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Perdas de produtos hortifrutigranjeiros: técnicos abordam onde ocorrem e principais motivos

Quanto mais o alimento é apertado e leva pancadas, mais sofre abrasão, mais aumenta a sua respiração e mais rápido se deteriora

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Fonte

APTA | Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios

Data

sexta-feira, 12 fevereiro 2021 09:40

Áreas

Agricultura. Agronomia. Biotecnologia. Ciência e Tecnologia de Alimentos. Educação Nutricional. Nutrição Coletividades

Para melhor conservação de qualquer produto hortícola, é necessário diminuir dois eventos fisiológicos: a respiração, que consome as reservas do produto, sendo que o aumento na taxa respiratória das frutas e hortaliças faz com que entram em senescência mais rápido e morram; e a transpiração, que faz com que o produto comece a murchar.
Quanto mais o alimento é apertado e leva pancadas, mais sofre abrasão, mais aumenta a sua respiração e mais rápido se deteriora.

Por isso, os cuidados devem começar na hora da colheita: “É preciso colher com cuidado, de preferência com tesoura; evitar ou reduzir ao máximo as pancadas; não colocar peso em cima das caixas; usar pallets; enfim, quanto maior o cuidado na colheita, mais o produto irá durar”, ensina o Dr. Gabriel Bitencourt, chefe da Seção do Centro de Qualidade Hortigranjeira da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp).

No entanto, é no varejo que ocorrem as maiores perdas. O varejista deve evitar as pilhas de produtos, sendo preferível deixar em caixas para reduzir o manuseio e as pancadas, oferecendo maior durabilidade. A maneira mais correta é diminuir a respiração, baixando a temperatura. “Essa é uma maneira eficiente de fazer o produto durar mais; a cada 10ºC de redução na temperatura, a respiração chega a baixar de duas a três vezes”, enfatiza o Dr. Bitencourt, acrescentando que este é o maior entrave: “Essa cadeia de frio é complicada, nem sempre é possível que o produtor tenha câmara fria em seu galpão e caminhão refrigerado para transporte; chegando nas Centrais de Abastecimento, nem sempre há câmaras frias para todos e o varejo normalmente não conta com elas”.

Essas medidas aumentariam razoavelmente a vida dos produtos no pós-colheita, porém, para isso, é preciso investimento em toda a cadeia, do campo ao consumidor final. O Projeto Microbacias II – Acesso ao Mercado, desenvolvido pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, via Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável (CDRS), de 2010 a 2018, proporcionou a aquisição de câmaras frias e caminhões refrigerados por cooperativas de produtores que apresentaram Proposta de Negócio ao Projeto. Na ocasião, mais de uma centena de cooperativas foram beneficiadas e puderam agregar valor ao seu produto.

Existem ainda os danos mecânicos advindos já dos pomares e/ou hortas ou ocasionados durante a colheita e/ou transporte. Esses ferimentos e rachaduras no alimento causam a entrada de micro-organismos e a síntese de etileno, que faz com que amadureçam mais depressa e fiquem moles. Eles também provocam aumento na respiração e os produtos tornam-se fáceis de serem amassados por outros. “O ideal é manusear os produtos em ambientes com umidade relativa do ar por volta de 95%, pois evitará a transpiração e, consequentemente, que os produtos murchem”, disse o Dr. Bittencourt. Ou seja, quanto mais seco estiver o ar, mais perderão água e irão murchar rapidamente. Esse problema se agrava nos períodos de inverno e estiagem em São Paulo, quando a umidade relativa do ar fica muito baixa.

É preciso tomar, em toda cadeia, as providências que evitem o aumento da respiração do produto: treinar a mão de obra para ter os devidos cuidados no manuseio; fazer uso de embalagens adequadas; ter cuidados no transporte e nas operações de carga e descarga, e, que sejam, de preferência, paletizadas; evitar colocar próximo de produtos que emitam etileno ou sejam sensíveis ao etileno. “Por exemplo, a melancia não emite etileno, mas é extremamente sensível a ele; então, se estiver próxima a outras frutas, como maracujá e maçã, que emitem etileno, a polpa da melancia irá se degradar muito fácil”, exemplifica o responsável na Ceagesp.

