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Pesquisadores confirmam potencial do gengibre no combate a bactérias multirresistentes

Gengibre é empregado em diversos tipos de preparo, como especiaria, conserva, chá, sob a forma fresca, seca, em pó, entre tantas outras aplicações

Freepik

Fonte

UFGD | Universidade Federal da Grande Dourados

Data

sexta-feira, 1 julho 2022 17:05

Áreas

Biotecnologia. Ciência e Tecnologia de Alimentos. Engenharia de Alimentos. Fitoterapia. Nutrição Coletividades

Muito difundido entre praticamente todas as culturas, o gengibre (Zingiber officinale) é uma planta originária do continente asiático, cujo caule – sim, sua parte usualmente consumida se trata de um rizoma e não de uma raiz – é empregado em diversos tipos de preparo, como especiaria, conserva, chá, sob a forma fresca, seca, em pó, entre tantas outras aplicações. No entanto, um de seus usos mais conhecidos é no tratamento caseiro dos sintomas de gripes, tosses e resfriados.

Já em um recorte científico, o gengibre é objeto de estudos mundo afora, principalmente para a investigação de suas propriedades antioxidantes, termogênicas, anti-inflamatórias, analgésicas e antimicrobianas. E é com base nesse último potencial da planta que um grupo de pesquisa de Dourados vem desenvolvendo estudos voltados a relacionar o uso do gengibre, na forma de óleo, e o tratamento de bactérias hospitalares multirresistentes.

Coordenado pela professora Dra. Simone Simionatto da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), da Faculdade de Ciências Biológicas e Ambientais (FCBA), o trabalho conta com parcerias com a Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) – Campus Naviraí e o Centro Universitário da Grande Dourados (Unigran), resultando, recentemente,  publicado na revista científica ScienceDirect.

Sob o título “Zingiber officinale Roscoe essential oil: An alternative strategy in the development of novel antimicrobial agents against MDR bacteria” – em tradução livre, “Óleo essencial Zingiber officinale Roscoe: Uma estratégia alternativa no desenvolvimento de novos agentes antimicrobianos contra bactéria multirresistente” –, o texto aborda o trabalho realizado para a caracterização dos componentes de um óleo essencial de gengibre produzido pelo grupo e que foi testado contra bactérias resistentes a todos os tipos de antibióticos disponíveis.

A pesquisa, inclusive, integra o tema da tese da doutoranda Marcia Soares Mattos Vaz, orientada pela professora Dra. Simone no Programa de Pós-graduação da Faculdade de Ciências da Saúde da UFGD. Além da pós-graduanda e da docente, participam do estudo e assinam o artigo os pesquisadores Dr. Euclésio Simionatto, Eduardo João Coutinho e Maiara Viviane Oliveira dos Santos, da UEMS, Dr. Thiago Leite Fraga e Gustavo Gomes de Oliveira, da Unigran, e Gleyce Hellen de Almeida de Souza, da UFGD.

Óleo de gengibre 

O estudo em questão se deu a partir da produção de um óleo essencial de gengibre, desenvolvido em uma etapa anterior do trabalho. A partir dele, o grupo passou a fazer experimentos para identificar e caracterizar os componentes do produto e, ainda, para testar sua eficácia contra bactérias multirresistentes isoladas de pacientes internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) de hospitais de Mato Grosso do Sul.

Caracterizadas também tais bactérias em fases anteriores da pesquisa, pôde-se constatar que se tratam de microrganismos causadores de infecções de difícil tratamento, resistentes aos antibióticos hoje existentes no mercado farmacêutico. Dessa forma, o óleo foi testado tanto in vitro (por meio de culturas celulares, isoladamente), quanto in vivo (em camundongos), para a verificação de seu potencial na inibição do crescimento das bactérias.

No teste in vitro, o grupo verificou que o óleo causou a lise da bactéria, ou seja, a destruição ou a dissolução do microrganismo, o que foi confirmado nos experimentos in vivo, feitos com camundongos. “No animal, induzimos um processo de infecção, fizemos o tratamento com o óleo e observamos que realmente ele é capaz de controlar o processo infeccioso dos camundongos”, explanou a docente Dra. Simone Simionatto.

A pesquisadora explicou que esse trabalho é o primeiro passo na descoberta de um novo composto que possa ter uma atividade antimicrobiana eficaz. “Muitos outros estudos ainda são necessários para que possamos ter um candidato ao desenvolvimento de um novo antibiótico”, disse a professora, que vem atuando no estudo de bactérias multirresistentes há quase dez anos.

A próxima etapa será a análise de cada componente do óleo, de forma isolada. “Precisamos verificar qual é o papel de cada um deles para identificar qual ou quais deles ou que associação entre esses componentes possuem atividade antimicrobiana. Feito isso, partiremos para testes em mais bactérias”, contou Simone.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da UFGD.

Fonte: ACS-UFGD. Imagem: Freepik.

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