Produção Consciente

Resíduos descartados da carcaça do pirarucu são transformados em ração animal e adubo orgânico

Resíduos de carcaças do pirarucu podem ser utilizados no processo de produção de silagem e de composto orgânico, oferecendo uma alternativa para despoluir o meio ambiente

Érico Xavier, FAPEAM

Fonte

FAPEAM | Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado do Amazonas

Data

1 outubro 2019

Áreas

Pecuária, Agronomia

Normalmente descartados no meio ambiente, resíduos de carcaças do pirarucu (Arapaima gigas) podem ser utilizados no processo de produção de silagem e de composto orgânico. Esse foi o objeto do estudo “Inovações Tecnológicas no Tratamento de Resíduos da Indústria de Beneficiamento de Pescado de Maraã/AM”, desenvolvido por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam).

Finalizado em 2015, o projeto buscou desenvolver o processo produtivo da silagem e de composto orgânico, produzidos a partir dos resíduos das carcaças do pirarucu, como vísceras, nadadeiras, escamas e couro. O trabalho, desenvolvido pela Dra. Sonia Alfaia e pelo Dr.Rogério de Jesus, do Inpa, e pelo Dr. Frank Cruz, da Ufam, teve apoio da Fapeam por meio do Programa de Apoio à Consolidação das Instituições Estaduais de Ensino e/ou Pesquisa (Pró-Estado), edital nº 002/2008.

Para a pesquisadora, o estudo se tratou de uma inovação de produto a ser introduzido no mercado, como por exemplo a criação de um novo tipo de ração para alimentação animal, feita a partir de resíduo de pescado. “Foram utilizados para a produção de silagem, para alimentação de animais, e de adubos orgânicos, para produção de hortaliças, visando, dessa forma, agregar valor econômico a esses produtos”, conta.

Segundo o pesquisador Rogério de Jesus, a ideia surgiu a partir de estudos com os resíduos do pescado da Unidade de Beneficiamento de Pescado (UBP) no município de Maraã (a 634 quilômetros de Manaus).

“Na época, pescadores de Maraã passaram a ser responsáveis pela captura de metade do pirarucu manejado nas RDS’s Mamirauá e Anamã, visando agregar valor ao pescado. A Secretaria de Estado de Produção Rural do Amazonas (Sepror) implantou a Unidade de Beneficiamento de Pescado na região. A indústria foi inaugurada em outubro de 2011, para produzir filé de pirarucu seco, salgado – trazendo um processo novo para a região, o produto foi lançado no mercado regional e nacional com o nome comercial de ‘Bacalhau da Amazônia’, gerando efeitos de emprego e renda aos trabalhadores da região”, relata.

Meio ambiente – a Dra. Sonia Alfaia destaca que, além de oferecer uma alternativa para despoluir o meio ambiente pelo aproveitamento de resíduos que são jogados na natureza, o projeto também pode ofertar uma proteína de origem animal de alta qualidade.

“Com relação à produção de composto, os resultados mostraram que a compostagem pode se constituir numa alternativa promissora à reciclagem dos resíduos de pescado, podendo resultar num composto de alta qualidade nutricional e de baixo custo de produção, com grande potencial para reposição de nutrientes ao solo – especialmente de fósforo, que é considerado o principal nutriente que limita a produção nos solos do Amazonas, sendo deficiente em 90% dos solos da região. Em condições de campo, os compostos produzidos apresentaram-se altamente benéficos para o cultivo de hortaliças e na melhoria das características do solo, mesmo quando comparados com os tratamentos com adubação química, com condições de substituir o esterco bovino na produção de adubos orgânicos na região”, afirma a pesquisadora.

Redução de custos – Segundo o professor Frank Cruz, a redução de custos com alimentação que o produto vai proporcionar aos produtores do setor de avicultura. “O Amazonas importa 100% de toda matéria-prima utilizada na confecção de rações (milho, farelo de soja, farinha de osso). Com a silagem de resíduos de pirarucu, essa importação será reduzida e isso é muito importante porque em aves o item alimentação corresponde a 80% do custo total de produção”.

Acesse a notícia completa na página da FAPEAM.

Fonte: Jessie Silva, FAPEAM. Imagem: Érico Xavier, FAPEAM.

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