Notícia

Alimentando as gerações futuras usando receitas do passado

Fonte

FAO | Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura

Data

quarta-feira, 6 março 2019 10:50

Áreas

Nutrição Clínica. Nutrição Coletividades. Saúde Pública

No alto das montanhas Cuchumatanes, na Guatemala, o almoço é servido na casa de Torres. Catarina coloca um prato fumegante de empanadas – massa recheada com tomates, cebolas e verduras – na mesa de jantar diante de suas três filhas, cujos olhos brilham em antecipação. Embora a receita venha de um novo livro de receitas criado especificamente para as cerca de 2.000 famílias do Triângulo Ixil, na região de Quiché, as receitas são baseadas em conhecimentos ancestrais e culturas nativas. Após 36 anos de guerra civil, as receitas normalmente transmitidas de mãe para filha foram perdidas e os níveis de pobreza e desnutrição foram elevados. Alimentos processados ​​substituíram vegetais e ervas cultivados localmente.

“Quando eu era menina, não fazia ideia de que essas ervas e vegetais que eu cozinho hoje existiam”, diz Catarina, que tinha 15 anos quando a paz foi finalmente restaurada em sua região. Não foi apenas o povo que sofreu durante os longos anos de conflito, foi também o modo de vida maia. Quando a paz chegou a Ixil, chegou a ruas que eram silenciosas, campos incultos, sem flores, sem plantações. O despovoamento em massa, alguns diretamente forçados, alguns indiretamente por necessidade, levaram a uma lacuna de conhecimento e uma profunda desconexão entre gerações.

Um Programa Conjunto da ONU para o Desenvolvimento Rural Integrado, liderado pela FAO, pelo PNUD e pela OPAS / OMS e financiado pelo governo da Suécia, está agora apoiando as famílias rurais da região. Como parte de suas atividades, a FAO e o MAGA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Alimentos da Guatemala) iniciaram um programa de educação nutricional para reviver as antigas tradições de culinária com culturas nativas e cheias de nutrientes. Além de um livro de culinária típico da região, o programa também oferece treinamento sobre o cultivo de culturas nativas, além de lições sobre culinária de acordo com as melhores práticas nutricionais. “A ideia é que as famílias retornem às suas tradições culturais ancestrais”, diz o técnico em nutrição da FAO, Jonás Colón. “Essas práticas são muito mais fáceis para as famílias adotarem porque estão familiarizadas com o sabor dos alimentos que estão cultivando”, acrescenta. Seguindo a tradição e cultivando espécies nativas, os aldeões podem economizar tempo e dinheiro ao não usar fertilizantes e inseticidas.

Embora as taxas de pobreza e desnutrição já sejam altas na região de Quiché, essas taxas são ainda maiores entre a população Ixil. A taxa de pobreza gira em torno de 87% de todas as famílias, enquanto mais de dois terços das crianças nos três municípios de Santa Maria Nebaj, San Juan Cotzal e San Gaspar Chajul sofrem de desnutrição crônica e baixa estatura para a idade. E, de acordo com os dados da FAO, esses números estão aumentando, em parte devido à falta de acesso às aldeias, mas também à falta de educação entre os pais ixil. Em 2015, o Centro de Recuperação Nutricional recebeu 50 crianças da área de Ixil que sofreram de perda severa. Usando a metodologia de treinamento desenvolvida pela FAO, a equipe deste centro de programa conjunto da ONU preparou cardápios nutricionais especificamente para as mães. Catarina se juntou a um grupo de 17 mulheres da comunidade para aprender mais sobre como cultivar espécies nativas de ervas e plantas e integrá-las ao regime alimentar de suas famílias da maneira mais nutricional possível.

O programa de educação nutricional fez uma enorme diferença para as famílias e para a comunidade como um todo. As aulas de culinária, o conhecimento nutricional fortalecido e o apoio técnico estão ajudando a reduzir todas as formas de desnutrição. 

Acesse a notícia completa na página da FAO.(em inglês)

Fonte: FAO. Imagem: Pixabay.

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