O Dr. Bittencourt também afirma que as perdas no setor são ‘chutes’. “Geralmente se fala em torno de 40% de perdas, mas não se pode dizer isso, porque há produtos que respiram mais, outros menos, além do que as condições são muito variáveis. A maior parte das perdas ocorre no varejo; grande parte no domicílio dos consumidores, por estes não aproveitarem as épocas certas de cada produto, quando tem melhor qualidade e durabilidade. As pessoas também compram produtos sem saber o que ocorreu e a perda é consequência direta da vida durante a colheita e no pós-colheita. Aí o produto apodrece antes de ser consumido, gerando desperdício de produto e de dinheiro”.

“Na Ceagesp, com exceção do mamão formosa e do abacaxi, que vêm a granel no caminhão, são recebidos cerca de 10 a 12 toneladas/dia e perdem-se em torno de 100 quilos, sendo a metade disso lixo orgânico, ou seja, é uma perda em torno de 5%”, garante o Dr. Gabriel Bittencourt.

Os engenheiros agrônomos Sergio Ishicava e Gilberto Figueiredo, o primeiro da CDRS Regional Bauru e o segundo da CDRS Regional Pindamonhangaba, ambos atuando na Casa da Agricultura de Caraguatatuba, reconhecem que a afirmação do Dr. Gabriel Bitencourt é uma realidade que eles acompanham no dia a dia a partir do campo. Extensionistas da CDRS, os dois são responsáveis técnicos pela cadeia da olericultura e capacitam produtores na aplicação das Boas Práticas Agrícolas (BPA), as quais pregam os cuidados com os produtos ainda no campo e na hora da colheita, que normalmente é manual para frutas e verduras.

Gilberto Figueiredo defende que o manejo e a adubação são fatores essenciais que devem ser observados ainda no campo. “A aplicação correta de nitrogênio, fósforo e potássio vai influenciar em toda a vida de prateleira, em especial das folhosas. O nitrogênio vai evitar pragas e a perda de água, porém o excesso vai tornar a planta mais sensível; o fósforo vai proporcionar um melhor enraizamento; já o potássio dará uma melhor estrutura nas células, deixando as plantas mais firmes e crocantes”, explica o técnico. Em relação à irrigação, Figueiredo diz ela ser fundamental. “A irrigação já não é um diferencial na produção de folhosas, porém é preciso ser feita de forma correta, seja por gotejamento, aspersão ou outro método. E é importante que ocorra nas horas certas do dia e na quantidade adequada; nem mais, nem menos”.

Em relação às telas e estufas, Figueiredo acredita que devam ser utilizadas por produtores mais tecnificados, porque o uso errado, ao invés de favorecer, pode atrapalhar e o investimento, que costuma ser alto, pode não resultar em ganhos. “Uma das telas com resultado mais eficiente é a aluminizada, em especial para as condições do Estado de São Paulo, com longas estiagens e pouca umidade nas principais regiões produtoras, pois refletem o calor e a temperatura”. Outro fator, ainda no campo, é a escolha das variedades que irão influenciar na hora da colheita. “O produtor tem que estar atento em qual situação climática vai ocorrer a colheita e escolher as variedades mais resistentes para aquela determinada época. Depois de colhidas, principalmente em relação às FLV (Frutas, Legumes e Verduras), o cuidado deve estar no transporte: “Um caminhão isotérmico ou o uso de uma lona isotérmica vão garantir que cheguem ao local de comercialização em melhores condições.

Acesse a notícia completa na página da APTA.

Fonte: APTA. Imagem: Pixabay.

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