Notícia

Dieta pode influenciar evolução da esclerose múltipla

Bactérias intestinais operam como um órgão auto-suficiente, influenciando o sistema imunológico e o cérebro através de seus metabólitos

Pixabay

Fonte

Universidade Ruhr - Bochum

Data

quinta-feira, 19 março 2020 13:20

Áreas

Nutrição Clínica

O ácido propiônico – de ácidos graxos de cadeia curta – influencia a regulação imune mediada pelo intestino em pessoas com esclerose múltipla (EM). Isso foi demonstrado por uma equipe do Departamento de Neurologia da Universidade  Ruhr-Bochum (RUB), em um estudo internacional liderado pelo professor Dr. Aiden Haghikia. A aplicação de ácido propiônico em adição à medicação para EM reduziu a taxa de recidiva e o risco de progressão da incapacidade em longo prazo. Além disso, os estudos iniciais de ressonância magnética indicaram que o ácido propiônico pode reduzir a atrofia cerebral como um sinal de morte celular neuronal. Os resultados foram publicados na revista científica Cell.

Órgão auto-suficiente dentro do intestino

A microbiota intestinal, ou seja, toda a colonização bacteriana do intestino, desempenha um papel importante não apenas para o organismo saudável, mas sua associação com doenças crônicas, como a esclerose múltipla, foi recentemente reconhecida. Dentro do intestino, a interação entre os componentes da dieta, a microbiota, seus metabólitos e o sistema imunológico ocorre na parede intestinal. “É assim que as bactérias intestinais podem afetar direta e indiretamente estruturas anatomicamente distantes, como o cérebro”, explica o Dr. Aiden Haghikia. “Consequentemente, a microbiota intestinal age como um órgão endócrino auto-suficiente que interage com o meio ambiente.”

Ácidos graxos de cadeia curta podem suprimir reações inflamatórias

Neste estudo, os pesquisadores transferiram com sucesso para seus pacientes com EM os resultados mostrados anteriormente em cultura de células e no modelo experimental: ácidos graxos de cadeia curta, como o ácido propiônico ou seu sal propionato, aumentaram a diferenciação e a função das células T reguladoras no intestino. “Essas células interrompem processos inflamatórios excessivos e reduzem as células autoimunes em doenças autoimunes como a esclerose múltipla”, disse o professor Dr. Ralf Gold, diretor do Departamento de Neurologia do Hospital St. Josef, em Bochum, Alemanha.

No estudo, os pesquisadores mostraram que a composição da microbiota é alterada em pacientes com EM. Além disso, foi demonstrada uma deficiência de ácido propiônico nas fezes e soro de pacientes com EM, o que foi mais pronunciado nas fases iniciais da doença. Esses dados foram obtidos em colaboração com o Max Delbrück Center Berlin e o Instituto de Ciências Nutricionais da Universidade Martin Luther de Halle-Wittenberg.

Bactérias intestinais e as usinas de energia das células

Em colaboração com pesquisadores da Universidade Bar-Ilan, em Israel, que desenvolveram um modelo intestinal para a análise funcional da microbiota, verificou-se que as mudanças associadas ao propionato da microbiota intestinal desempenham um papel crucial na diferenciação de células reguladoras. O aumento da função dessas células deve-se à melhora na utilização de energia por meio de uma função alterada das mitocôndrias, como a equipe de pesquisa demonstrou em colaboração com o grupo de pesquisa em Biologia Celular Molecular da Faculdade de Medicina da RUB.

O intestino como alvo para futuras abordagens terapêuticas

Os ácidos graxos de cadeia curta representam apenas uma fração dos metabólitos das bactérias intestinais que são geradas a partir da dieta. “Mais pesquisas sobre esse órgão amplamente desconhecido e o conhecimento adquirido com ele nos permitirão desenvolver medidas dietéticas inovadoras para complementar, no futuro, a terapêutica conhecida até o momento”, concluiu o Dr. Aiden Haghikia.

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Acesse a notícia na página da Universidade Ruhr-Bochum (em inglês).

Fonte: Meike Drießen, Universidade Ruhr-Bochum.  Imagem: Pixabay.

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