Notícia

Dispositivo para combate à poluição do ar no campo tem custo inferior a R$ 5,00

Agência internacional destaca solução desenvolvida em colaboração com cientistas brasileiros

Embrapa

Fonte

Agência Internacional de Energia Atômica

Data

segunda-feira, 30 setembro 2019 13:35

Áreas

Agricultura. Agronegócio. Agronomia. Segurança Alimentar.

Um novo dispositivo simples, que custa menos de R$ 5,00, pode ajudar nos esforços globais para reduzir a poluição atmosférica prejudicial causada pelas emissões de amônia, além de melhorar o acesso aos alimentos. A pequena ferramenta plástica foi projetada por cientistas brasileiros em colaboração com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA, da sigla em inglês) e a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). Depois que técnicas isotópicas foram usadas para testar e confirmar a precisão da ferramenta, a solução agora está sendo implementada para ajudar os países a monitorar e gerenciar melhor as emissões de amônia da agricultura, incluindo a pecuária.

A amônia – que é um composto de nitrogênio e hidrogênio – é um dos principais subprodutos da agricultura. É um gás liberado como resultado da decomposição de fertilizantes e esterco animal, entre outros. Esse gás (NH3) na atmosfera pode atuar como uma fonte secundária de óxido nitroso (N20) – um poderoso gás de efeito estufa – e pode danificar os ecossistemas exacerbando a poluição da água, além de causar problemas de saúde nas pessoas.

Quando o fertilizante não é aplicado corretamente, até a metade do nitrogênio presente no fertilizante pode ser perdida para a atmosfera, o que também tem grandes consequências financeiras. Entender essa perda é essencial para emitir recomendações aos agricultores sobre a melhor forma de gerenciar o uso de fertilizantes, o que pode ajudar a maximizar a produtividade e os benefícios.

“Em média, 35% dos fertilizantes nitrogenados usados ​​no Brasil são perdidos na atmosfera como amônia, o que tem um grande impacto no meio ambiente e na economia”, disse o Dr. Segundo Urquiaga, cientista de solo do Centro de Pesquisa em Agrobiologia da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA).

À medida que a população mundial continua aumentando, a demanda por alimentos cresce com ela. Isso, por sua vez, significa expandir as indústrias pecuárias e uma dependência crescente de fertilizantes nitrogenados sintéticos e orgânicos para a produção de alimentos. Mas isso também significa mais emissões de amônia. Espera-se que essa tendência continue na próxima década, o que representa uma ameaça para a saúde das pessoas e para o meio ambiente.

Especialistas em países como o Brasil estão procurando maneiras de medir e mitigar as emissões de amônia na atmosfera. Muitos métodos sofisticados, como túneis de vento, técnicas de espectroscopia e técnicas micrometeorológicas já estão disponíveis, mas são caros e requerem técnicos de campo altamente qualificados para sua operação.

“Medir e mitigar esse processo foi trabalhoso, demorado e relativamente caro no passado”, disse o Dr. Urquiaga. “Essa nova técnica é econômica, rápida e pode ser adotada em qualquer lugar. Seu uso terá um impacto direto para os agricultores, que não apenas economizarão recursos, mas também reduzirão a poluição do ar. ”

Ferramenta nova e única

A nova ferramenta é tão simples que pode ser facilmente confundida com um projeto de ciências da escola primária. A câmara é feita removendo o fundo de uma garrafa pet de refrigerante e anexando-a ao topo da garrafa aberta. Isso protege uma fina tira de espuma que percorre o interior da garrafa da boca até um pequeno copo de plástico ancorado ao solo com três pontas de metal. Esta espuma é pré-embebida em uma solução ácida que retém a amônia. A câmara é colocada ao lado das plantas ou área de gado a ser monitorada e a espuma é removida a cada 24 horas e levada ao laboratório para análise.

Este dispositivo exclusivo e simples e instruções sobre como usá-lo foram criados por cientistas da Divisão Conjunta de Técnicas Nucleares da FAO / IAEA em Alimentos e Agricultura, EMBRAPA e Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR).

“Este dispositivo pode nos ajudar a entender as perdas de amônia e avançar para soluções inteligentes para o clima que deixam nitrogênio suficiente para aumentar a produtividade das plantas, especialmente em solos menos férteis e deficientes em nitrogênio, que podem ter um grande impacto na produção de alimentos”, disse o Dr. Mohammad Zaman, cientista do solo e nutricionista de plantas da Divisão de Técnicas Nucleares para Alimentação e Agricultura da FAO/IAEA.

O dispositivo pode ser usado por si só para medir com precisão as perdas de amônia, bem como em combinação com práticas agrícolas projetadas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e seu impacto no meio ambiente. Essas práticas incluem sistemas de irrigação por gotejamento, co-aplicação de fertilizantes com inibidores do processo de nitrogênio e rotação de culturas envolvendo leguminosas fixadoras de nitrogênio.

Solução simples, mas confiável

Uma grande preocupação com uma configuração tão simples era a confiabilidade de seus resultados. Para testar isso, os cientistas usaram uma técnica que envolve a adição de nitrogênio-15 ao fertilizante como uma maneira de rastrear, medir e comparar as quantidades de amônia capturadas pela câmara plástica versus a quantidade de amônia liberada, que foi determinado usando o método do balanço de massa de nitrogênio para verificar a quantidade de nitrogênio no solo ao longo do tempo. Como a amônia é um composto que contém nitrogênio, o método do nitrogênio-15 permite aos cientistas rastrear as perdas de amônia.

Os resultados dos testes mostraram que a câmara era confiável e adequada para rastrear as emissões de amônia de fertilizantes orgânicos e sintéticos usados ​​para culturas anuais e perenes, bem como para excrementos nos sistemas de criação de animais. “Este método é altamente eficiente e preciso na medição e monitoramento da amônia em comparação com o método tradicional de câmara fechada”,  afirmou o Dr. Urquiaga.

Especialistas em seis países – Brasil, Chile, Costa Rica, Etiópia, Irã e Paquistão – já começaram a usar a ferramenta. O uso mais amplo da ferramenta é esperado, disse Zaman, com a publicação prevista dos resultados do projeto em uma edição especial de uma revista científica internacional revisada por pares, bem como com um plano de recomendar ao Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) a inclusão da ferramenta como método para uso em sistemas agrícolas em todo o mundo, especialmente nos países em desenvolvimento.

Acesse a notícia na página da Agência Internacional de Energia Atômica (em inglês).

Fonte: Nicole Jawerth e Elisa Mattar, AIEA. Imagem: Embrapa.

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