Notícia
Alimentação pode reduzir dor de cabeça e enxaqueca?
Dietas para perda de peso e dietas cetogênicas ou de baixo índice glicêmico, com a redução do ômega-6 e o aumento da ingestão de ácidos graxos ômega-3 podem ser estratégias para a redução da dor de cabeça
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Fonte
Revista Headache and Pain
Data
sexta-feira, 15 novembro 2019 15:55
Áreas
Nutrição Clínica. Nutrição Coletividades. Nutrição Funcional. Saúde Pública
Pesquisadores associados à Escola de Estudos Avançados da Federação Europeia de Dor de Cabeça realizaram um estudo de revisão sobre a correlação entre dieta e dor de cabeça ou enxaqueca. Os resultados foram publicados no último dia 14 de novembro na revista científica Headache and Pain.
Os especialistas estimam que a enxaqueca ou dor de cabeça primária – considerada como a maior contribuinte para a incapacidade da população com menos de 50 anos de idade – tenha atingido cerca de 14,4% da população mundial em 2016. As mulheres são afetadas pela enxaqueca duas ou três vezes mais que os homens e também sofrem ataques mais incapacitantes e mais graves, com maior duração e risco de dores de cabeça recorrentes.
Com base no número de dias de dor de cabeça em um mês, a enxaqueca pode ser classificada em:
- enxaqueca episódica: menos de 15 dias de dor de cabeça/mês
- enxaqueca crônica: 15 dias ou mais de dor de cabeça/mês, com características de enxaqueca em pelo menos 8 dias/mês.
De acordo com o estudo, diferentes intervenções nutricionais podem ser eficazes contra a enxaqueca e os sintomas associados. São relatados diferentes tipos de dietas que podem atenuar a enxaqueca:
- Dieta cetogênica – rica em lipídios, moderada em proteínas e pobre em carboidratos – e a dieta modificada de Atkins, com quantidades maiores de carboidratos e proteínas em relação à dieta cetogênica. Estas dietas podem desempenhar papel na neuroproteção, função mitocondrial e metabolismo energético, compensando a disfunção serotoninérgica, diminuindo o nível do peptídeo relacionado ao gene da calcitonina, suprimindo a neuroinflamação e a despolarização disseminada, que podem estar envolvidos na fisiopatologia da enxaqueca.
- Dieta de baixo índice glicêmico, com a ingestão diária de carboidratos restrita a 40-60 g com um índice glicêmico (IG) inferior a 50 em relação à glicose, e com limitação do consumo de pão branco, açúcar, chocolate, doces, arroz, batata, milho, geleias, mel, melaço, sucos de frutas prontos, bebidas açucaradas com carboidratos, melancia e melão. A prescrição de dieta com baixo índice glicêmico pode ser promissora no controle da dor de cabeça/enxaqueca, atenuando o estado inflamatório. Além disso, obesidade e dores de cabeça, especialmente enxaqueca, podem ser atribuídas à inflamação e à função hipotalâmica irregular. Assim, a aplicação de estratégias alimentares para perda de peso também pode melhorar a dor de cabeça/enxaqueca.
- Dieta de eliminação – que consiste em eliminar certos tipos de alimentos e bebidas que podem desencadear ataques de dor de cabeça, como queijo, chocolate, frutas cítricas, álcool, café, tomate, produtos fermentados e vinho tinto. Segundo especialistas da Clínica Cleveland, nos Estados Unidos, para descobrir os alimentos que podem ser gatilhos para a dor de cabeça é importante rastrear os alimentos e bebidas consumidos e anotar em um diário. Considerar a sensibilidade a um determinado alimento ou bebida caso sinta dor de cabeça de forma consistente 20 minutos a 2 horas depois de ingerir esse alimento. Mas rastrear a alimentação e descobrir quais alimentos e bebidas podem desencadear a dor de cabeça não é uma tarefa tão simples. É realmente o alimento ou bebida que está causando sua dor de cabeça ou é um dos muitos ingredientes ou produtos químicos presentes nestes alimentos? Muitos ingredientes contêm produtos químicos como nitratos, nitritos, feniletilamina, sulfitos, taninos, tiramina, salicilatos, aspartato, adição de açúcar, álcool, cafeína, glúten, glutamato e capsaicina, entre outros.
- Outra importante intervenção dietética que pode ser eficaz na melhora da dor de cabeça/enxaqueca está relacionada ao equilíbrio entre a ingestão de ácidos graxos essenciais, ômega-6 e ômega-3. Essas abordagens alimentares podem afetar as respostas inflamatórias, a função plaquetária e a regulação do tônus vascular.
Segundo o estudo, como em algumas publicações não foi possível diferenciar dor de cabeça e enxaqueca e, por haver uma escassez de ensaios clínicos randomizados controlados rigorosos no campo da dieta e enxaqueca, os resultados da revisão devem ser concluídos por estudos futuros. Em conjunto, as abordagens alimentares que poderiam ser consideradas estratégias eficazes na profilaxia da dor de cabeça/enxaqueca incluem dietas para perda de peso e dietas cetogênicas ou de baixo índice glicêmico, com a redução do ômega-6 e o aumento da ingestão de ácidos graxos ômega-3.
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Fonte: Revista Headache and Pain. Imagem: Freepik.
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