Notícia

O gengibre contém substâncias com propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias e antimicrobianas

Substâncias presentes no gengibre podem favorecer a saúde e contribuir para o bom funcionamento dos órgãos ou até no combate a doenças

 

Pixabay

Fonte

Revista Foods  

Data

segunda-feira, 24 junho 2019 15:40

Áreas

Gastronomia. Nutrição Clínica. Nutrição Coletividades. Nutrição Funcional

O gengibre (Zingiber officinale Roscoe), pertencente à família Zingiberaceae e ao gênero Zingiber, é consumido há muito tempo como especiaria e fitoterápico. A raiz de gengibre é usada para atenuar e tratar várias doenças comuns, como dores de cabeça, resfriados, náuseas e vômitos. Muitos compostos bioativos no gengibre foram identificados, como compostos fenólicos e terpenos.

Nos últimos anos, descobriu-se que o gengibre possui atividades biológicas, como as atividades antioxidante, anti-inflamatória, antimicrobiana e anticancerígena. Além disso, estudos demonstraram que o gengibre possui o potencial de prevenir e administrar várias doenças, como doenças neurodegenerativas, doenças cardiovasculares, obesidade, diabetes mellitus, náuseas induzidas por quimioterapia e distúrbios respiratórios.

Um estudo de revisão da literatura publicado recentemente na revista científica Foods por pesquisadores chineses e canadenses destacou a bioatividade e os compostos bioativos do gengibre. A seguir, um resumo das principais ações do gengibre, relatadas no artigo:

1 – Ação anti-inflamatória

Uma série de estudos mostrou que o gengibre e seus componentes ativos possuem atividade anti-inflamatória, que pode proteger contra doenças relacionadas à inflamação, como a colite. Os efeitos anti-inflamatórios foram principalmente relacionados à fosfatidilinositol-3-quinase (PI3K), proteína quinase B (Akt) e ao fator nuclear kappa-enhancer da cadeia leve de células B ativadas (NF-κB).

Em geral, o gengibre e seus compostos ativos foram eficazes no alívio da inflamação, especialmente em doenças inflamatórias intestinais. Os mecanismos anti-inflamatórios do gengibre provavelmente estão associados à inibição da ativação de Akt e NF-kB, ao aumento das citocinas anti-inflamatórias e ao declínio de citocinas pró-inflamatórias. Notavelmente, a aplicação de nanopartículas de gengibre tem o potencial de melhorar a prevenção e a terapia da doença inflamatória intestinal.

2 – Ação antimicrobiana

A disseminação de doenças infecciosas bacterianas, fúngicas e virais tem sido uma grande ameaça pública devido à resistência antimicrobiana. Várias ervas e especiarias foram desenvolvidas em agentes antimicrobianos eficazes contra muitos microrganismos patogênicos. Nos últimos anos, o gengibre tem mostrado atividades antibacterianas, antifúngicas e antivirais.

A formação de biofilme é uma parte importante da infecção e resistência antimicrobiana. Estudo de 2017 descobriu que o gengibre inibiu o crescimento de uma linhagem multirresistente de Pseudomonas aeruginosa, afetando a integridade da membrana e inibindo a formação de biofilme.

A ação do gengibre pode inibir o crescimento de diferentes bactérias, fungos e vírus. Este efeito pode estar relacionado principalmente à supressão da formação de biofilme bacteriano, biossíntese do ergosterol e fixação e internalização viral.

3 – Citotoxicidade

Houve aproximadamente 9,6 milhões de óbitos por câncer em 2018. Vários trabalhos de pesquisa demonstraram que produtos naturais, como frutas e plantas medicinais, possuem atividade anticancerígena. Estudos experimentais demonstraram que o gengibre pode prevenir e tratar vários tipos de câncer, como câncer colo-retal, próstata, mama, cervical, de fígado e pâncreas. Os mecanismos de ação envolvem principalmente a indução de apoptose e a inibição da proliferação de células cancerígenas.

4 – Neuroproteção

Alguns indivíduos, especialmente os idosos, têm alto risco de doenças neurodegenerativas, como a doença de Alzheimer e a doença de Parkinson. Recentemente, muitas pesquisas revelaram que o gengibre afeta positivamente a função da memória e exibe atividade anti-neuro-inflamatória, o que pode contribuir para o manejo e prevenção de doenças neurodegenerativas.

Em um modelo de camundongo de Alzheimer induzida por placa amilóide 1-1-42, o gengibre fermentado melhorou o comprometimento da memória protegendo células neuronais em hipocampos de camundongos e aumentou os níveis de proteínas pré-sinápticas e pós-sinápticas. Além disso, o extrato de gengibre teve efeitos protetores contra o Alzheimer em camundongos e uma alta dose de extrato de gengibre diminuiu a latência sobre deficit de memória significativos, bem como os níveis de NF-κB, IL-1β e MDA.

