Notícia

Dieta rica em açúcar pode danificar o intestino, intensificando o risco de colite

Novo estudo aponta para o açúcar – particularmente a glicose encontrada no xarope de milho rico em frutose, cada vez mais usado para adoçar refrigerantes e outros alimentos – como o principal suspeito da doença inflamatória intestinal

Freepik

Fonte

Centro Médico Sudoeste da Universidade do Texas

Data

quinta-feira, 29 outubro 2020 14:30

Áreas

Camundongos alimentados com dietas ricas em açúcar desenvolveram colite – um tipo de doença inflamatória intestinal (DII) – mais intensa e, partir da análise do intestino grosso dos animais, pesquisadores encontraram mais bactérias que podem danificar a camada protetora de muco do intestino.

“A colite é um grande problema de saúde pública nos EUA e em outros países ocidentais. Isso é muito importante do ponto de vista da saúde pública.” disse o Dr.Hasan Zaki, professor de patologia do Centro Médico Sudoeste da Universidade do Texas, nos Estados Unidos, que liderou estudo publicado na revista científica Science Translational Medicine.

A colite pode causar diarreia persistente, dor abdominal e sangramento retal. O número de adultos americanos que sofrem de DII (que inclui a doença de Crohn) saltou de 2 milhões em 1999 para 3 milhões em 2015, de acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças. Além disso, a colite está começando a aparecer em crianças, “que historicamente não sofriam dela”, destacou o Dr. Zaki.

Por causa da prevalência muito maior da doença nos países ocidentais, os pesquisadores consideraram a dieta de estilo ocidental – rica em gordura, açúcar e proteína animal – como um possível fator de risco. Embora as dietas ricas em gordura possam desencadear a DII, o papel do açúcar tem sido mais controverso, disse o pesquisador.

Este novo estudo aponta para o açúcar – particularmente a glicose encontrada no xarope de milho rico em frutose – como o principal suspeito. O xarope foi desenvolvido pela indústria de alimentos na década de 1960 e é cada vez mais usado para adoçar refrigerantes e outros alimentos. “A incidência de DII também aumentou nos países ocidentais, principalmente entre crianças, no mesmo período”, afirmou o estudo.

Os pesquisadores do Centro Médico Sudoeste da Universidade do Texas alimentaram animais com uma solução de água com uma concentração de 10% de vários açúcares da dieta – glicose, frutose e sacarose – por sete dias. Então, descobriram que os camundongos geneticamente predispostos a desenvolver colite, ou aqueles que receberam uma substância química que induz a colite, desenvolveram sintomas mais graves se receberem açúcar pela primeira vez.

Técnicas de sequenciamento de genes foram usadas pelos pesquisadores para identificar os tipos e a prevalência de bactérias encontradas no intestino grosso de camundongos antes e depois de receber as dietas com açúcar. Depois de sete dias, os animais alimentados com sacarose, frutose e especialmente glicose mostraram mudanças significativas na população microbiana no intestino, de acordo com o estudo.

Bactérias conhecidas por produzirem enzimas que degradam o muco, como a Akkermansia, foram encontradas em maior número, enquanto alguns outros tipos considerados boas bactérias e comumente encontradas no intestino, como Lactobacillus, tornaram-se menos abundantes.

Os pesquisadores observaram evidências de um estreitamento da camada de muco que protege o revestimento do intestino grosso, bem como sinais de infecção por outras bactérias. “A camada de muco protege o tecido da mucosa intestinal da infiltração da microbiota intestinal. A maior abundância de bactérias que degradam o muco, incluindo Akkermansia muciniphila e Bacteroides fragilis, em camundongos tratados com glicose é, portanto, um risco potencial para a barreira do muco intestinal”, explicou o pesquisador.

“Devido à erosão da camada de muco, as bactérias do intestino estavam em estreita proximidade com a camada epitelial do intestino grosso em camundongos tratados com glicose. O rompimento da barreira epitelial é o principal evento iniciador da inflamação intestinal”, completou o pesquisador.

Embora a glicose tenha o maior efeito, “todos os três açúcares simples alteraram profundamente a composição da microbiota intestinal. Nosso estudo mostra claramente que realmente devemos cuidar da alimentação”, concluiu o Dr. Hasan Zaki. Estudos anteriores mostraram que a microbiota intestinal de humanos e camundongos pode mudar rapidamente com uma mudança na dieta.

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Acesse a notícia completa na página do Centro Médico Sudoeste da Universidade do Texas  (em inglês).

Fonte: Comunicação, Centro Médico Sudoeste da Universidade do Texas. Imagem: Freepik.

Em suas publicações, o Canal Nutrição da Rede T4H tem o único objetivo de divulgação científica, tecnológica ou de informações comerciais para disseminar conhecimento. Nenhuma publicação do Canal Nutrição tem o objetivo de aconselhamento, diagnóstico, tratamento médico ou de substituição de qualquer profissional da área da saúde. Consulte sempre um profissional de saúde qualificado para a devida orientação, medicação ou tratamento, que seja compatível com suas necessidades específicas.

Os comentários constituem um espaço importante para a livre manifestação dos usuários, desde que  cadastrados no Canal Nutrição e que respeitem os Termos e Condições de Uso. Portanto, cada comentário é de responsabilidade exclusiva do usuário que o assina, não representando a opinião do Canal Nutrição, que pode retirar, sem prévio aviso, comentários postados que não estejam de acordo com estas regras.

Leia também

2024 nutrição t4h | Notícias, Conteúdos e Rede Profissional nas áreas de Alimentos, Alimentação, Saúde e Tecnologias

Entre em Contato

Enviando
ou

Fazer login com suas credenciais

ou    

Esqueceu sua senha?

ou

Create Account