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Farinha de mandioca enriquecida tem alta biodisponibilidade de ferro

A farinha de mandioca enriquecida contém três vezes mais ferro que outros alimentos vegetais. A tecnologia pode beneficiar pessoas em dietas deficientes ou sem carne

Pixabay, arte

Fonte

Jornal da Unicamp 

Data

terça-feira, 21 dezembro 2021 06:00

Áreas

Biotecnologia. Ciência e Tecnologia de Alimentos. Engenharia de Alimentos. Nutrição Coletividades. Saúde Pública

A mandioca é um alimento muito popular no Brasil. Contudo, parte do tubérculo costuma ser descartada pelos produtores como resíduo. Para agregar valor a este alimento tão presente na mesa dos brasileiros, pesquisadores desenvolveram uma tecnologia para enriquecer as folhas de mandioca. O estudo teve a participação de pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), do Instituto Agronômico (IAC), da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), e de um pesquisador independente. O resultado é uma farinha rica em ferro, com finalidade nutritiva, capaz de reduzir uma das deficiências de minerais mais frequentes na população adulta e infantil.

“Essa tecnologia enriquece a folha da mandioca e faz com que o alimento ofereça uma biodisponibilidade de ferro quase três vezes maior em comparação a outros alimentos vegetais”, explica o Dr. Mário Maróstica, pesquisador da Unicamp e responsável pela tecnologia.

O processo de biofortificação das folhas secas da mandioca utiliza apenas três matérias-primas, a mandioca, uma fonte de ferro e água. Isso permite a qualquer produtor gerar a farinha enriquecida com ferro dentro de uma cooperativa e comercializá-la, seja como produto final para o consumidor ou na forma bruta para indústrias de alimentos.

A tecnologia teve pedido de patente depositado pela Agência de Inovação Inova Unicamp no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) e está disponível para licenciamento pelo setor privado e público. “Focamos no desenvolvimento de um produto de fácil aplicação industrial. Além disso, a farinha biofortificada é um alimento seco, menos suscetível à contaminação microbiana, e com longa durabilidade” colocou o Dr. Maróstica.

Farinha de mandioca como alternativa para minimizar os efeitos da fome oculta

Fome oculta é a carência de micronutrientes (vitaminas e minerais) essenciais para processos básicos do corpo humano. A anemia ferropriva é uma das carências nutricionais mais reportadas no mundo, podendo resultar em problemas cognitivos e de crescimento, baixo rendimento escolar e profissional. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a fome oculta afeta uma em cada quatro pessoas.

É necessário que as pessoas possam se alimentar bem todos os dias para manterem uma dieta saudável. No entanto, 25% da população mundial se encontra em situação de vulnerabilidade nutricional. Ao analisar o consumo de ferro na população, uma pesquisa feita no país concluiu que uma em cada três crianças brasileiras sofre de anemia ferropriva, correspondendo a 20% do público infantil do Brasil. “Quando oferecemos um alimento rico em ferro, conseguimos melhorar a alimentação do indivíduo que não consome carne ou que não pode consumir carne suficiente naquele dia”, afirmou o pesquisador.

Outros benefícios da farinha

O processo de biofortificação de ferro na folha seca da mandioca também aumentou a biodisponibilidade de proteínas do alimento. “Após o processo de enriquecimento, a disponibilidade de proteínas na folha seca da mandioca aumentou. Não a quantidade presente no alimento, mas sua biodisponibilidade. Em outras palavras, o consumidor dessa farinha terá uma maior absorção de proteína em comparação a um alimento não tratado”, explicou o Dr.  Maróstica.

Outro aspecto que o pesquisador destacou no processo de biofortificação da folha da mandioca é o fato da tecnologia não envolver melhoramento genético, isto é, o alimento não se caracteriza como transgênico. “Muitas pessoas são relutantes quanto ao consumo de alimentos transgênicos, mas nosso processo não produz qualquer alteração genética no alimento”, reforçou o pesquisador.

O público esperado desse alimento é diverso: pessoas carentes de recursos financeiros para manter uma alimentação balanceada, os que buscam fontes alternativas de ferro e os adeptos da alimentação vegana ou vegetariana, que podem ser afetados pela baixa ingestão do mineral por não consumirem carne, maior fonte de ferro para o organismo. O setor agroindustrial também pode se beneficiar do produto para suplementação da alimentação animal.

Acesse a notícia completa na página da Unicamp.

Fonte: Caroline Roxo, Agência de Inovação Inova Unicamp.  Imagem: Pixabay, arte.

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