Notícia

Jejum intermitente “24 por 24” horas aumenta risco de diabete em ratos

Diminuição da resposta à insulina foi um dos efeitos negativos do protocolo com 24 horas de jejum e 24 de alimentação, oferecido por três meses

Cecília Bastos / USP Imagens

Fonte

 Jornal USP - ICB USP| jornal da Universidade de São Paulo - Instituto de Ciências Biológicas 

Data

sexta-feira, 8 junho 2018 10:00

Áreas

Nutrição Clínica. Nutrição Coletividades

Pesquisa do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP constatou efeitos negativos no organismo de ratos tratados com um protocolo de jejum intermitente, em que os animais ficaram 24 horas sem comer e 24 horas com alimentação à vontade, pelo período de três meses. Ao final do experimento, apesar de os animais tratados com o protocolo apresentarem peso menor comparado ao grupo controle, os pesquisadores observaram vários efeitos negativos que indicam aumento de risco para diabete tipo 2.

Os efeitos negativos constatados foram: aumento dos radicais livres e da secreção de insulina no pâncreas [um sintoma clássico da resistência à insulina], diminuição da ilhota pancreática [estrutura celular que secreta a insulina], diminuição periférica da resposta à insulina, grande aumento da dimensão do estômago, redução da massa magra, aumento da quantidade de gordura geral [inclusive a visceral], além de prejuízos no crescimentos dos animais”, conta a autora do estudo, a bióloga Ana Cláudia Munhoz Bonassa, que pesquisa o tema em sua tese de doutorado.

O estudo é realizado no Laboratório de Fisiologia da Secreção de Insulina do ICB, sob a orientação do Prof. Dr.  Angelo Rafael Carpinelli. Os resultados da pesquisa foram apresentados, na última semana, no Congresso Europeu de Endocrinologia, realizado na Espanha.

Para a pesquisadora, os achados obtidos servem de alerta para possíveis riscos da dieta de jejum intermitente no modelo estudado. “Outros estudos ainda são necessários, principalmente em humanos e de longo prazo, para entender melhor os resultados que obtivemos, se eles são decorrentes do fato de os animais serem jovens, ou se é devido a esse modelo de jejum intermitente, e verificar se isso se repete em seres humanos”, pondera Ana Cláudia.

Os animais utilizados no estudo estavam desmamados, com 30 dias de idade, ainda em fase de crescimento, não tendo atingido a idade adulta. Ao final dos três meses, foram realizados testes de glicemia, de análise do tecido adiposo, de tolerância à glicose e à insulina, e a absortometria radiológica de dupla energia, espécie de raio x que mostra a composição corporal. Posteriormente, os pesquisadores fizeram a coleta de tecidos do pâncreas, músculos, gordura e fígado para diferente análises.

Na média, os animais tratados se alimentaram menos quando comparados ao grupo controle. Entretanto, no dia em que eram alimentados, principalmente na primeira hora, comiam excessivamente: cerca de 65% a mais. O peso final do grupo controle foi de 264 gramas; já o grupo tratado teve peso médio de 215 gramas.

Muitos protocolos, necessidade de mais estudos

A bióloga conta que, atualmente, existem vários protocolos de jejum intermitente sendo usados por muitas pessoas como forma de manter e perder peso. Nesses protocolos, há variados períodos de intercalação de jejum com outros de alimentação. Pode-se, por exemplo, comer durante um período do dia e não comer no outro, ou fazer jejum apenas em dois dias na semana e se alimentar normalmente nos outros (conhecido como 5 x 2). E a duração do jejum também pode variar: 12, 14, 16 ou 18 horas, etc. Ou seja, há uma infinidade de modelos.

Ana Cláudia comenta que vários fatores podem interferir nos resultados, como o período do dia em que o jejum está sendo feito, as características pessoais de quem faz o jejum, se é um animal noturno ou diurno (no caso de pesquisa em animais), entre outros fatores. “Atualmente não há consenso entre a comunidade científica sobre o jejum intermitente. Há estudos em humanos e em animais mostrando benefícios, como efeitos neuroprotetores, enquanto outras pesquisas mostram exatamente o contrário: efeitos neurotóxicos. Por isso, são necessários mais estudos randomizados e de longo prazo, principalmente em humanos”, alerta.

Acesse a notícia completa na página do Jornal USP

Fonte: Valéria, Dias, USP. Imagem: Cecília Bastos / USP Imagens

 

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