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Própolis vermelha pode funcionar como tratamento contra esquistossomose
Própolis vermelha se mostrou um agente antiparasitário potente capaz de reduzir o número de ovos e matar os vermes causadores da esquistossomose
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Velha conhecida pelos poderes bactericidas e antifúngicos, a própolis vermelha também se mostrou um agente antiparasitário potente capaz de reduzir o número de ovos e matar os vermes causadores da esquistossomose.
Em experimentos realizados na Universidade Guarulhos (UNG), com apoio da FAPESP, 400 mg/kg do extrato foram suficientes para reduzir mais de 60% da carga parasitária em camundongos infectados com o verme Schistosoma mansoni. A ação foi observada tanto em vermes na fase adulta quanto na imatura (vermes jovens). Os testes em cultura mostraram ainda os efeitos da própolis vermelha em inviabilizar o acasalamento e a produção dos ovos do verme.
“As própolis, em especial a vermelha, já têm ação muito conhecida contra bactérias e fungos. Elas têm a função de proteger a colmeia de intrusos e já era esperado que algumas de suas mais de 20 substâncias atuassem contra agentes infecciosos parasitários. O que nos surpreendeu foi ela atravessar o tegumento do verme e matar tanto vermes adultos quanto imaturos, algo que o tratamento convencional da esquistossomose não faz”, afirma o Dr. Josué de Moraes, professor da Universidade Guarulhos e autor do artigo publicado na revista científica Journal of Ethnopharmacology.
Com isso, os resultados obtidos com a própolis vermelha sugerem que o produto natural possa ser mais eficiente para o tratamento da doença que o único medicamento existente. Vale lembrar que, para que a própolis vermelha seja receitada contra a esquistossomose, será necessária a realização de testes em humanos com a verminose.
Mas por que a própolis vermelha?
O Dr. Moraes explica que a opção por estudar os efeitos da própolis vermelha nesse projeto se deu pelo fato de o produto natural ter sido bem caracterizado no presente artigo e em estudos anteriores pelos pesquisadores Dr. Severino M. Alencar, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-USP), e Bruno Bueno-Silva, do Departamento de Odontologia da Universidade Guarulhos. Ambos são colaboradores do Núcleo de Pesquisa em Doenças Negligenciadas da Universidade Guarulhos.
“A própolis vermelha brasileira vem chamando a atenção nos últimos anos por seu potencial farmacológico e também pela ação antimicrobiana e anti-inflamatória. Nossa pesquisa não investigou o mecanismo da própolis vermelha no esquistossomo. O trabalho avaliou, por microscopia eletrônica de varredura, a ação do extrato da própolis vermelha de uma maneira indireta. Analisamos, por exemplo, se esse produto natural, que é composto por diversas substâncias, conseguia atravessar o tegumento do parasito, aumentando assim o potencial de atingir um ou mais alvos, que não identificamos, e assim matar o verme”, disse o pesquisador.
O Dr. Moraes afirma que o mais provável é que as própolis verde e marrom também apresentem algum efeito sobre a esquistossomose, mas que serão necessários estudos específicos com os outros dois produtos naturais.
A descoberta pode ter ainda aplicação em outras verminoses. “O esquistossomo é modelo para o estudo de infecções (em humanos e animais) causadas por outros tipos de vermes do grupo dos platelmintos, chamados de vermes chatos, como as tênias. A descoberta, portanto, abre uma oportunidade para novos estudos sobre o tratamento de outras doenças que acometem humanos, cães e gatos, e que também são tratadas com o praziquantel”, disse o pesquisador.
Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da Agência FAPESP.
Fonte: Maria Fernanda Ziegler – Agência FAPESP. Imagem: Freepik.
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