Notícia
Faca de dois gumes
Uso de tablets e celulares por crianças quase dobra o risco do consumo excessivo de alimentos ultraprocessados
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Fonte
EntreTeses - UNIFESP| Revista da Universidade Federal de São Paulo
Data
quinta-feira, 30 agosto 2018 12:30
Áreas
Nutrição Clínica. Nutrição Coletividades. Saúde Pública
As mudanças no padrão alimentar da população, com maior consumo de alimentos ultraprocessados – incluindo os sucos artificiais, que em alguns casos possuem até 70% mais açúcar que um refrigerante de guaraná –, de Fast-Foods e de lanches açucarados, estão entre os principais vilões que ajudam a engrossar os números de doenças crônicas e da obesidade, inclusive entre crianças.
O cenário fica ainda mais perigoso quando a tecnologia entra de forma negativa no comportamento das pessoas, conforme apontam duas pesquisas apresentadas como tese de doutorado no Programa de Pós Graduação em Pediatria da Escola Paulista de Medicina (EPM/Unifesp) – Campus São Paulo. De acordo com os trabalhos, que avaliaram as práticas parentais de alimentação entre pré-escolares e escolares brasileiros e resultaram em um artigo publicado na revista Public Health Nutrition, o uso de celulares e tablets durante as refeições aumenta em 1,61 vezes o risco de crianças entre 2 e 9 anos de idade consumirem excessivamente alimentos ultraprocessados.
Para as nutricionistas Dra. Sarah Warkentin e Dra. Laís Amaral Mais, autoras das teses, esse comportamento pode ser parcialmente atribuído à exposição a anúncios televisivos de alimentos ricos em gorduras, açúcares e sal, e pobres em fibras e micronutrientes. “Os dados também põem em evidência o pouco incentivo às práticas de mais atividades físicas e lúdicas que tirem as crianças da frente das telas”, afirma a Dra. Warkentin.
Para a Dra. Laís Mais, o problema vai além. “O uso excessivo de dispositivos de tela durante as refeições pode ser um indicador da falta de interação dos pais com a criança durante as refeições – que poderia refletir uma falta mais geral de estrutura do agregado familiar – e que demonstrou ser um fator de risco para má qualidade da dieta“, afirma. “Os pais são importantes exemplos para as práticas alimentares, já que as crianças dependem deles para o acesso e a preparação dos alimentos”.
As pesquisas também mostraram que crianças cujas mães têm menor nível de escolaridade e que têm excesso de peso tiveram um risco duas vezes maior e 1,43 vezes maior, respectivamente, de consumir excessivamente alimentos ultraprocessados. Já para os pais que relataram baixa percepção de responsabilidade quanto à alimentação de seus filhos, esse risco foi 2,41 vezes maior.
Poucos vegetais
De acordo com o relato dos pais, cerca de 67% das 929 crianças avaliadas ingeriam uma alta quantidade de alimentos ultraprocessados. Trinta e dois por cento bebiam leite achocolatado e 20% suco artificial todos os dias. Quase um quarto do total eram consumidoras frequentes de carnes processadas e, mais de um terço, de salgadinhos. Em contrapartida, com relação aos vegetais, menos da metade da amostra os consumia diariamente.
Acesse o artigo completo na página da revista EntreTeses da Universidade Federal de São Paulo.
Fonte: Ana Cristina Cocolo, EntreTeses – Revista da Unifesp. Imagem: Pxhere.
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