Notícia
Tecnologia reduz aditivos e melhora qualidade do trigo nacional
O equipamento em escala piloto possibilitou, por exemplo, a diminuição e até a eliminação do uso de aditivos em farinhas
Na busca por uma vida mais saudável, os alimentos sem aditivos estão cada vez mais presentes na mesa do brasileiro. Atentos a esse cenário, pesquisadores da Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) da Unicamp e do Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL), ligado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, desenvolveram um equipamento processador multifuncional que usa micro-ondas para a aplicação em diversas tecnologias da indústria agroalimentar.
O equipamento em escala piloto possibilitou, por exemplo, a diminuição e até a eliminação do uso de aditivos em farinhas de trigo. O sistema de micro-ondas permitiu modular a qualidade de amidos e proteínas; e modificar características como elasticidade, extensibilidade e viscosidade de massas na produção de bolos e biscoitos. Dessa forma, tornou a matéria-prima adequada para diferentes aplicações industriais, mantendo e até melhorando a qualidade final do produto sem o uso de coadjuvantes e aditivos.
Os alimentos clean label, termo em inglês que significa rótulo limpo, são uma tendência no Brasil e no mundo. “O consumo de pães, bolos e biscoitos aumentou muito, consequentemente o de aditivos também. Em cada 100 gramas de pão, por exemplo, podemos ter até 1% de aditivos”, explica a Dra. Maria Teresa Pedrosa Silva Clerici, docente da FEA e uma das inventoras da patente. “Com esse micro-ondas temos a vantagem de reprodutibilidade da tecnologia para grandes escalas industriais”, complementa.
Versatilidade e diminuição de perdas
O processo de tratamento térmico com o equipamento de micro-ondas é considerado importante para a indústria de transformação, ao conseguir alterar, controlar e padronizar a qualidade tecnológica de farinhas sem precisar mexer na outra ponta dessa cadeia: o plantio do grão.
Os brasileiros consomem, em média, 40,62 kg de trigo por ano, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (ABITRIGO). “Hoje o país não é autossuficiente na produção de trigo. O que vem do exterior já chega com tratamento prévio. O trigo nacional com certeza se beneficiaria dessa tecnologia a partir de um controle melhor em manutenção de qualidade”, conta o Dr. Flávio Martins Montenegro, pesquisador e inventor da tecnologia.
O sistema processador por micro-ondas permite o trabalho para beneficiamentos contínuos, que não necessitam de modificação de processos, ou de forma descontínua por bateladas com pequenos e fáceis ajustes operacionais. A invenção pode ainda ser aplicada a outros alimentos em estado líquido, sólido, em pó ou em suspensão.
Na pós-colheita, o tratamento térmico ajuda controlar a umidade, o que permite armazenar grãos por longos períodos e inibe processos germinativos que baixam a qualidade de cereais, grãos e farinhas. O equipamento evita ainda outro problema como a absorção de odores indesejáveis de fumaça com secadores movidos à lenha.
O calor gerado pelas micro-ondas também consegue inativar enzimas que aceleram o processo de perda de qualidade de produtos, aumentando o tempo de vida de prateleira de alimentos processados. Bem como elimina ovos de parasitas, por exemplo carunchos, geradores de grandes perdas da indústria alimentícia.
Acesse a notícia completa na página da Unicamp.
Fonte: Ana Palazi, Agência de Inivação, Unicamp. Imagem: Pixabay.
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