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Abordagem ‘One Health’ pode ajudar no combate às bactérias resistentes a antibióticos

Pesquisadores analisam como as bactérias com resistência antimicrobiana são transferidas dos alimentos de origem animal para as pessoas e buscam novas formas de controlar o problema

Pixabay

Fonte

FoRC | Centro de Pesquisa em Alimentos

Data

terça-feira, 13 julho 2021 09:05

Áreas

Ciência e Tecnologia de Alimentos. Medicina Veterinária. Nutrição Coletividades. Segurança Alimentar

A resistência antimicrobiana é um dos maiores desafios de saúde pública da atualidade. Pesquisadores da Universidade Federal de Viçosa (UFV) investigam como as bactérias resistentes estão distribuídas entre as cadeias produtivas de alimentos de origem animal no Brasil. Com isso, é possível pesquisar novas estratégias para minimizar esse problema. O estudo é conduzido sob a ótica do One Health (Saúde Única, em português), uma abordagem multidisciplinar que integra saúde humana, saúde animal e meio ambiente. O movimento considera que o equilíbrio entre essas frentes é essencial para prevenir e controlar as enfermidades de forma mais eficaz.

Segundo o médico veterinário Dr. Luís Augusto Nero, professor da UFV e coordenador do estudo, a seleção de cepas de bactérias resistentes ocorre não só com o uso de antibióticos em seres humanos, mas também com o tratamento das enfermidades dos animais, geralmente feito com antimicrobianos. Os micro-organismos contendo genes que conferem resistência a antimicrobianos acabam contaminando os alimentos derivados desses animais. Genes de resistência a antibióticos podem ser transferidos por meio de elementos genéticos móveis, ou seja, entre micro-organismos da mesma espécie, gênero e até mesmo entre bactérias não relacionadas.

“Ao consumir os alimentos, entramos em contato com esses micro-organismos resistentes, que podem transferir genes que conferem resistência antimicrobiana para outros micro-organismos, afetando a nossa microbiota e tornando-a mais resistente”, afirma o Dr. Luís Nero. Caso nosso sistema imunológico esteja enfraquecido por algum motivo de saúde, pode ter início uma infecção de difícil controle quando parte de bactérias resistentes.

Para estudar a resistência antimicrobiana, os pesquisadores coletaram amostras em diferentes pontos da cadeia produtiva, inclusive de indivíduos que atuam na produção dos animais, indivíduos que atuam no processamento dos alimentos na indústria, animais produtores etc. “Nos alimentos finais, nós coletamos amostras isoladas da bactéria E. coli, que é o nosso indicador de resistência. O próximo passo é traçar o perfil de resistência de todas essas bactérias isoladas”.

Entender como cada etapa da cadeia produtiva contribui para a disseminação de micro-organismos resistentes é essencial para pensar em melhores técnicas para combater esse fenômeno, explica o Dr. Nero. Alguns estudos propõem alternativas de tratamento aos animais de produção, substituindo antibióticos convencionais por outras substâncias, tais como: probióticos – culturas bacterianas que impedem a atividade de patógenos de diferentes formas, como produção de bacteriocinas – e substâncias naturais com comprovada eficiência no controle de agentes patogênicos, como fitoterápicos. “Isso considerando que o uso indiscriminado de antibióticos é uma das principais causas da seleção de micro-organismos resistentes, mas não a única. Há indícios de que alguns micro-organismos são naturalmente resistentes a antimicrobianos e podem transferir esses genes resistentes para as gerações futuras”.

De acordo com o professor, é preciso considerar que mesmo as terapias alternativas podem selecionar micro-organismos resistentes, já que se trata de um mecanismo natural de adaptação das bactérias. O Dr. Nero ressalta que todas as propostas também devem estar alinhadas ao One Health. “As substâncias devem ser analisadas com cautela para efetiva demonstração de seu efeito antimicrobiano e a verificação de eventuais danos aos animais. Também é preciso avaliar o impacto ambiental, o resíduo que determinado produto alternativo pode gerar no ambiente, e consequentemente para os animais e seres humanos”.

A atual pandemia é um exemplo evidente de como o ambiente pode impactar a permanência de um agente infeccioso em uma população e de como os animais podem contribuir ou não para a sua disseminação nos seres humanos. “O entendimento da Covid-19 compreende uma relação ambiental-humana muito mais ampla, não limitada aos animais. O animal pode ter servido como pontapé inicial, mas hoje sabe-se que a participação dos animais na manutenção da transmissão do vírus é praticamente ínfima, assim como o contágio por meio de alimentos”, explica o pesquisador.

Acesse a notícia completa na página da FoRC – Centro de Pesquisa em Alimentos.

Fonte: Alimentos sem mito,  FoRC – Centro de Pesquisa em Alimentos. Imagem: Pixabay.

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