos produzidos no País são desperdiçados. Para reverter essa realidade, são necessárias ações que levem ao reaproveitamento de alimentos.

O Dr. Paulo José do Amaral Sobral, professor titular do Departamento de Engenharia de Alimentos da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da USP de Pirassununga, destacou que os dados do Instituto mostram que as perdas pós-produção e pré-consumo são muito grandes. É preciso agir em várias vertentes.

“A perda pré-consumo, pré-processamento, tem que ser evitada, reduzida, com investimento em infraestrutura e educação. Infraestrutura quer dizer melhoria da cadeia do frio, melhoria das condições de transporte, das estradas, dos caminhões e dos trens etc. E dos silos de armazenagem, no caso de cereais, para evitar perdas. Isso pode ser diminuído com o melhor planejamento da sua produção, com educação. Então, é preciso haver uma campanha muito grande. Já existem hoje ONGs que estão trabalhando com isso, ligando produtores e consumidores para reduzir as cadeias intermediárias e isso também, de certa forma, contribui para redução desse desperdício”.

No Brasil, o trabalho contra o desperdício de alimentos tem um ritmo mais lento do que o da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), que realiza uma campanha internacional contra o desperdício. Sobral lembra que, “no terceiro setor, as ONGs estão trabalhando no sentido de reduzir esse desperdício.”

Adoção de estratégia

Em 2017, o governo brasileiro lançou uma Estratégia Intersetorial para a Redução de Perdas e Desperdício de Alimentos. Em 2020, promulgou uma lei que busca o combate ao desperdício e incentiva a doação de excedentes de alimentos. O professor lembra que é preciso cuidado quando se realiza esse tipo de ação. “A doação de alimentos pode ser uma boa alternativa, mas tem que ser analisada com muita calma e com muito critério, pois envolve valores éticos, valores culturais, valores morais, mas, sobretudo, problemas de justiça”.

De acordo com ele, a questão da doação, “institucionalmente, é um problema de competência, de responsabilização. Então, o grande empecilho para doação é motivado por eventuais problemas que poderão ocorrer, pós-doação, com os consumidores, como diarreia, disenteria, levando até à morte. De quem é a responsabilidade? Do doador ou do intermediário, que conservou de maneira inadequada aquele alimento? Existe aí um problema entre a doação e o consumo que implica em responsabilização e que precisa ser resolvido pelo poder público. Eu sei que na França isso já foi reduzido, a responsabilização do doador, para que os restaurantes possam dar o que sobrou da noite, por exemplo, para algumas organizações. Então isso tem que ser atacado, mas de maneira bem criteriosa, porque pode implicar em danos também a pessoa e a terceiros”.

Buscando garantir a qualidade e o procedimento dos alimentos doados, foi lançado em 2022, pela Anvisa (Agência Nacional de Segurança Sanitária), um Guia para Doação de Alimentos com Segurança Sanitária.

Acesse a notícia completa na página do Jornal da USP.

Fonte: Simone Lemos, Jornal da USP.

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