Notícia

Queijo funcional com potencial probiótico desenvolvido na UFMG pode prevenir e combater doenças inflamatórias intestinais

O produto funcional é um queijo minas frescal que foi acrescido da bactéria probiótica L. lactis NCDO 2118 e demonstrou alta capacidade de combater e evitar quadros graves da doença em camundongos

Pixabay, arte

Fonte

UFMG | Universidade Federal de Minas Gerais

Data

sábado, 14 maio 2022 11:40

Áreas

Biotecnologia. Ciência e Tecnologia de Alimentos . Engenharia de Alimentos. Nutrição Clínica. Nutrição Funcional. Saúde Pública

Pesquisa do Programa de Pós-graduação em Inovação Tecnológica (PPGIT) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) resultou no desenvolvimento de queijo funcional com potencial probiótico para tratamento e prevenção da colite ulcerativa — doença inflamatória do intestino grosso, caracterizada por inflamação e ulceração da camada mais superficial do cólon. O produto funcional é um queijo minas frescal que foi acrescido da bactéria probiótica L. lactis NCDO 2118 e demonstrou alta capacidade de combater e evitar quadros graves da doença em camundongos.

Os experimentos foram conduzidos pela bióloga Dra. Bárbara Cordeiro, analista de Propriedade Intelectual da Coordenadoria de Transferência e Inovação Tecnológica (CTIT), em sua pesquisa de doutorado em Inovação Biofarmacêutica, no Laboratório de Genética Celular e Molecular (LGCM) do ICB. Os resultados de seus trabalhos estão materializados na tese ‘Desenvolvimento e avaliação do efeito terapêutico de queijos potencialmente probióticos em modelo murino de colite ulcerativa‘. Classificada como o melhor trabalho de doutorado de 2021 no âmbito do PPGIT, a tese foi orientada pelo coordenador do LGCM, professor Dr. Vasco Azevedo, e coorientada pelo pesquisador Dr. Fillipe do Carmo.

A Dra. Bárbara Cordeiro explicou que a pesquisa surgiu do interesse em desenvolver soluções práticas, alinhado aos objetivos do PPGIT: “Ele tem foco na proposição de soluções, o que nos incentiva a desenvolver produtos, patentes e propriedade intelectual, ou seja, soluções para fora dos muros da universidade”. A aproximação com o campo das bactérias probióticas – benéficas, elas vivem no intestino e melhoram a saúde geral do organismo, gerando benefícios como facilitar a digestão e a absorção de nutrientes e fortalecer o sistema imunológico – deu-se ainda no mestrado, também em Inovação Biofarmacêutica e Biotecnológica. Na ocasião, a Dra. Bárbara conheceu o trabalho do professor Dr. Vasco Azevedo, referência na área, e do então doutorando Filipe do Carmo, recém-chegado da França, que trazia algumas bactérias com potencial probiótico obtidas por meio de colaboração com o Instituto Nacional de Pesquisa Agronômica da França (INRA). “Montamos esse projeto, que visava ao desenvolvimento de bebidas lácteas contendo bactérias probióticas para o tratamento de doenças intestinais”, salientou a pesquisaora. O intuito principal, à época, era o tratamento da mucosite, inflamação que pode ocorrer em toda a extensão do trato gastrointestinal, ocasionada pelo uso de quimioterápicos no tratamento de câncer.

A pesquisa de doutorado foi desdobramento natural do processo iniciado durante o mestrado no LGCM. “Começamos algumas colaborações com o professor Dr. Adriano da Cruz, do Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ), que buscava parceiros para desenvolver produtos funcionais. Foi aí que surgiu o projeto de doutorado, espécie de continuação do trabalho iniciado no mestrado. O modelo animal era outro, o produto era outro, as bactérias eram outras, mas a gente tinha um portfólio de produtos funcionais, com bebida probiótica que já funcionava, artigos científicos publicados e duas patentes”, relatou a bióloga.

Metodologia

Para testar o potencial do queijo contendo a bactéria L. lactis NCDO 2118 no tratamento da colite ulcerativa, a equipe do LGCM usou polímero sintético sulfato de sódio dextrano (DSS) para induzir a colite ulcerativa doença em camundongos. “Submetidos ao consumo do DSS, os animais desenvolviam a doença, e, concomitantemente, nós entrávamos com o tratamento com o queijo probiótico. Induzíamos a doença nos camundongos durante sete dias e, nesse período, dávamos a eles o produto probiótico”, relatou a pesquisadora.

Segundo a Dra. Bárbara Cordeiro, a ingestão simultânea do polímero e do queijo deveu-se ao fato da inflamação tratada ser uma doença recidiva, cujos sintomas podem reaparecer depois de determinado tempo de remissão. “Nossa intenção principal é tratar a crise: quando o paciente tiver os sintomas, a ideia é que ele consuma o queijo, a fim de diminuir as dores ocasionadas pela inflamação ou até mesmo encurtar o tempo dos sintomas.”

Todo esse processo experimental com o queijo minas frescal durou cerca de três anos, incluindo a repetição do processo, para efeitos estatísticos do modelo, e a realização das análises imunológicas, bioquímicas e de biologia molecular. O queijo era consumido por animais que haviam desenvolvido a colite ulcerativa e por camundongos saudáveis. “A gente incluiu os animais saudáveis tanto para controle experimental quanto para compreender o potencial preventivo do produto”, esclareceu a pesquisadora.

“Nosso grupo experimental de interesse era formado por animais doentes tratados com o queijo contendo a bactéria probiótica. No geral, eles apresentaram melhora significativa em todos os parâmetros da doença, por vezes se assemelhando, em alguns indicadores, aos padrões de um animal não doente”, explicou a Dra. Bárbara Coelho.

A pesquisa da Dra. Bárbara Cordeiro também propôs o desenvolvimento de outros dois queijos funcionais, o francês Emmental – apesar dos bons resultados, não houve continuidade, porque não se trata de um queijo de amplo consumo no Brasil – e o queijo prato, que não apresentou as características básicas necessárias para ser considerado um bom alimento funcional. Com os resultados positivos do uso do queijo minas frescal publicados, buscam-se agora empresas parceiras para a sequência do desenvolvimento do alimento funcional em larga escala.

Acesse a notícia completa na página da UFMG.

Fonte: Hugo Rafael, UFMG. Imagem: Pixabay, arte.

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