Notícia

Aquaponia no semiárido

A aquaponia integra agricultura com aquicultura, produzindo pescado e vegetais, com a economia de água em torno de 70%, devido à recirculação no sistema

Cícero Oliveira Júnior, UFRN

Fonte

UFRN | Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Data

sábado, 22 junho 2019 13:35

Áreas

Agricultura. Agronomia. Aquicultura. Ciência e Tecnologia de Alimentos

Ao escolhermos nossa refeição, costumamos pensar nas questões nutricionais, buscando opções mais saudáveis, por exemplo. Contudo, a origem dos alimentos, como eles foram produzidos ou a forma como chegam à nossa mesa nem sempre entram nos nossos critérios de consumo. Esse contexto, aliado à superprodução e à exploração comercial, além da falta de regulamentação em alguns ramos alimentícios, vem trazendo desequilíbrios ao meio ambiente.

Segundo o Guia de Consumo Responsável de Pescado, da WWF-Brasil – organização não-governamental que integra o Fundo Mundial para a Natureza –, a sobrepesca e a falta de gestão pesqueira foram apontadas como os principais fatores para a redução do estoque e, consequentemente, para um possível colapso da atividade no Brasil. A pesca comercial é regida pela Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável da Aquicultura e da Pesca, que ordena sobre diversas modalidades como a artesanal (por pescador profissional, de forma autônoma ou em regime de economia familiar); industrial (por pessoa física ou jurídica e envolve pescadores profissionais, empregados ou em regime de parceria por cotas-partes); científica (para pesquisa); amadora (por finalidade de lazer ou desporto) e de subsistência (para consumo doméstico).

Outros dados destacados no estudo reforçam a possibilidade de uma crise na pesca, pois mostram que os pescadores necessitam navegar distâncias cada vez maiores para encontrar estoques economicamente viáveis. Além disso, 58% do pescado avaliado pelo WWF-Brasil não é recomendado para consumo e, por outro lado, somente 28% das espécies possuem alternativas com certificação, enquanto o consumidor não tem acesso à procedência da qualidade do que come.

Com a avaliação e indicação de consumo sobre 38 espécies de pescado, o guia aponta ainda ações para minimizar o impacto negativo, como a rastreabilidade e a utilização de selos de sustentabilidade, iniciativas que dependem de um movimento coletivo e do poder público. Na perspectiva de contribuir com ações sustentáveis e inovadoras de produção de alimentos oriundos da aquicultura e da agricultura, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) desenvolve o programa de extensão “Pescado na mesa: uma alternativa de produção sustentável para o semiárido”.

Fundamentada na garantia de acesso às tecnologias que viabilizem o melhor aproveitamento da água por meio de sistemas sustentáveis interligados, a extensão emprega na comunidade rural a técnica da aquaponia, baseada em sistemas multitróficos (resíduos alimentares reciclados como recursos), na utilização do extrato e da biomassa das macroalgas e no melhoramento e otimização da produção aquícola.

A aquaponia integra agricultura com aquicultura, produzindo pescado e vegetais, com a economia de água em torno de 70%, devido à recirculação no sistema. “A água fica presa e vai recirculando na estrutura dos canos. Então, ela não chega ao solo. Essa mesma água é para os peixes e para os vegetais orgânicos, pois não é preciso o uso de defensivos químicos ou agrotóxicos”, explica a coordenadora do “Pescado na mesa”, Dra. Virgínia Maria Cavalari Henriques, ao adicionar que os dejetos dos peixes servem de adubo para as plantas.

A produção de vegetais, peixe e camarão é sustentável, trazendo benefícios econômicos, sociais e culturais, por proporcionar alimentação, trabalho e fonte de renda para o produtor rural. “Para nossa região que tem calor, é preciso gerenciar a captação de água, por exemplo, desenvolvendo a cultura de armazenar a água da chuva. Também temos que utilizar outras ferramentas de agricultura, já que o solo é degradado pelas atividades do passado, como a mineração e o gado”.

Para que o sistema funcione perfeitamente, um critério essencial é a qualidade da água. Jerônimo Gomes Crisanto, 40 anos, é filho dos donos do sítio onde o programa é executado e faz a medição das propriedades da água com reagentes, os quais modificam a coloração da água, conforme a quantidade de amônia – quanto mais clara a cor, menos dejetos dos peixes na água. Contudo, ele lembra que ter a presença da substância não é negativo, visto que as hortaliças se nutrem do componente químico.

“Só o fato de ter amônia não é um indicativo ruim, ao contrário, visto que o subproduto da amônia é o nitrito e seu subproduto será o nitrato, que é a forma do nitrogênio que a planta consegue absorver”, explica o aluno de Engenharia de Aquicultura, Dalmo Múcio Silva dos Santos.

O estudante mostra que outra vantagem da aquaponia é a economia de energia porque o sistema funciona à base da gravidade, ou seja, a água chega ao tanque do peixe por meio de uma bomba elétrica. Após alcançar um nível exato de água, a movimentação segue o fluxo proporcionando a ida das fezes e dos restos de ração dos animais para o decantador, que segue para o biofiltro e converte amônia em nitrito e nitrato.

Acesse a notícia completa na página da UFRN.

Fonte: Williane Silva, ASCOM, Reitoria-UFRN.  Imagem: Cícero Oliveira Júnior, UFRN.

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