Notícia

Estudo abre novas perspectivas para pesquisa do comportamento alimentar no luto

A influência do luto na relação das pessoas com a alimentação tem sido pouco abordada pela ciência da nutrição

Divulgação

Fonte

UFV | Universidade Federal de Viçosa

Data

terça-feira, 4 dezembro 2018 12:10

Áreas

Nutrição Clínica. Nutrição Coletividades

A influência do luto na relação das pessoas com a alimentação tem sido pouco abordada pela ciência da nutrição. De modo geral, os inquéritos utilizados para a avaliação do comportamento alimentar são extensos e não incluem o estresse pós-traumático para justificar, por exemplo, a ausência de fome ou a alteração de peso dos enlutados. A falta de uma abordagem que levasse em conta a condição afetivo-emocional acabou por motivar um grupo de pesquisadoras do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Nutrição (PPGCN) da UFV a desenvolver um protocolo específico para inquéritos alimentares de enlutados. O protocolo é um guia com procedimentos e condutas na aplicação de inquéritos alimentares. Além de permitir ao profissional avaliar objetivamente – e em curto tempo – as implicações do luto na alimentação, suas informações são capazes de gerar conhecimentos que direcionem intervenções nutricionais aplicáveis a cada caso.

O protocolo inédito foi tema do artigo Eating approach of bereaved individualsa protocol proposal – publicado com destaque no blog SciELO em Perspectiva. O trabalho – inicialmente divulgado na Revista de Nutrição – foi escolhido e indicado para publicação em destaque no SciELO pelo nível de interesse que apresenta. O artigo é assinado pelas professoras Dra. Maria do Carmo Gouveia Peluzio, Dra.Raquel Maria Amaral Araújo e Dra.Maria Teresa Fialho de Sousa Campos, a quem coube tecer o primeiro fio dessa história, em 2014. Foi naquele ano que a Dra. Maria Teresa iniciou suas pesquisas sobre a influência do luto no comportamento alimentar. Na ocasião, a curiosidade típica dos pesquisadores se misturava às mudanças que sentia na própria pele com a perda de um filho, em 2007. “A vivência motivou o aprofundamento na minha profissão em função da lacuna que senti. Eu percebi que a formação acadêmica precisava desse aprofundamento”, conta a professora.

Sete anos depois do fato que impactou definitivamente o seu olhar sobre a vida e sobre a morte, a Dra. Maria Teresa ingressava no doutorado com o objetivo de analisar o comportamento alimentar das mães que perderam seus filhos. Os objetivos eram muitos, dentre eles tentar entender as reações dessas mães, por exemplo, diante da mesa que “encolheu” ou na preparação do alimento de tributo, aquele preferido pelo filho morto. Ela buscava entender também porque certos alimentos, pelos significados que têm para o enlutado, são de difícil resgate à mesa. Essas informações permitiriam à pesquisadora reconhecer as novas significações frente ao alimento e identificar os riscos de possíveis desvios nutricionais que tantos danos trazem à saúde.

A pesquisa resultou na tese Comportamento alimentar de mães com vivência em perda de filho(a), defendida, este ano, no PPGCN-UFV, sob orientação da professora Dra. Raquel Maria Amaral Araújo. Sua amostra foram mães mineiras enlutadas que frequentam ONGs de apoio ao luto. Elas tiveram suas falas aprofundadas e fundamentadas pela equipe que colaborou com o projeto da professora e que envolveu profissionais de Letras, Psicologia, Antropologia e Bioquímica. Segundo a Dra. Maria Teresa, “foi um somatório de olhares diferentes para a lapidagem dos acervos”.

Além da vivência com inquéritos alimentares aplicados a enlutados, a pesquisa também incluiu uma minuciosa revisão crítica da literatura sobre o assunto. Essa amplitude do estudo permitiu que o protocolo proposto pela equipe enfatizasse não apenas os cuidados inerentes aos procedimentos metodológicos aplicados aos inquéritos alimentares sob a influência do luto, mas também propusesse condutas para a pesquisa e o atendimento profissional. A Dra. Maria Teresa explica que, geralmente, a abordagem de inquérito alimentar comportamental é muito complexa e detalhada. De acordo com ela, existem protocolos com muitas páginas devido aos vários fatores que intermedeiam a nossa relação com o alimento. As mudanças de comportamento alimentar podem estar relacionadas ao psiquê, a hormônios, à afetividade, ao sensorial. Sem falar de questões culturais, socioeconômicas e das relações à mesa.

Acesse a notícia completa na página da UFV.

Fonte: Adriana Passos, UFV. Imagem: Divulgação.

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