Notícia

Consumo de café com cafeína tem efeitos benéficos e prejudiciais à saúde a curto prazo

Fonte

Associação Americana de Cardiologia

Data

terça-feira, 16 novembro 2021 06:00

Áreas

Nutrição Clínica. Saúde Pública

Um ensaio randomizado para estudar o consumo de café com cafeína entre 100 voluntários por duas semanas encontrou consequências potencialmente benéficas e prejudiciais para a saúde em curto prazo.

Quando os participantes foram aleatoriamente designados para beber café, eles eram mais fisicamente ativos, mas também apresentavam um número maior de batimentos cardíacos anormais e dormiam menos em comparação com quando foram designados aleatoriamente para evitar toda a cafeína.

Consumir café com cafeína parece ter efeitos benéficos e prejudiciais à saúde a curto prazo: aumento dos batimentos cardíacos anormais, aumento da atividade física e redução da duração do sono, de acordo com pesquisas recentes apresentadas nas Sessões Científicas de 2021 da Associação Americana de Cardiologia.

“O café é a bebida mais comumente consumida no mundo, mas seus efeitos na saúde permanecem incertos. Embora a maioria dos estudos observacionais de longo prazo tenham sugerido vários benefícios potenciais de beber café, este é o primeiro ensaio randomizado a investigar as consequências fisiológicas em tempo real do consumo de café”, disse o autor do estudo Gregory Marcus, chefe associado de cardiologia para pesquisa e professor na Universidade da Califórnia, San Francisco.

O pesquisador Marcus e seus colegas inscreveram 100 voluntários adultos e foram designados para usar dispositivos de ECG de registro contínuo (para monitorar o ritmo cardíaco), dispositivos usados ​​no pulso para monitorar a atividade física e o sono; e monitores contínuos de glicose para monitorar os níveis de açúcar no sangue por duas semanas. Os participantes tinham uma idade média de 38 anos, 51% eram mulheres e 48% eram brancos. Os pesquisadores também obtiveram amostras de DNA de saliva dos participantes para avaliar as variantes genéticas que podem afetar o metabolismo da cafeína.

Os participantes foram designados aleatoriamente para evitar ou consumir café por no máximo dois dias consecutivos cada um, por 14 dias consecutivos. O consumo de café e café expresso foi registrado em tempo real por meio de um “botão de registro de data e hora” no monitor de ECG, e os pesquisadores rastrearam as idas a cafeterias com geo-rastreamento. Além disso, os participantes preencheram questionários diários para detalhar a quantidade de café que haviam consumido todas as manhãs.

A análise descobriu que o consumo de café estava associado a um aumento de 54% nas contrações ventriculares prematuras, um tipo de batimento cardíaco anormal originado nas câmaras cardíacas inferiores, relatado como um batimento cardíaco pulado. Em contraste, beber mais café estava associado a menos episódios de taquicardia supraventricular, um ritmo cardíaco anormalmente rápido originado das câmaras cardíacas superiores.

O consumo de café foi consistentemente associado a mais atividade física e também a menos sono. Especificamente:

• Os participantes que consumiram café registraram mais de 1.000 passos adicionais por dia em comparação com os dias em que não tomaram café.
• Nos dias em que os participantes tomaram café, eles tiveram 36 minutos a menos de sono por noite, de acordo com seus dispositivos Fitbit.
• Beber mais de uma bebida de café mais do que dobrou o número de batimentos cardíacos irregulares decorrentes das câmaras inferiores do coração.
• Cada xícara adicional de café consumida estava associada a quase 600 passos a mais por dia e 18 minutos a menos de sono por noite.
• Não houve diferenças na glicose continuamente registrada medida quando os participantes do estudo consumiram versus o café evitado.

Essas descobertas foram corroboradas por análises de aderência à sua atribuição de randomização e ampliadas quando mais ou menos café foi consumido.

“Mais atividade física, que parece ser induzida pelo consumo de café, tem inúmeros benefícios à saúde, como riscos reduzidos de diabetes tipo 2 e vários tipos de câncer, e está associada a maior longevidade. Por outro lado, a redução do sono está associada a uma variedade de desfechos psiquiátricos, neurológicos e cardiovasculares adversos. Os batimentos cardíacos anormais mais frequentes das câmaras cardíacas superiores influenciam o risco de fibrilação atrial, e os batimentos anormais mais frequentes das câmaras inferiores, ou ventrículos, aumentam o risco de insuficiência cardíaca. Esses resultados destacam a relação complexa entre o café e a saúde”, disse o pesquisador Marcus.

Os participantes do estudo com variantes genéticas associadas ao metabolismo mais rápido da cafeína exibiram mais batimentos cardíacos anormais originados nos ventrículos, ou PVCs, quando mais café com cafeína foi consumido. Quanto mais lentamente um indivíduo metaboliza a cafeína com base em sua genética, mais sono ele perde quando bebe café com cafeína.

Os pesquisadores também procuraram determinar se as mudanças no exercício ou no sono influenciavam os efeitos do café nos ritmos cardíacos anormais, e nenhuma associação foi identificada.

Marcus observou que, como o café foi distribuído aleatoriamente aos participantes do estudo, causa e efeito podem ser inferidos. Essas observações foram feitas durante avaliações repetidas de dias em que o café foi consumido versus quando não era para cada participante do estudo, eliminando preocupações com relação às diferenças nas características de nível individual como uma explicação para esses resultados.

Acesse a notícia completa na página da Associação Americana de Cardiologia (em inglês).

Fonte: Bridgette McNeill, Associação Americana de Cardiologia. Imagem: Freepik.

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