Notícia
Levantamento: Cereais matinais produzidos no Brasil têm excesso de açúcar
Pesquisadoras realizaram levantamento de teor de sal e açúcar em 29 tipos de cereais matinais vendidos no Brasil, e descobriram que somente seis apresentam pouco açúcar (menos de 5 g/100 g).
Pixabay
Fonte
FoRC | Centro de Pesquisa em Alimentos
Data
sábado, 17 fevereiro 2018 09:50
Áreas
Engenharia de Alimentos. Nutrição Clínica
As pesquisadoras Dra Eliana Bistriche Giuntini e Kristy Soraya Coelho, nutricionistas e membros do Centro de Pesquisa em Alimentos (Food Research Center – FoRC), realizaram levantamento de teor de sal e açúcar em 29 tipos de cereais matinais vendidos no Brasil, e descobriram que somente seis apresentam pouco açúcar (menos de 5 g/100 g): as aveias e um mix de cereais. Outros cinco revelam teor um pouco acima do recomendado e 18 estão bem acima, apresentando mais de 22,5 g de açúcar por 100 g de produto.
“Vários estão com 40 g de açúcar por 100 g de produto, incluindo as granolas, produtos que têm apelo saudável, pois são ricos em fibra alimentar e fontes de proteína. Segundo as normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), está estabelecido apenas o baixo conteúdo de açúcar, que é, no máximo, 5 g por 100 g de produto. E este não é um problema só do Brasil”, explica a Dra Eliana. Os dados foram colhidos entre julho e agosto e as marcas pesquisadas foram Kellogg’s, Nestlé e Quaker.
O levantamento foi realizado como parte da pesquisa da World Action on Salt and Health (WASH) sobre o teor de açúcar e sal em cereais matinais em 29 países.
Entre os cinco cereais com mais açúcar encontrados nos países pesquisados, figura o Kellogg’s Froot Loops vendido no Brasil e no México, com espantosos 40 g de açúcar para cada 100 g do produto. O Brasil também figura na lista dos cinco menos açucarados, com o Kellogg’s Corn Flakes.
“Enviamos dados de 29 cereais de três grandes empresas, porque o solicitado era que mandássemos informação sobre produtos vendidos também em outros países, para efeito de comparação”, diz a nutricionista, chamando a atenção, ainda, para a ausência de dados sobre o açúcar adicionado aos alimentos nos rótulos de produtos alimentícios no Brasil.
“Nossa legislação não exige que a rotulagem traga o quanto de açúcar foi adicionado ao produto. O que temos nos rótulos são dados de açúcar total. Mas, em determinados produtos, a matéria prima já traz um pouco de açúcar. Então seria interessante e prudente que nossa legislação exigisse que fosse acrescentada, no rótulo, a informação sobre o açúcar adicionado ao alimento. Apenas alguns poucos produtos trazem essa informação, no geral aqueles direcionados ao consumo infantil.”
Quanto ao sal, 16 dos cereais pesquisados continham quantidades consideradas adequadas, e 13 já apresentavam teor um pouco acima do recomendado. “Mas esse tipo de produto não é salgado. Mesmo assim, uma boa parcela ainda tem conteúdo um pouco elevado de sal. Agora, definitivamente, o maior problema é o açúcar. Segundo a Organização Mundial de Saúde a recomendação é de que o consumo de açúcar não exceda a 10% da ingestão diária de energia, aproximadamente 50 g por dia, para um adulto”, diz a Dra Kristy.
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