Notícia

Compostos bioativos, que reduzem o risco de doenças crônicas, ainda são pouco consumidos no Brasil

Estudos indicam que indivíduos que consomem mais compostos bioativos têm menor risco de desenvolver doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, doenças neurodegenerativas, degeneração macular relacionada à idade e alguns tipos de câncer

Silviarita, via Pixabay

Fonte

Agência FAPESP

Data

terça-feira, 21 setembro 2021 09:55

Áreas

Nutrição Clínica. Nutrição Coletividades. Nutrição Funcional. Saúde Pública

Uma pesquisa de doutorado conduzida na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (FCF-USP) revelou que a ingestão de compostos bioativos pela população brasileira é muito baixa.

Presentes em alimentos de origem vegetal, como frutas, hortaliças, leguminosas e cereais, os compostos bioativos dos alimentos não são tão importantes para o organismo humano como os nutrientes essenciais, mas, com o consumo contínuo e em quantidades significativas, conferem vários benefícios à saúde por meio de suas ações antioxidante, anti-inflamatória, vasodilatadora e anticarcinogênica.

Estudos epidemiológicos indicam que indivíduos que consomem mais compostos bioativos têm menor risco de desenvolver doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, doenças neurodegenerativas, degeneração macular relacionada à idade e alguns tipos de câncer.

A pesquisa da FCF-USP foi conduzida pela nutricionista Dra. Renata Alves Carnauba, que utilizou a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF 2008-2009) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para analisar dados de consumo alimentar de 34 mil indivíduos com 10 anos ou mais de idade, distribuídos nas cinco regiões do país e nas áreas urbanas e rurais.

O trabalho foi coordenado pelo professor Dr. Franco Lajolo, da FCF-USP, que é membro do Centro de Pesquisa em Alimentos (FoRC), um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) da FAPESP sediado na FCF-USP.

Os resultados – publicados em dois artigos na revista científica British Journal of Nutrition – mostraram que a ingestão média de carotenoides, uma das classes de compostos bioativos, foi de 1,8 mg/1000kcal por dia. “Em países como Espanha e Estados Unidos, por exemplo, foi estimado um consumo médio diário de carotenoides de 5,9 mg e 7,4 mg, respectivamente”, aponta a Dra. Carnauba, em entrevista à Assessoria de Comunicação do FoRC.

Já o consumo diário de compostos fenólicos no Brasil foi de 204 mg/1000kcal, contra 820 mg na França, 863 mg na Finlândia e 1.492 mg no Japão. Para os glicosinolatos, o resultado foi ainda mais baixo, com consumo mediano próximo a zero. Para outras populações, como da Espanha e da Holanda, foi estimada uma ingestão diária de 6,5 mg e 14,2 mg.

Segundo a pesquisadora, o baixo consumo de compostos bioativos pela população brasileira está relacionado, principalmente, à baixa qualidade de sua alimentação. “Menos de 10% da população brasileira atingiu o consumo diário de 400 g de frutas e hortaliças, que é a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) para reduzir o risco de doenças crônicas”, afirma.

Além disso, o consumo de alimentos com alto teor energético e poucos nutrientes tem aumentado e a ingestão de fibras alimentares e micronutrientes é insuficiente, de acordo com informações das últimas duas POFs (2008-2009 e 2017-2018).

Essa baixa qualidade da dieta do brasileiro se reflete, ainda, no risco de desenvolvimento de doenças crônicas. “De forma geral, as medianas de ingestão que encontrei para o brasileiro são, no mínimo, duas vezes menores do que os valores encontrados em estudos epidemiológicos para redução do risco de desenvolvimento de doenças crônicas”, completa a Dra. Carnauba.

A renda é um fator determinante para a ingestão dos compostos bioativos. Indivíduos nas faixas mais altas de renda apresentaram consumo significativamente maior de carotenoides e compostos fenólicos do que aqueles nas faixas mais baixas. “Isso acontece porque o consumo de frutas e hortaliças, principais fontes alimentares desses compostos, cresce muito com o aumento da renda. Nós observamos isso tanto na população brasileira como de outros países”, disse a pesquisadora. Por outro lado, indivíduos com rendas mais baixas apresentaram maior consumo de alimentos “tradicionais”, como milho e batata-doce, que também possuem esses compostos.

“Outras razões podem explicar as diferenças de consumo observadas entre as populações, como hábitos e preferências alimentares, que se relacionam com a disponibilidade de alimentos, crença e cultura locais”, acrescentou a pesquisadora.

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Agência FAPESP.

Fonte: Agência FAPESP com informações da Assessoria de Comunicação do FoRC. Imagem: Silviarita, via Pixabay.

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