Notícia

Sistema Nervoso Central participa do controle da hipertensão

Estudo ajuda a entender como os mecanismos neurais de uma pessoa atuam frente à ingestão de alimentos com excesso de sal

Divulgação

Fonte

Universidade de São Paulo (USP) - 

Data

sexta-feira, 15 setembro 2017 15:48

Áreas

Saúde Pública. Nutrição Clínica

Mais um passo foi dado para o conhecimento da evolução de doenças relacionadas à pressão alta. Estudo realizado na USP mostrou que a hipertensão neurogênica é caracterizada por uma disfunção em núcleos do Sistema Nervoso Central (SNC) que controlam a pressão arterial. A pesquisa, feita no Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) junto com outras instituições, buscou compreender como os mecanismos neurais de controle da pressão arterial respondem a uma alta exposição ao sal no organismo desde a infância até a idade adulta.

A hipertensão é uma doença cardiovascular crônica e uma das principais causas de morte no mundo. No Brasil, estima-se que 25% da população seja hipertensa. Temos elevadas taxas de sedentarismo e alto consumo de alimentos com excesso de sal. No Nordeste, por exemplo, a ingestão chega a ser até três vezes maior que o recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), 5 miligramas (mg) por dia.

A experiência foi feita com ratos submetidos a uma dieta com altas concentrações de sal desde o momento em que deixaram de ser alimentados pelo leite materno. Doze semanas depois, período em que se constituía a vida adulta dos animais, eles se tornaram hipertensos. Segundo o Dr.Vagner Roberto Antunes, coautor da pesquisa e professor do Laboratório de Controle Neural da Circulação, do ICB, foram verificadas alterações significativas nos mecanismos do SNC, em áreas que controlavam a pressão arterial. Não foram observadas alterações renais e nem mesmo cardíacas, explica o pesquisador.

Quem controla a hipertensão: rins ou cérebro?

A pergunta é de grande debate no meio científico. Dr. Antunes afirma que ambos os sistemas possuem participação no controle da pressão arterial. O rim tem uma função fundamental na manutenção do equilíbrio das concentrações de sódio e da quantidade de líquido do corpo, além de produzir uma enzima, chamada renina, que é liberada na corrente sanguínea sempre que a pressão estiver abaixo do normal, a fim de equilibrá-la. No entanto, há algumas décadas, muitos estudos têm demonstrado que o Sistema Nervoso Central (mais especificamente, o Sistema Autônomo Simpático) participa diretamente do controle fisiológico da pressão arterial frente a diferentes situações, como a exposição a dietas ricas em sal, relata Dr.Antunes.

Quando o organismo é desafiado pela ingestão de alimentos com alto teor de sal, como ocorreu na pesquisa em laboratório, “o sistema nervoso tem sensores capazes de detectar este excesso, que resulta em alterações nas neurotransmissões entre núcleos que controlam a pressão sanguínea”. A hiperatividade deste sistema aumenta o trabalho do coração e desencadeia contrações dos vasos sanguíneos, o que leva ao desenvolvimento de um quadro clínico de hipertensão neurogênica, explica.

Mesmo os rins estando saudáveis e trabalhando para eliminar o excesso de sal do organismo, os sensores do SNC detectam que houve alteração de nível de sal e passam a trabalhar ativamente devido ao estímulo do sódio. Permanecendo os hábitos alimentares inapropriados, o cérebro, por ter plasticidade neuronal, se adapta estrutural e funcionalmente e adota um novo padrão de atividade, levando, assim, a pessoa a um quadro de hipertensão crônica.

A compreensão da participação do SNC no controle da hipertensão arterial é indispensável para o entendimento da evolução das doenças cardiovasculares e o desenvolvimento de novos fármacos. Porém, Dr.Antunes lembra dos inúmeros efeitos colaterais de medicamentos com ação no SNC e reforça que hábitos alimentares saudáveis e prática de atividade física ainda são os melhores aliados para a prevenção e tratamento da hipertensão.

A pesquisa que associou hipertensão ao aumento da atividade simpática decorrente da alta ingestão de sal foi tema de um artigo publicado pela Nature Publishing Group, assinado por pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP, da Universidade Federal de Ouro Preto (MG) e da University of Pittsburgh School of Medicine, nos EUA.

 

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