Notícia

Inovação na agricultura gera economia sem danos à natureza

A água residuária do café é tóxica e necessita de tratamento adequado para ser reutilizada e como outros rejeitos, elas são descartadas em barragens trazendo inúmeros prejuízos socioambientais

Pixabay

Fonte

FAPEMIG | Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais

Data

segunda-feira, 5 junho 2023 20:00

Áreas

Agricultura. Agronegócio. Agronomia. Biotecnologia. Ciências Agrárias. Sustentabilidade

A busca por soluções que minimizem os impactos ao meio ambiente é uma vertente de fomento a pesquisas pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG). Apoiado nisso, o engenheiro agrônomo e pesquisador Dr. Enio Tarso de Souza Costa, coordenador do curso de Agronomia da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), desenvolveu um método de tratamento de águas residuárias da agricultura utilizando o subproduto da indústria cerâmica.

O projeto vai ao encontro do objetivo do Dia Mundial do Meio Ambiente que incentiva ações de desenvolvimento sustentável. Por meio do método desenvolvido, há ganhos econômicos e ambientais nos processos de produção agrícola e industrial. “Todo subproduto pode ser aproveitado, mas necessita primeiro ser avaliado quanto aos benefícios e malefícios do seu uso”. Ensina o Dr. Enio de Souza, que um subproduto primeiro deve ser avaliado quanto a possibilidade de ser utilizados pela própria indústria ou por outra atividade distinta.

O impacto dos subprodutos

A água residuária do café é tóxica e necessita de tratamento adequado para ser reutilizada. Assim como outros rejeitos, elas são descartadas em barragens trazendo inúmeros prejuízos socioambientais. O Dr. Enio de Souza conta que, além disso, por conter restos orgânicos dos grãos e nutrientes, quando armazenada, possui um forte odor. O método proposto apresenta um tratamento químico e físico capaz de filtrar o líquido, conservando e elevando alguns nutrientes muito exigido pelas lavouras.

A proposta une o subproduto das duas áreas distintas: as águas residuárias da cafeicultura e o subproduto da indústria de cerâmica. De acordo com o agrônomo, a ideia surgiu ainda na graduação, a partir de uma inquietação acerca da quantidade de resíduos depositados no ambiente. Na época, estudando na Universidade Federal de Lavras (UFLA), orientado pelo professor Dr. Luiz Roberto Guimarães Guilherme, ele trabalhou com a lama vermelha e a lama oriunda da mineração de ferro.

Ele lembra que já era um objetivo evitar o depósito de rejeito em barragens e reutilizar alguns elementos químicos presentes no minério para a agricultura. A ideia persistiu e, após passar em um concurso na UFU, ele descobriu a indústria de cerâmicas em uma região referência na cafeicultura. “Isso me chamou atenção porque eu teria um resíduo capaz de se tornar um ótimo adsorvente [filtro] que estava sendo descartado. Pensamos em dar um fim mais nobre a esse material, para ele ser reutilizado de forma mais racional e até rentável para a indústria”, contou o pesquisador.

O tratamento começa com a aplicação de compostos químicos que separam alguns particulados orgânicos em suspensão mantendo os nutrientes, como potássio que é muito exigido pela planta. Nessa etapa, o tratamento também possibilita adição de outros nutrientes, como cálcio e magnésio, que ficam retidos em pequenas quantidades durante o processo de filtragem. Após a primeira separação, a água passa pela coluna de subprodutos da cerâmica, quando é gerado o líquido adequado para reutilização.

Durante o processo, o agrônomo conta que a análise da água residuária mostrou-se surpreendente devido à quantidade de nutrientes encontrados, sobretudo o potássio. Além desse nutriente, destacam-se o fósforo, o nitrogênio e componentes orgânicos (casca e poupa do café) extremamente importantes para a fertilização do campo. “A ideia era utilizar o subproduto da cerâmica para filtrar esta água e ela retornar à lavoura”, explicou o Dr. Enio de Souza.

Ele ainda destacou que, em uma pesquisa secundária, foi analisada a aplicação da água tratada no solo. Após a utilização desta água percebeu-se que a lixiviação de potássio no solo foi menor, quando comparado à movimentação do nutriente adicionado via água tratada em relação a alguns fertilizantes convencionais. Isso significa que a infiltração das substâncias na terra até o encontro com os lençóis freáticos, mostrou-se menor quando comparado aos fertilizantes industriais.

A iniciativa promissora tem um pedido de proteção intelectual e, agora, foca na expansão da pesquisa e na realização de experimentos em grande escala. “Nós estamos com o desafio de testar o projeto em escala maior para que possamos atender às propriedades da região. Já fizemos o contato com alguns produtores e cooperativas. Existe um desejo de trabalhar junto, mas ele ainda não foi consolidado”. O Dr. Enio Souza também conta que está em contato com indústrias da região com o objetivo de produzir um processo mecânico para a primeira parte da filtragem em separar os rejeitos mais densos.

Acesse a notícia completa na página da FAPEMIG.

Fonte: Bárbara Teixeira, FAPEMIG. Imagem: Pixabay.

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