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Pesquisador investiga efeitos do fruto da erva-mate contra praga de arrozais

Estudo analisa como o extrato do fruto verde da erva-mate pode ter ação pesticida contra moluscos que afetam plantações de arroz

Pixabay

Fonte

UFRGS Ciência | Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Data

sexta-feira, 29 novembro 2019 16:05

Áreas

Agricultura. Agronomia. Ciências Agrárias

O doutorando Fabiano Brito do Programa de Pós-Graduação em Ecologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), abordou na sua dissertação de mestrado uma possível solução para as maiores pestes de plantações de arroz. O pesquisador investigou em laboratório a eficiência do extrato de frutos da erva-mate como pesticida contra os caramujos-maçã. O caramujo da espécie Pomacea canaliculata é uma das 100 maiores pragas de plantações e uma das piores para a cultura de arroz. A pesquisa foi dividida entre o Laboratório de Fisiologia Animal da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e o Laboratório de Farmacologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Hoje, o Brasil é o maior produtor de arroz fora da Ásia, e os estados do Sul produzem a maior quantidade do grão do país. Em uma análise realizada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), de 2006 a 2016, o Rio Grande do Sul foi responsável por 65,35% da produção arrozeira do Brasil. E, de acordo com dados do Instituto Rio-Grandense do Arroz (Irga), os caramujos-maçã atingem cerca de 80 mil hectares das plantações gaúchas, o que corresponde a 8% do arroz cultivado.

Erva-mate para além do chimarrão

A erva-mate, ou Ilex paraguariensis, é uma planta nativa da América do Sul, muito utilizada como erva para o chimarrão, principalmente pelos gaúchos. Os frutos dela, como carregam um amargor forte para serem consumidos, são descartados pela indústria. O composto orgânico responsável pelo gosto ruim dos frutos, a saponina, é explorado na pesquisa de Fabiano Brito devido a sua ação química contra as pragas.

“Este é o primeiro relatório que demonstra como o extrato do fruto verde da erva-mate tem ação inseticida para moluscos”, explica o pesquisador em seu trabalho. Ele conta que a ideia para a produção de um pesticida a partir da planta surgiu durante a graduação, instigado pelo trabalho que acompanhava durante o estágio. Realizou o trabalho de conclusão de curso sobre o extrato da erva-mate como agente químico; antes do mestrado, porém, ainda não havia começado a desenvolver a parte prática. Portanto, foi nessa etapa que os experimentos tiveram início. Os resultados obtidos até o momento sugerem que os extratos obtidos dos frutos verdes da erva-mate são efetivos no controle químico dos caramujos-maçã. Como esses frutos são considerados industrialmente inúteis, há abundância de matéria-prima para a fabricação do pesticida, criando um novo uso para um produto que seria descartado.

Teste com caramujos

Para o ensaio com os organismos vivos, Brito coletou os caramujos em área nativa na Lagoa dos Patos, em Viamão, e os aclimatou em laboratório. O processo de aclimatação consiste em preservar o animal em um aquário parecido com seu habitat natural. Na etapa da extração da erva-mate, foram utilizados dois procedimentos, ambos com o fruto seco: a decocção, que leva apenas água quente para tirar o elemento desejado, e o extrato de butanol, que conta com um produto químico para o processo de extração. Como os resultados se mostraram semelhantes, a primeira opção foi escolhida: é mais simples e gera menos custos. O estudo teve apoio da empresa de erva-mate Ximango, que cedeu seus resíduos industriais para os experimentos.

Como avaliação da eficiência do extrato, Fabiano Brito verificou a toxicidade dele nos caramujos. O procedimento adotado consiste em contabilizar o número de animais mortos ao longo do experimento e relacionar com a quantidade do produto aplicado neles. O pesquisador explica ainda que é necessário aprofundar as pesquisas para medir se o extrato é nocivo para outros seres vivos, como pessoas e animais.

Acesse a notícia completa na página da UFRGS.

Fonte: Mariana Bier, UFRGS.  Imagem: Pixabay.

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