Destaque

Consumo de peixes não-convencionais une sabor, nutrição e fortalecimento da pesca regional

Fonte

IP | Instituto de Pesca do Estado de São Paulo

Data

quinta-feira, 1 abril 2021 14:50

Betara, Palombeta, Salteira…que tal experimentar um desses peixes na época da Páscoa?

O Instituto de Pesca (IP-APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, desenvolve pesquisas e ações visando ampliar o consumo dos chamados Peixes Não-convencionais (Penacos). Os trabalhos abrangem desde a qualidade nutricional desse alimento, ao aspecto social relacionado à pesca e o potencial de mercado envolvido, com foco no consumo consciente.

“O termo Penacos surgiu em Santos, através de um chef de cozinha que é também um estudioso, Fábio Leal, mas já está em muitos estados”, disse a Dra. Erika Fabiane Furlan, pesquisadora do IP. Como explica, basicamente, os Penacos são espécies de peixes usadas tradicionalmente por populações de pescadores e ribeirinhos, mas que tem menor valor comercial, por não serem usualmente conhecidas e consumidas por públicos mais amplos.

“Esse termo já está tão bem estabelecido que pescadores de algumas colônias já se referem às espécies como Penacos”, afirma a Dra.Ingrid Cabral Machado, também pesquisadora do Instituto. Para ela, a intenção de abarcar essas espécies sob a sigla é uma estratégia para auxiliar na conscientização do consumidor sobre a importância de consumi-los. “O pescador artesanal, que trabalha em baixa escala, em regime de economia familiar, acaba obtendo essas espécies na pesca e encontra dificuldade em comercializar”, prossegue a Dra. Ingrid. “Há também uma sazonalidade na produção: ele não tem todas as espécies o tempo todo, existe uma flutuação. A ideia é conseguir mercado para esses peixes também”, explica apsquiaora.

Consumidor paulista ainda carece de conhecimento sobre pescado

As especialistas do IP dizem que apesar de seu vasto litoral e grande quantidade de rios, o consumidor paulista – assim como de boa parte do Sudeste e Sul brasileiros – ainda não vê o peixe como uma de suas principais fontes de proteína na alimentação diária.

Nos grandes centros urbanos, acreditam, as pessoas têm menos contato com pescado, limitando-se a consumi-los em ocasiões especiais. “Muitas vezes o consumidor não diferencia nem mesmo quais peixes são marinhos e quais de água doce”, menciona a Dra Erika, para quem muita gente tem dificuldade na escolha do pescado, por não ter o hábito de prepará-lo em casa. “Isso a gente vê nitidamente, por exemplo, quando vai conversar com os jovens, que comem muito fora de casa. Quando você fala de um ingrediente ele não sabe dizer o que é e nem como escolher, porque não tem o hábito de cozinhar. Às vezes os próprios pais já não tinham mais”, exemplifica. A pesquisadora constata que, no geral, o consumidor brasileiro muitas vezes não conhece nem mesmo as espécies convencionais de pescado, limitando-se ao salmão, ou tilápia (comercializada como Saint-Peter), por exemplo.

“As pessoas, muitas vezes, sequer conhecem os peixes que são pescados ou produzidos na própria região”, completa a Dra. Ingrid, lembrando que mesmo em cidades do litoral de São Paulo, é mais regra que exceção os restaurantes servirem espécies importadas, como a merluza argentina ou a polaca do Alaska, ao invés das encontradas localmente. “O assunto é importante porque falta realmente o conhecimento por parte do consumidor”, coloca a pesquisadora.

A importância do consumo responsável

As pesquisadoras do IP defendem que junto com um aumento da informação do consumidor sobre os pescados, tende a surgir uma maior preocupação com as origens e características de cada produto, o que se relaciona à tendência do consumo responsável, que engloba aspectos ambientais, sociais e econômicos. De acordo com a Dra. Ingrid, a este respeito, existem duas etapas diferentes na cadeia. “Quando se fala de pesca responsável, se refere às boas práticas na atividade em si: não praticar pesca predatória, respeitar o defeso, evitar espécies que estão em listas de ameaçadas, fazer a escolha correta de petrechos, buscar reduzir o rejeito na pesca”, diz a pesquisadora do IP. Já o consumo responsável, pormenoriza, envolve diretamente o consumidor, relacionando-o com esses preceitos. “É o conhecimento de que existem espécies que estão ameaçadas de extinção que ele deve preterir na hora da compra, também em relação ao tamanho dos peixes que são comercializados, que deve obedecer certas regras, entre outras coisas”, complementa.

Já a Dra. Erika levanta também a questão da sazonalidade de cada espécie e faz uma analogia às “frutas da época”. “Assim como muitas frutas têm as estações do ano, o peixe também, pois tem épocas em que está no defeso e não pode ser capturado e tem épocas em que está disponível e é mais facilmente pescado”, detalha. Conforme elucida, a observância à essa sazonalidade está relacionada tanto à manutenção dos estoques pesqueiros quanto à qualidade e preço do que está sendo vendido.

Especificamente quanto aos valores encontrados, a Dra. Erika menciona que esse ainda mostra-se um empecilho para maior aceitação do pescado. No entanto, acredita estar havendo melhoras no cenário. “Ainda escutamos do consumidor que o pescado é muito caro, e com menor rendimento quando comparado à carne bovina, por exemplo. Entretanto, como nesse ano tivemos uma alta no preço de algumas carnes, o peixe ficou mais competitivo e, assim, o consumidor que não levava esse produto para casa por causa do preço, começou a levar”, assegura. De outro lado, a especialista credita essa maior procura a um apelo à saudabilidade do pescado, fazendo com que as pessoas levem em conta esse valor agregado num momento de preocupação com a saúde. No que diz respeito ao preço, garantem as especialistas, os Penacos são um caminho interessante, por serem espécies que frequentemente são pescadas em quantidade e acabam até mesmo descartadas, por que a indústria não vê valor comercial.

A pesquisadora Dra. Ingrid ressalta ainda um outro viés central na questão, o aspecto social. “Consumo responsável tem muito a ver com isso: reconhecer a procedência do pescado e relacionar a uma comunidade que esteja trabalhando em regime de economia familiar, dar preferência a este tipo de processo”, enfatiza. A especialista diz que já há restaurantes que trabalham com esse conceito, trazendo ao consumidor o conhecimento de que o pescado que ele está comendo foi obtido pelo trabalho de determinada comunidade, como uma atividade tradicional. Para a Dra. Ingrid, isso é um processo educativo: levar ao consumidor uma preocupação que não está internalizada. “Nesse nosso universo de consumo, muitas vezes olhamos para os produtos e não enxergamos quem produziu. Existe uma dissociação entre aquilo que nos nutre, o alimento, e aquelas pessoas que o produziram”, pondera a pesquisadora.

Acesse a notícia completa na página do Instituto de Pesca do Estado de São Paulo.

Fonte: Assessoria de Comunicação da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.

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