Notícia
Municípios do Agreste Alagoano apresentam alto índice de intoxicação por agrotóxicos agrícolas
Intoxicação, considerada um grave problema de saúde pública, foi constatada em municípios que estão na região do semiárido alagoano
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Fonte
UFAL | Universidade Federal de Alagoas
Data
quarta-feira, 11 dezembro 2019 11:30
Áreas
Agricultura. Agronomia. Ciências Agrárias
Nos últimos 10 anos foram identificadas mais de mil intoxicações por agrotóxicos agrícolas em Alagoas e a maior parte delas concentrada no semiárido alagoano. Notadamente, nos municípios do Agreste que fazem parte da primeira região citada, como Arapiraca, Craíbas e Girau do Ponciano. A pesquisa foi coordenada pelo professor Dr. Lucas Gama Lima, do curso de Geografia do Campus do Sertão e responsável pelo Observatório de Estudos sobre a Luta por Terra e Território (Obelutte/Gepar/Ufal), que no contexto dos estudos realizados há a investigação das contradições do uso de agrotóxicos no Estado.
A pesquisa de campo foi realizada nos municípios do Alto Sertão de Alagoas, parte oeste do semiárido e segundo o Dr. Lucas Lima, a escolha desse recorte espacial deve-se à recente presença do Canal do Sertão. Ele aproveita para destacar: “Trabalhamos com a hipótese de que a disponibilidade hídrica advinda do citado canal, bem como o lobby exercido pelas empresas e revendedoras de agrotóxicos têm fomentado o uso de veneno nas lavouras dos municípios da citada região. Em parte expressiva das propriedades visitadas foram encontrados agrotóxicos extremamente e medianamente tóxicos. Além de muito perigosos ao meio ambiente, como o Curyom, o Galigan, o Lannate e o Mospilan, esses agrotóxicos são fabricados por empresas estrangeiras”, afirmou.
Além da pesquisa de campo em municípios do Sertão de Alagoas, o estudo contemplou dados fornecidos pelo Sistema Nacional de Agravos de Notificação, vinculado ao Ministério da Saúde, Censo Agropecuário, realizado pelo Instituo Brasileiro e Geografia (IBGE). Constatou- se ainda, que o número de propriedades rurais que usam agrotóxicos também é maior nos municípios que integram o perímetro do Semiárido, especialmente, Arapiraca, Coité do Noia, Craíbas, Girau do Ponciano, Igaci e Lagoa da Canoa.
“Acreditamos que a porção do Agreste do Semiárido por possuir significativo registro de propriedades rurais que utilizam agrotóxicos e maior incidência de intoxicados por agrotóxicos de Alagoas merece a devida atenção, uma vez que os dados apontam para um grave problema de saúde pública. Consideramos que essa notoriedade da porção Agreste do Semiárido tem a ver com o número expressivo de propriedades rurais- trata-se de uma região de pequenas e médias e médias propriedades – diferente da Mesorregião Leste que é formada pelas grandes propriedades e com os produtos e as condições de produção”, destacou o Dr. Lucas Lima.
Ao explicar a pesquisa, o Dr. Lucas Lima diz de que como se trata de camponeses, a produção é realizada com menos mecanização e mais contato com os produtos químicos. Enquanto na Mesorregião Leste se utilizam tratores e aviões agrícolas para pulverização de agrotóxicos, no semiárido os agrotóxicos são pulverizados pelos próprios trabalhadores por meio de equipamentos costais e/ou sem epi´s. Ademais, segundo o pesquisador, na porção agreste do semiárido de Alagoas há produtos como fumo, o feijão e o abacaxi que figuram como produtos que recebem notável incidência de agrotóxicos.
O pesquisador acrescenta que também foram constatadas a ausência de equipamentos de proteção individual e o desconhecimento do descarte regular das embalagens. “Por fim, foi identificada uma crescente dependência dos agricultores aos agrotóxicos, o que revela a captura da renda da terra desses camponeses pelas empresas e revendedoras de agrotóxicos”, frisa o Dr. Lucas Lima.
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Fonte: Diana Monteiro, UFAL. Imagem: Freepik.
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