Notícia

A relação da nutrição com o câncer de mama

Estudo apresenta resultados para saúde e bem-estar de mulheres que passam por quimioterapia e/ou hormonioterapia

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Fonte

UFU | Universidade Federal de Uberlândia

Data

quinta-feira, 31 outubro 2019 12:05

Áreas

Nutrição Clínica. Saúde Pública

Estamos no mês de conscientização sobre prevenção e tratamento do câncer de mama no Brasil, o “Outubro Rosa”. Segundo o Ministério da Saúde, 16.724 brasileiras morreram em virtude do câncer de mama em 2017. Para o ano de 2019, o Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima quase 60 mil novos casos da doença.

O câncer é a denominação dada a um grupo de mais de 100 doenças que têm em comum o crescimento descontrolado de células que invadem tecidos e órgãos de maneira agressiva, podendo gerar tumores que podem se espalhar por outras regiões do corpo. Grupos de pesquisa como o de Biologia Molecular e Nutrição (BioNut) tem realizado, na Universidade Federal de Uberlândia (UFU), pesquisas que visam a preencher lacunas no conhecimento e que possam refletir em melhorias na qualidade de vida e sobrevida das mulheres com câncer de mama submetidas aos diferentes tipos de tratamentos.

Os trabalhos do BioNut são coordenados pela professora Dra. Yara Cristina de Paiva Maia, do curso de Nutrição na Faculdade de Medicina (Famed/UFU) e dos programas de pós-graduação em Genética e Bioquímica (PPGGB) e em Ciências da Saúde (PPCSA).

As relações entre o câncer e a alimentação

O BioNut realiza, desde 2011, pesquisas voltadas ao estudo do câncer com enfoque na Nutrição e na Biologia Molecular. Entre 2014 e 2015, a equipe desenvolveu projetos de pesquisa a partir de um estudo com 55 mulheres diagnosticadas com câncer de mama e indicação de quimioterapia no Setor de Oncologia do Hospital de Clínicas de Uberlândia (HCU/UFU).

No estudo, intitulado “Sensações relacionadas à ingestão alimentar em pacientes oncológicos submetidos à quimioterapia”, foram acompanhadas mulheres durante um período entre quatro e seis meses, de acordo com o regime quimioterápico. As avaliações foram realizadas em três momentos diferentes da quimioterapia: após a administração do primeiro ciclo, após a administração do ciclo intermediário e após a administração do último ciclo.

Segundo a Dra. Maia, a pesquisa chegou a importantes resultados para a saúde e o bem-estar de mulheres diagnosticadas com câncer de mama que passaram ou ainda passarão por sessões de quimioterapia. Foi constatada, por exemplo, a piora da qualidade da dieta e do estado nutricional em pacientes durante o tratamento. Houve redução do consumo de frutas e vegetais, aumento do índice de massa corporal e de circunferência da cintura.

Os resultados também apontaram para efeitos adversos provocados pela quimioterapia nas relações com o alimento. A Dra. Maia relata que, “por ser um tratamento sistêmico, é frequente a ocorrência de efeitos adversos como vômito, boca seca, diarreia, constipação, os quais geram impacto na alimentação”. Ainda foram identificados outros sintomas, como náusea, alteração do paladar e do sentimento de prazer alimentar.

Até a relação individual do paciente com o alimento pode mudar. “O apetite geral ao longo do tratamento aumentou, mas alguns alimentos passaram a ser menos preferidos. Houve redução da preferência e a aversão por alguns grupos de alimentos, mas não necessariamente o consumo”, esclarece a professora.

Outro impacto refere-se ao apetite como indicador de qualidade de vida. As mulheres com maior capacidade de apreciar a refeição tiveram melhores funções social e perspectiva de vida. Quanto maior o relato de dor, maior o apetite por alimentos amargos e ricos em amido. Já o desejo pelo consumo de sucos aumentou à medida que os relatos de dor e fadiga eram maiores.

Durante o tratamento, a dieta também se tornou mais pró-inflamatória, ou seja, uma dieta que favorece a inflamação crônica. Isso esteve relacionado à redução do consumo de frutas e vegetais, bem como ao aumento do consumo de cereais e açúcares simples. As mulheres com maior gordura na região abdominal apresentaram também uma dieta mais pró-inflamatória.

Levando em consideração que o aumento desse perfil inflamatório apresentado na dieta foi causado pela modificação no consumo alimentar, as recomendações incentivam a adoção de uma dieta com qualidade nutricional adequada e mais anti-inflamatória. Os resultados dessa prática apontam para a melhoria do prognóstico do tratamento, a aceleração da recuperação da doença, redução do risco de reincidência da enfermidade e até do surgimento de outras doenças a partir da inflamação crônica.

As pacientes com câncer de mama que faziam um maior número de refeições ao longo do dia apresentaram melhor estado nutricional, com maior consumo de frutas, vegetais, leguminosas, cereais integrais e melhor qualidade da dieta total durante a quimioterapia. A adoção de uma dieta de melhor qualidade e um estado nutricional adequado são recomendados e incentivados nesse tratamento.

A pesquisa ainda indicou que o sobrepeso está associado a fatores antioxidantes e inflamatórios. As mulheres submetidas à quimioterapia também apresentaram perfil inflamatório plasmático distinto daquelas não submetidas ao tratamento. O perfil inflamatório plasmático é o nível de biomarcadores no sangue que sinalizam a inflamação.

A Dra. Maia destaca a importância do acompanhamento por profissionais de saúde, em especial o nutricionista, fornecendo orientações para que a alimentação e o estado nutricional se mantenham saudáveis, contribuindo para melhor recuperação, qualidade de vida e redução do risco de reincidência.

Do acompanhamento nutricional à hormonioterapia

A partir dos estudos nutricionais e dos resultados que foram obtidos, o BioNut desenvolveu outro projeto de pesquisa para analisar se os efeitos da quimioterapia continuariam presentes na fase de hormonioterapia, tratamento que frequentemente é indicado após a “quimio”. Intitulado “Relação entre os perfis nutricional, dietético e bioquímico e a presença de complicações advindas do uso de inibidores de aromatase em mulheres com câncer de mama: um estudo prospectivo”, o trabalho acompanhou mulheres com câncer de mama durante três anos, de 2016 a 2018, e também foi orientado pela professora Maia.

Acesse a notícia completa na página da UFU.

Fonte: João Pedro Rabelo, UFU.   Imagem: Freepik.

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