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Refeição rica em gordura saturada pode comprometer a capacidade de concentração

Pixabay

Fonte

Universidade Estadual de Ohio

Data

quinta-feira, 14 maio 2020 15:25

Áreas

Nutrição Clínica. Nutrição Coletividades

Alimentos gordurosos podem parecer amigos durante esses tempos difíceis, mas nova pesquisa sugere que comer apenas uma refeição rica em gordura saturada pode prejudicar a capacidade de concentração – o que não é uma boa notícia durante a pandemia de COVID-19, enquanto pessoas trabalham em casa.

Estudo publicado na revista científica American Journal of Clinical Nutrition comparou como 51 mulheres se saíram em um teste de atenção após comerem uma refeição rica em gordura saturada ou a mesma refeição feita com óleo de girassol, rica em gordura insaturada.

O desempenho das participantes no teste foi pior após consumirem uma refeição rica em gorduras saturadas do que depois de comerem uma refeição mais saudável, sinalizando uma ligação entre alimento gorduroso e o cérebro.

Os pesquisadores também analisaram se uma condição chamada intestino permeável, que permite que bactérias intestinais entrem na corrente sanguínea, teve algum efeito sobre a concentração. Os participantes com intestino permeável tiveram um desempenho pior na avaliação da atenção, independentemente da refeição que haviam comido.

A perda de foco após uma única refeição foi importante para os pesquisadores. Annelise Madison, principal autora do estudo e estudante de pós-graduação em psicologia clínica na Universidade Estadual de Ohio, nos Estados Unidos, disse: “A maioria dos trabalhos anteriores analisaram o efeito da dieta ao longo de um período. E [neste estudo] foi apenas uma refeição – é notável que tenhamos observado uma diferença”.

Annelise Madison também observou que a refeição feita com óleo de girassol, embora com pouca gordura saturada, ainda constituía uma dieta com muita gordura. “Como as duas refeições eram com alto teor de gordura e potencialmente problemáticas, o efeito cognitivo da refeição com alto teor de gordura saturada poderia ser ainda maior se comparado a uma refeição com baixo teor de gordura”, disse a pesquisadora.

A refeição com alto teor de gordura foi composta por: ovos, biscoitos, linguiça de peru e molho contendo 60 gramas de gordura, um óleo à base de ácido palmítico com alto teor de gordura saturada ou o óleo de girassol com baixo teor de gordura saturada. Ambas as refeições totalizaram 930 calorias e foram projetadas para imitar o conteúdo de várias refeições de fast-food, como um hambúrguer duplo com queijo ou um hambúrguer duplo e batatas fritas.

Cinco horas depois, as mulheres fizeram o teste de desempenho contínuo novamente. Entre uma e quatro semanas depois, eles repetiram esses passos, consumindo a refeição oposta ao que haviam feito na primeira visita.

Os pesquisadores também analisaram amostras de sangue em jejum dos participantes para determinar se continham uma molécula inflamatória que sinaliza a presença de endotoxemia – a toxina que escapa do intestino e entra na corrente sanguínea quando a barreira intestinal está comprometida.

Apos o consumo da refeição rica em gordura saturada, todas as mulheres participantes foram, em média, 11% menos capazes de detectar estímulos-alvo na avaliação da atenção. Os lapsos de concentração também foram evidentes nas mulheres com sinais de intestino permeável: seus tempos de resposta foram mais irregulares e foram menos capazes de sustentar sua atenção durante o teste de 10 minutos.

“Se as mulheres apresentavam altos níveis de endotoxemia, também eliminavam as diferenças entre as refeições. Elas tiveram um desempenho ruim, independentemente do tipo de gordura que consumiram”, disse a pesquisadora.

Embora o estudo não tenha determinado o que estava acontecendo no cérebro, Annelise  Madison disse que pesquisas anteriores sugeriram que alimentos ricos em gordura saturada podem causar inflamação em todo corpo e, possivelmente, no cérebro. Os ácidos graxos também podem atravessar a barreira hematoencefálica. “Pode ser que os ácidos graxos estejam interagindo diretamente com o cérebro. O que isso mostra é o poder da desregulação relacionado ao intestino”, concluiu a pesquisadora.

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade Estadual de Ohio (em inglês).

Fonte: Emily Caldwell, Universidade Estadual de Ohio.  Imagem: Pixabay.

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