Notícia
Dieta Low Carb estilo Atkins pode levar a discreta melhora da cognição em idosos
Pesquisadores analisaram se pessoas com comprometimento cognitivo leve se beneficiariam de dieta que forçasse o cérebro a usar cetonas em vez de carboidratos
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Fonte
Universidade Johns Hopkins
Data
quarta-feira, 10 julho 2019 15:35
Áreas
Nutrição Clínica. Saúde Pública
Em estudo piloto com 14 idosos que apresentavam problemas cognitivos leves, sugestivos de doença de Alzheimer precoce, pesquisadores da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, descobriram que uma dieta rica em gordura e pobre em carboidratos pode melhorar a função cerebral e a memória.
Encontrar participantes do estudo dispostos a aderirem a dietas restritivas durante três meses – ou parceiros dispostos a ajudá-los a manter essas dietas – foi desafiador, dizem os pesquisadores, mas aqueles que experimentaram uma dieta modificada de Atkins, caracterizada por baixa quantidade de carboidratos e gordura extra, tiveram pequenas mas mensuráveis melhorias nos testes padronizados de memória, em comparação com aqueles com uma dieta com baixo teor de gordura.
Os resultados em curto prazo, publicados na revista Alzheimer’s Disease, estão longe de provar que a dieta modificada de Atkins tem o potencial de evitar a progressão do comprometimento cognitivo leve para a doença de Alzheimer ou outras demências. No entanto, estes resultados são promissores o suficiente, segundo os pesquisadores, para garantir estudos maiores e de longo prazo sobre o impacto da dieta na função cerebral.
“Se pudermos confirmar essas descobertas preliminares e usar mudanças na dieta para mitigar a perda cognitiva da demência em estágio inicial, isto seria uma mudança significativa”, disse o Dr. Jason Brandt, professor de psiquiatria, ciências comportamentais e neurologia da Escola de Medicina da Universidade Johns Hopkins. “É algo que mais de 400 drogas experimentais não conseguiram fazer em ensaios clínicos”, completa o especialista.
Normalmente, o cérebro usa a glicose como combustível primário, explica o Dr. Brandt. No entanto, a pesquisa mostrou que no estágio inicial da doença de Alzheimer, o cérebro não é capaz de usar eficientemente a glicose como fonte de energia. Alguns especialistas, diz ele, até se referem ao Alzheimer como “diabetes tipo 3”.
Usando imagens cerebrais que mostram o consumo de energia, os pesquisadores descobriram que as cetonas – substâncias químicas formadas durante a decomposição da gordura da dieta – podem ser usadas como fonte de energia alternativa no cérebro de pessoas saudáveis e com comprometimento cognitivo leve. Por exemplo, quando uma pessoa está em uma dieta cetogênica, consistindo de muita gordura e muito poucos açúcares e amidos, o cérebro e o corpo usam cetonas como fonte de energia em vez de carboidratos.
Após dois anos e meio de esforços de recrutamento, os pesquisadores puderam inscrever 27 pessoas no estudo de dieta de 12 semanas. Houve alguns desistentes, e até agora 14 participantes completaram o estudo. Os participantes tinham uma idade média de 71 anos, sendo que metade são mulheres e todas, menos uma, brancas.
Nove participantes seguiram uma dieta modificada de Atkins destinada a restringir carboidratos a 20 gramas por dia ou menos, sem restrição de calorias. O americano típico consome entre 200 e 300 gramas de carboidratos por dia. Os outros cinco participantes seguiram uma dieta do Instituto Nacional do Envelhecimento, semelhante à dieta mediterrânea, que não restringe os carboidratos, mas favorece frutas, legumes, laticínios com baixo teor de gordura, grãos integrais e proteínas magras, como frutos do mar ou frango.
Os participantes e seus parceiros também foram solicitados a manter diários alimentares. Antes de iniciar a dieta, os participantes designados para a dieta modificada de Atkins consumiam cerca de 158 gramas de carboidratos por dia. Na sexta semana da dieta, eles reduziram para uma média de 38,5 gramas de carboidratos por dia e continuaram reduzindo até a 9ª semana, mas ainda aquém da meta de 20 gramas, antes de subir para uma média de 53 gramas de carboidratos até a 12ª semana. Enquanto isso, participantes da dieta do Instituto Nacional do Envelhecimento consumiram bem mais de 100 gramas de carboidratos por dia.
Cada participante também forneceu amostras de urina no início dos regimes alimentares e a cada três semanas até o final do estudo, que foram usadas para rastrear os níveis de cetona. Os participantes completaram a Avaliação Cognitiva de Montreal, o Exame do Mini-Estado Mental e a Escala de Avaliação Clínica de Demência no início do estudo. Eles foram testados com uma breve coleta de testes de memória neuropsicológica antes de iniciar suas dietas e com seis semanas e 12 semanas de dieta. Na marca de seis semanas, os pesquisadores descobriram uma melhoria significativa nos testes de memória, que coincidiram com os mais altos níveis de cetonas e menor ingestão de carboidratos.
Ao comparar os resultados dos testes sobre a capacidade de recordar algo que lhes foi dito ou mostrado poucos minutos antes, aqueles que aderiram à dieta modificada de Atkins melhoraram em média dois pontos (cerca de 15% da pontuação total), enquanto aqueles que não seguiram a dieta, em média, caíram alguns pontos.
Acesse o artigo completo (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da Universidade Johns Hopkins (em inglês).
Fonte: Vanessa McMains, Universidade Johns Hopkins. Imagens: Freepik.
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