Estudos descobriram que o gengibre e seus compostos bioativos, como 10-gingerol, 6-shogaol e 6-desidrogerodiona, exibiam efeitos protetores contra o Alzhemier e a Doença de Parkinson. As atividades antioxidante e anti-inflamatória do gengibre contribuíram para a neuroproteção.

5 – Proteção cardiovascular

As doenças cardiovasculares são consideradas uma das principais causas de morte prematura e causam cerca de 17,9 milhões de óbitos por ano. Sabe-se que a dislipidemia e a hipertensão são fatores de risco para doenças cardiovasculares, incluindo acidente vascular cerebral e doença coronariana. Uma série de estudos mostrou que o gengibre pode diminuir os níveis de lipídios no sangue e a pressão arterial, contribuindo para a proteção contra doenças cardiovasculares. Geralmente, o gengibre exibiu efeitos protetores cardiovasculares atenuando a hipertensão e melhorando a dislipidemia, como na melhora do HDL-C, CT, LDL, TG e VLDL.

6 – Atividade antiobesidade

A obesidade é um fator de risco para muitas doenças crônicas, como diabetes, hipertensão e doenças cardiovasculares. Vários estudos relataram que o gengibre é eficaz no manejo e prevenção da obesidade. O gengibre e seus constituintes bioativos, incluindo gingerenona A, 6-shogaol e 6-gingerol, mostraram atividade antiobesidade, com os mecanismos principalmente relacionados à inibição da adipogênese e ao aumento do catabolismo de ácidos graxos.

7 – Atividade Antidiabética

O diabetes mellitus é conhecido como um distúrbio metabólico grave causado pela deficiência de insulina e / ou resistência à insulina, resultando em um aumento anormal da glicose no sangue. A hiperglicemia prolongada pode acelerar a glicação proteica e a formação de produtos finais de glicação avançada (AGEs). Vários trabalhos de pesquisa avaliaram o efeito antidiabético do gengibre e seus principais constituintes ativos. Os estudos demonstraram que o gengibre e seus compostos bioativos poderiam proteger contra o diabetes mellitus e suas complicações, provavelmente diminuindo o nível de insulina, mas aumentando a sensibilidade à insulina.

8 – Anti náusea e atividades antieméticas

O gengibre tem sido tradicionalmente usado para tratar sintomas gastrointestinais e pesquisas recentes demonstraram que o gengibre pode efetivamente aliviar a náusea e vômitos.

Resultados de várias pesquisas mostram que o gengibre pode atenuar náuseas e vômitos induzidos pela gravidez e enjoo, enquanto estudos recentes destacam a eficácia preventiva do gengibre no pós-operatório e em náuseas e vômitos induzidos pela quimioterapia.

9 – Efeitos protetores contra distúrbios respiratórios

Os fitoterápicos naturais têm uma longa história de aplicação no tratamento de distúrbios respiratórios como a asma e o gengibre é um desses remédios. Gengibre e seus compostos bioativos exibiram atividade broncodilatadora e anti-hiperatividade em vários estudos.

Resultados de pesquisa indicam que o gengibre e seus constituintes bioativos, incluindo 6-gingerol, 8-gingerol, 6-shogaol, citral e eucaliptol, têm efeitos protetores contra distúrbios respiratórios, pelo menos mediando-os através da indução de relaxamento na musculatura lisa das vias aéreas e atenuação da resistência das vias aéreas e inflamação.

10 – Outras bioatividades do gengibre

Além das bioatividades mencionadas o gengibre tem outros efeitos benéficos, como efeitos hepatoprotetores e antialérgicos.

Conclusão dos autores do artigo

O gengibre contém diversos compostos bioativos, como gingerol, shogaol e paradol, e possui múltiplas bioatividades, como propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias e antimicrobianas. Além disso, o gengibre tem potencial para ser o ingrediente de alimentos funcionais ou nutracêuticos e pode estar disponível para o manejo e prevenção de diversas doenças como câncer, doenças cardiovasculares, diabetes mellitus, obesidade e doenças neurodegenerativas. No futuro, mais compostos bioativos do gengibre podem ser isolados e claramente identificados, e suas atividades biológicas e mecanismos de ação relacionados devem ser mais investigados. De qualquer forma, ensaios clínicos planejados de gengibre e seus vários compostos bioativos são necessários para comprovar sua eficácia contra essas doenças em seres humanos.

Acesse a notícia completa na página da revista Foods (em inglês).

Fonte: Revista Foods.  Imagem: Pixabay.

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