Notícia

Sistema detecta microrganismos que comprometem a qualidade da cerveja

Solução permite monitorar a presença de agentes capazes de alterar o sabor e o aroma da bebida em todas as etapas da produção e nos pontos de venda

Freepik

Fonte

Agência FAPESP

Data

sexta-feira, 16 fevereiro 2024 09:55

Áreas

Biotecnologia. Ciência e Tecnologia de Alimentos. Engenharia de Alimentos

Com ajuda da biologia molecular, a bebida alcoólica mais consumida no Brasil, especialmente durante o verão, poderá chegar ao consumidor com maior grau de pureza. Por meio de técnicas dessa área, que permite estudar a estrutura física e química de macromoléculas, pesquisadores da startup paulista EasyOmics estão desenvolvendo um sistema para detectar a presença de microrganismos deteriorantes que podem comprometer o sabor e o aroma da cerveja.

Concebida com apoio do programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE), da FAPESP, a ferramenta poderá ser empregada pelas indústrias cervejeiras em todas as etapas da produção da bebida e nos pontos de venda.

“As cervejarias já costumam monitorar a presença de microrganismos deteriorantes não apenas no produto final, mas também em amostras da bebida coletadas em pontos críticos da linha de produção”, disse Rene Aduan Junior, biotecnólogo e mestre cervejeiro da EasyOmics. “Com a ferramenta que estamos desenvolvendo será possível fazer isso em diversas outras etapas e locais do processo: da matéria-prima ao ponto de venda. Isso vai permitir identificar a presença de deteriorantes com mais rapidez, sensibilidade e precisão”, afirmou o biotecnólogo.

De acordo com Aduan, as provas de conceito do dispositivo já foram realizadas e permitem prever que a pesquisa aplicada comece a ocorrer dentro das cervejarias ainda neste ano.

“Estamos a caminho de finalizar o protótipo que vai poder ser aplicado nas empresas.”

Segundo ele, um dispositivo convencional para essa finalidade custa hoje entre R$ 50 mil e R$ 60 mil. “Queremos ter uma opção mais barata para chegar às cervejarias menores. Apesar de a maior parte do mercado ser dominada pelas grandes empresas, com algo como 90%, queremos oferecer soluções para médias, pequenas e microempresas. Sabemos que é importante levar a inovação aonde ela não existe.”

Os pesquisadores da startup querem desenvolver um sistema simples e compacto, que pode ser deslocado facilmente para onde for necessário. Além disso, pode ser operado por qualquer profissional, mesmo aqueles sem experiência prévia no segmento de microbiologia, de forma intuitiva. “Basta que o trabalhador faça a coleta da amostra – algo que ele já faz normalmente”, disse Aduan.

Decisões mais rápidas

O pesquisador explica que, como o equipamento permite conduzir uma análise rápida e eficiente dos agentes deteriorantes presentes no líquido, a tomada de decisões por parte da cervejaria pode ser feita com maior agilidade. O resultado do diagnóstico sai em uma hora, enquanto o de um teste convencional demora de sete a 15 dias para ficar pronto. Evitam-se, assim, adversidades futuras no processo de produção da bebida.

“Quanto mais rápido isso ocorrer, melhor, porque enquanto o líquido está parado no tanque a cerveja deixa de ser fabricada”, explicou Aduan.

Assim, se uma coleta antes do envase mostrar uma quantidade pequena de microrganismos, é possível eliminá-los (ou deixá-los inertes) com algo em torno de sete ou oito unidades de pasteurização (UPs) – uma unidade de medida de controle e padronização do processo de pasteurização. “Se a contaminação for maior, no entanto, será preciso aumentar a quantidade de UPs empregadas no processo.”

De acordo com o pesquisador, a pasteurização é uma etapa crítica na produção da cerveja. Além de consumir muita energia, quando não realizada de maneira correta pode causar transtornos após o envase do produto – incluindo a redução no prazo de validade da cerveja.

Com a solução elaborada pela startup, as cervejarias podem dimensionar a intensidade da pasteurização de acordo com o grau de contaminação da bebida. Dessa forma, otimizam os custos normalmente associados a esse processo de preservação da cerveja e maximizam o tempo de prateleira do produto.

É possível, assim, ter estabilidade microbiológica com menos gasto de energia. “Ou seja, posso ter um produto melhor e, ainda, economia de processo. Para o consumidor final, a bebida produzida com o uso da ferramenta chega com menos microrganismos, já que o processo é mais controlado”, afirma Aduan.

Gestão da qualidade

Atualmente, a startup tem acordos com algumas cervejarias e busca aprimorar a calibração do sistema a partir de comparativos com o processo convencional. “Essa etapa é complexa porque cada empresa tem um sistema específico de gestão de qualidade. Então, a tecnologia não pode ser fechada. A partir daí, vamos fazer a transferência do conhecimento diretamente no ambiente industrial.”

Inicialmente, a ideia é oferecer a solução para a principal dificuldade do cervejeiro e, em seguida, adicionar ferramentas associadas à gestão de qualidade. “Queremos ganhar mais intimidade com os diferentes setores da cervejaria e criar uma normatização. Vai ser um aprendizado não só para a cerveja, mas para o vinho e outras bebidas.”

Para aproveitar melhor a solução da startup, a cervejaria precisa ter um processo de qualidade já estruturado, aponta Aduan. Experiente no controle de qualidade em cervejarias, o profissional sublinha a importância de ter soluções integradas que permitam a análise global do processo.

Acesse a notícia completa na página da Agência FAPESP.

Fonte: Roseli Andrion, Agência FAPESP.   Imagem: Freepik.

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