Notícia

Estudo associa consumo de ultraprocessados à incidência de depressão

Adultos que consumiam, por dia, 32% a 72% das calorias em alimentos ultraprocessados apresentaram 82% de risco de desenvolver depressão ao longo do tempo

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Fonte

FAPEMIG | Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais 

Data

terça-feira, 19 setembro 2023 15:50

Áreas

Nutrição Clínica. Nutrição Coletividades. Saúde Pública

São considerados alimentos ultraprocessados (AUP) formulações industriais que levam em sua composição cinco ou mais ingredientes típicos da indústria. É isso o que diz a NOVA, classificação bastante conhecida no âmbito da nutrição que passou a agrupar os alimentos pelo seu nível de processamento, proposta a partir do Guia Alimentar para a População Brasileira.

Entre os exemplos mais comuns estão os refrigerantes, biscoitos recheados, salgadinhos de pacote, refrescos, hambúrgueres e macarrão instantâneo. É uma lista longa de alimentos ricos em calorias e pobres em nutrientes que apresentam sabor realçado por meio das altas concentrações de sódio e corantes artificiais. Estudos recentes têm alertado para os efeitos dos alimentos ultraprocessados sobre a saúde e sua associação com doenças como hipertensão e diabete.

Um estudo realizado com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG), da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) revelou nova perspectiva sobre o impacto do consumo de ultraprocessados, dessa vez, sobre a saúde mental.

A pesquisa da Universidade Federal de Viçosa (UFV) em parceria com a Universidade Federal do Paraná (UFPR) divulgou artigo que associa o maior consumo de alimentos ultraprocessados à incidência de depressão em adultos brasileiros com alta escolaridade. O trabalho foi publicado no Journal of Affective Disorders, revista oficial da Sociedade Internacional Transtornos Afetivos, a International Society for Affective Disorders (ISAD). Os resultados partem de um estudo de longo prazo que analisou, entre 2016 e 2020, hábitos de 2.572 graduados e pós-graduandos vinculados a universidades sediadas em Minas Gerais, com idade média de 36,1 anos, sendo 936 (36,39%) homens e 1.636 (63,61%) mulheres. Observou-se que adultos que consumiam, por dia, 32% a 72% das calorias em alimentos ultraprocessados apresentaram 82% de risco de desenvolver depressão ao longo do tempo.

O artigo foi assinado por Arieta Carla Gualandi Leal (UFV), Dra. Leidjaira Juvanhol Lopes (UFV), Dra. Katiusse Rezende-Alves (UFV), Dra. Josefina Bressan (UFV), Dr. Adriano Marçal Pimenta (UFPR), Dra. Helen Hermana Miranda Hermsdorff (UFV).

O artigo é produto do trabalho de doutorado em andamento da pesquisadora Arieta Carla Gualandi Leal, do Departamento de Nutrição e Saúde da Universidade Federal de Viçosa (UFV).

Arieta Leal explica que, a cada dois anos, são aplicados diferentes questionários aos respondentes. Para este artigo, foram usadas respostas de três questionários, entre eles um que colhia informações detalhadas sobre hábitos alimentares, incluindo informações específicas sobre a porção diária consumida de uma lista com 144 alimentos.

Observou-se que, entre os participantes que mais consumiam AUP, diariamente, a incidência de novos casos diagnosticados era maior. “É um dado muito importante, em quatro anos a incidência foi muito alta”, destacou  a Dra. Helen Hermana Miranda Hermsdorff, pesquisadora do Departamento de Nutrição e Saúde da UFV, uma das coordenadoras do estudo. “No artigo, os questionários são dos anos de 2016, 2018 e 2020. Casos diagnosticados neste período foram considerados casos incidentes dentro da coorte”.

A depressão é uma doença multifatorial, por isso, para observar o efeito real do consumo de AUP foram utilizados procedimentos estatísticos específicos. Arieta Leal explicou que para associar depressão e o consumo de ultraprocessados foram considerados os “fatores confundidores”, ou seja, fatores que poderiam influenciar o resultado e provocar associações não verdadeiras.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da FAPEMIG.

Fonte: Júlia Rodrigues, FAPEMIG. Imagem: Freepik.

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