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Estudo mostra que controlar obesidade, diabetes e hipertensão pode reduzir significativamente os casos de demência

Pesquisadores analisaram dados de 3.332 pessoas, de acordo com o sexo e nas faixas etárias de 45 a 64 anos e acima de 65 anos

Freepik

Fonte

Universidade do Chile

Data

segunda-feira, 16 maio 2022 14:00

Áreas

Nutrição Clínica. Nutrição Coletividades. Saúde Pública

Equipe de especialistas da Faculdade de Medicina da Universidade do Chile analisou os dados de 3.332 pessoas, estratificando sua análise por sexo e em duas faixas etárias: de 45 a 64 anos e acima de 65 anos. “Poderíamos dizer que 45% das demências que ocorrerão nos próximos 20 anos entre pessoas com mais de 45 anos poderiam ser prevenidas se esses nove fatores de risco fossem controlados”, que são escolaridade, hipertensão, índice de massa corporal, nível de atividade física, álcool e tabagismo, além da presença ou não de diabetes, sintomas depressivos e queixas auditivas.

Os resultados apresentados são do estudo ‘Fração atribuível à população de fatores de risco modificáveis ​​para demência no Chile’, realizado pelos pesquisadores Dr. Pedro Zitko, da Faculdade de Saúde Pública da Faculdade de Medicina, e Dra. Andrea Slachevsky, Dra. Consuelo San Martín e Dra. Carolina Delgado, do Departamento de Neurociências, juntamente com o professor Dr. Rodrigo Vergara, da Universidade Metropolitana de Ciências da Educação, foi publicado recentemente na revista científica Alzheimer’s & Dementia: Diagnosis, Assessment & Disease Monitoring, da Alzheimer’s Association.

Segundo a Dra. Delgado, que também pertence ao Departamento de Neurologia e Neurocirurgia do Hospital Universitário do Chile, “os países do Hemisfério Norte realizaram extensas pesquisas analisando quais fatores de risco modificáveis ​​e não modificáveis ​​afetam o risco de sofrer de alguns tipo de demência, seja Alzheimer ou outras. Com base nesses algoritmos e nos dados públicos oferecidos pela Pesquisa Nacional de Saúde realizada [em espanhol ENS] em 2017, realizamos este estudo, com o objetivo de ver os fatores de risco associados aos casos de demência projetados para os próximos 20 anos em pessoas com 45 anos em nosso país”.

Nesse sentido, a pesquisadora explicou que analisaram os dados da ENS em relação a nove fatores de risco modificáveis: escolaridade, hipertensão -especificamente pressão arterial sistólica-; índice de massa corporal, nível de atividade física, consumo de álcool e tabaco, além da presença ou não de diabetes, sintomas depressivos e, por último, queixas auditivas; ou seja, que a pessoa perceba que ouve pouco.

“Pudemos perceber que os fatores de risco cardiovascular –obesidade, diabetes e hipertensão-, aqueles que aumentam o risco de ter doenças cardíacas ou cerebrais, são muito maiores no Chile do que o detectado em outros países. A perda auditiva, por outro lado, sendo também importante, apareceu em um nível semelhante ao que ocorre no exterior”, explicou a pesquisadora.

Como esses fatores afetam a possibilidade de desenvolver demência?

Os fatores de risco cardiovascular produzem deterioração vascular cerebral; o excesso de gordura no sangue ou o aumento de certos hormônios como a insulina podem causar lesões como pequenos ataques cardíacos ou alterações no metabolismo de neurônios e células gliais que podem levar a danos vasculares e aumentar o risco de Alzheimer. A perda auditiva também pode causar alterações cerebrais que aumentam o risco de demência.

Nesse sentido a Dra. Delgado acrescentou que “em países em desenvolvimento como o Chile, alguns fatores de risco cardiovascular em declínio, exceto obesidade e diabetes, que aumentaram na última década, devido a um padrão de alimentação pouco saudável e atividade física reduzida,  o que aumenta a possibilidade de ter hipertensão”.

As mulheres correm maior risco do que os homens

Na pesquisa, foram analisados os dados de 3.332 pessoas, estratificando sua análise por sexo e em duas faixas etárias: de 45 a 64 anos e acima de 65 anos. Assim, “podemos dizer que 45% das demências que ocorrerão nos próximos 20 anos entre pessoas com mais de 45 anos poderiam ser evitadas se esses nove fatores de risco fossem controlados”. Desses fatores, os mais prevalentes são baixa escolaridade, hipertensão arterial, deficiência auditiva e obesidade. “As mulheres apresentam um risco médio de 50,7% de desenvolver demência no futuro, valor superior ao dos homens, que é de 40,2%, porque têm menos atividade física e maior prevalência de depressão”, acrescentou a pesquisadora.

Aprofundando-se nesses fatores, a Dra. Delgado explicou que, embora possam ser modificados, existem lacunas que devem ser levadas em consideração, como a acessibilidade aos aparelhos auditivos no caso de pessoas com algum grau de perda auditiva, já que estão disponíveis no sistema de saúde apenas para maiores de 65 anos; “Ou que muitas pessoas não vão ao médico para medir a pressão porque não apresentam sintomas. Estratégias devem ser buscadas para aproximar esse conhecimento e melhorar o acesso da população em geral, para que a saúde esteja mais próxima das pessoas”.

Impacto da mudança de fatores de risco

Outra pesquisa que está sendo realizada por esta equipe, em conjunto com acadêmicos de outras unidades da Universidade do Chile e instituições externas, visa aprofundar a importância de modificar esses fatores de risco. É o caso do estudo LatAm FINGERS ou “Latin American Lifestyle Intervention Initiative to Prevent Cognitive Impairment”, que é um projeto regional multicêntrico internacional para a prevenção do comprometimento cognitivo e da demência por meio da promoção de um estilo de vida saudável.

“É baseado no estudo FINGER, que envolveu 1.200 finlandeses entre 60 e 77 anos, organizados em um grupo de intervenção e um grupo de controle. O grupo intervencionado foi estimulado por dois anos a fazer exercícios três ou mais vezes por semana, uma alimentação saudável, controle de fatores de risco cardiovascular e estimulação cognitiva, graças ao qual uma série de variáveis ​​cognitivas melhoraram significativamente, o que resultou em menos eventos cerebrais e cardiovasculares ao longo do tempo. É o estudo com mais evidências de que a demência e outras patologias do idoso podem ser prevenidas”, relata a pesquisadora.

Em nosso continente, a iniciativa reúne Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Equador, México, Peru, Porto Rico, República Dominicana e Uruguai, como parte do “World-Wide FINGERS“, e seu principal objetivo é gerar evidências na população latino-americana, para a implementação de intervenções preventivas para grupos em risco de deterioração cognitiva. “Neste estudo, será avaliado o efeito de uma intervenção sistemática no estilo de vida, como foi feito na Finlândia, para o qual serão recrutados 100 participantes com idades entre 60 e 77 anos, para serem avaliados na linha de base e duas vezes por ano, o que está sendo realizado no Hospital de Clínicas da Universidade do Chile, com profissionais especialistas dos departamentos de Neurologia e Neurocirurgia, Medicina Física e Reabilitação e Medicina Interna.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade do Chile (em espanhol).

Fonte: Cecilia Valenzuela León, Universidade do Chile. Imagem: Freepik.

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