Notícia

Pesquisa associa bullying e uso de drogas e álcool a transtornos alimentares

Estudo apontou que altos níveis de vitimização por bullying, binge drinking e uso de remédios para perda de peso sem prescrição médica estão associados a um maior número de sintomas de transtorno alimentar

Pixabay

Fonte

Agência UFC

Data

quarta-feira, 21 julho 2021 15:35

Áreas

Nutrição Clínica. Nutrição Coletividades. Saúde Pública

Ser vítima de bullying e usar drogas, inclusive álcool, são fatores associados ao desenvolvimento de transtornos alimentares (TA) na adolescência, concluiu pesquisa da Universidade Federal do Ceará (UFC), em parceria com a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

O estudo apontou que altos níveis de vitimização por bullying, binge drinking (beber em excesso de uma só vez) e uso de remédios para perda de peso sem prescrição médica estão associados a um maior número de sintomas de transtorno alimentar, tanto para garotos quanto para garotas. Além disso, o uso de drogas ilícitas e a idade também contribuem para a prevalência de sintomas em garotas.

Publicado em artigo na revista científica International Journal of Eating Disorders, o estudo, desenvolvido em parceria com o Departamento de Enfermagem da UFC, avaliou um total de 5.213 estudantes de 93 escolas públicas diferentes, com média de idade de 13,24 anos. Os dados foram obtidos a partir de questionários anônimos, aplicados em três cidades brasileiras: Fortaleza, Eusébio (no Ceará) e São Paulo.

Entre os resultados gerais, verificou-se que o álcool era a droga utilizada mais frequentemente pelos estudantes no ano anterior à pesquisa (30,9% deles responderam “Sim” a essa pergunta no questionário), enquanto 44% foram vítimas de bullying e 45,7% apresentaram mais de um sintoma de TA.

Prática que se caracteriza pela agressão física ou verbal contra colegas da escola, o bullying é um fator que se destaca na pesquisa como algo que pode estar associado ao surgimento de transtornos alimentares. Isso porque, como detalha o artigo, o acréscimo de um ponto na escala de vitimização por bullying aumenta cerca de meio ponto na escala de sintomas de transtornos, para todos os gêneros.

“Para ambos os sexos, quanto maior a pontuação na escala de bullying sofrido, maior será a pontuação na escala [do questionário sobre TA]”, explica a professora Dra. Fabiane Gubert, do Departamento de Enfermagem da UFC, coautora do estudo. “Para os meninos, cada ponto na escala de vítima de bullying aumenta 0,56 pontos e, para as meninas, esse aumento é de 0,54”, detalha. Os números representam uma média na escala de TA.

Fenômeno similar ocorre nos casos em que há prática de binge drinking e uso de emagrecedores sem receita médica. “Os meninos que fazem binge drinking aumentam 0,42 ponto [na escala do questionário sobre TA] se comparado aos meninos que não fazem binge drinking. Para as meninas, esse aumento é de 0,65”, diz a pesquisadora. No caso de uso de remédios emagrecedores sem receita médica, esse aumento é maior: 1,67 no caso dos meninos  e 1,58 no caso de meninas.

Questionário

Para determinar a prevalência ou não desses sintomas, os pesquisadores utilizaram o chamado questionário SCOFF, baseado em cinco perguntas sobre hábitos alimentares. Criado em 1999, o questionário serve para auxiliar na identificação precoce de possíveis transtornos alimentares.

Cada pergunta equivale a um ponto; no caso de duas respostas afirmativas, tem-se uma indicação de possível caso de anorexia, bulimia ou transtorno de alimentação compulsiva.

Além de fatores como uso de drogas ilícitas e idade terem contribuído para uma maior prevalência de sintomas de TA em meninas (o que não ocorreu com os garotos), os dados também mostraram que as estudantes do gênero feminino vítimas de bullying tiveram mais sintomas que os garotos: média de 2.02 contra 1.67 na escala do questionário.

Mulheres 

Os motivos que levam a essa maior ocorrência nas meninas não foi objeto de estudo da pesquisa, mas a Dra. Fabiane lembra que essa maior propensão das mulheres em geral ao desenvolvimento de TA já é algo bem documentado na literatura sobre o assunto.

“Isso pode ser devido ao fato de as mulheres se esforçarem mais para cultivar a aparência física desejável veiculada pela mídia. As redes sociais usam plataformas altamente visíveis para discutir hábitos pessoais de alimentação e exercícios, questões de peso e corpos femininos idealizados, estimulando comparações com as pessoas atraentes que aparecem nas redes sociais e isso aumenta a dificuldade das mulheres em aceitar sua imagem corporal”, opina a pesquisadora.

Escola 

Para as autoras do estudo, os dados revelam um cuidado a mais para se tomar no ambiente escolar, na intenção de evitar que problemas de saúde se desenvolvam nos alunos durante e após a adolescência. A escola poderia cumprir, portanto, o papel de educar acerca de questões ligadas a uma alimentação saudável, também em parceria com as famílias.

“As escolas poderiam ser uma parceira mais próxima na prevenção aos transtornos alimentares, uma vez que hoje existem várias informações errôneas sobre a alimentação saudável e o ensino de vários tipos de dietas pela mídia”, diz a nutricionista e doutoranda Patrícia Paiva da Unifesp, autora do artigo.

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Agência UFC.

Fonte: Kevin Alencar, Agência UFC. Imagem: Pixabay.

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