Produção Consciente
UnB: Projeto compartilha técnicas de cultivo sustentável de banana
Com uma das maiores áreas de plantio do Centro-Oeste, trabalho desenvolvido na Fazenda Água Limpa realiza pesquisas e leva conhecimento e capacitação a produtores rurais
A banana é uma das frutas mais consumidas pelos brasileiros e está entre as preferidas dos produtores rurais. O cultivo de bananeiras no Distrito Federal e em outras regiões de Cerrado tem crescido nos últimos anos. Em 2017, a banana foi responsável por 10% da produção de todas as frutas do DF, totalizando mais de 3 mil toneladas. Estima-se que, só em Brasília, chegam a ser consumidas 200 mil bananas diariamente.
Uma pesquisa da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária (FAV) da UnB, desenvolvida na Fazenda Água Limpa (FAL), pode ajudar o agricultor a potencializar o desempenho de sua produção. O projeto intitulado Desempenho agronômico de quatro cultivares de bananeira sob diferentes doses de água e adubo avalia a sustentabilidade na irrigação e no cultivo da banana.
“Buscamos um plantio racional, que faz a dosagem da quantidade de água e adubação, evitando desperdícios de recursos hídricos e nutrientes”, explica o coordenador do estudo, Prof. Dr. José Ricardo Peixoto. A proposta é um equilíbrio entre as agriculturas convencional e orgânica. “O cultivo de orgânicos tem um custo muito alto e ainda precisa cumprir uma série de requisitos. O caminho é a sustentabilidade, sendo viável econômica e ecologicamente.”
Em uma área de 25 mil metros quadrados, são produzidas de 100 a 190 caixas de banana por semana, sem o emprego de nenhum tipo de agrotóxico. “Utilizamos herbicida somente na instalação para o preparo do solo”, diz o Dr. Peixoto.
Por se tratar de um cultivo experimental, as frutas não podem ser comercializadas para o consumidor externo. Assim, elas são destinadas à manutenção das demais atividades da Fazenda, como a suinocultura. “Depois que os porcos passaram a se alimentar das bananas, não houve mais nenhum caso de parasita”, destaca o docente. Parte das frutas também é destinada a animais do Zoológico de Brasília.
Experimento
Com cinco anos de existência, a plantação conta com quatro variedades de banana: BRS Conquista, Grande Naine, Prata-anã e Tropical. O cultivo é feito em áreas de terra denominadas ensaios. Ao todo, o projeto desenvolvido na FAL possui seis ensaios, cada um deles com 400 covas, que abrigam cerca de quatro plantas. A soma total é de quase dez mil pés de bananeira.
As bananas de quatro dos seis ensaios são provenientes de mudas compradas de laboratórios; as dos outros dois são desenvolvidas na própria FAL. Como sugere o nome do projeto, cada ensaio contém doses diferentes de substratos e água, resultando em 25 formas de cultivo diversas. As formas derivam da combinação de cinco variações de dosagens de água e cinco tipos de adubo: hidrogênio, fósforo, potássio, magnésio e gesso.
A partir das diferentes formas de dosagem, são avaliadas as melhores condições de irrigação e adubagem, de acordo com cada variedade de banana. Além disso, é feita uma avaliação da pós-colheita, a partir do estudo de doenças e pragas, como a sigatoka-amarela e o moleque ou broca da bananeira.
Quanto à irrigação, o processo utilizado é o gotejamento. Um método comparável utilizado em plantações, a microexpressão, também seria uma solução de baixo consumo de água, mas que poderia atrapalhar o experimento por causa da dificuldade de mensurar o consumo real de água.
“Por meio do gotejamento, é possível ter um controle melhor da irrigação, feita a cada dois dias para cada ensaio”, detalha o Prof. José Ricardo Peixoto. Os dados ainda são parciais, mas os pesquisadores consideram que a vazão de 18 litros de água por planta é o mais eficiente.
Aos olhos de um espectador leigo, a área de bananal precisaria ser limpa, já que está repleta de folhagens secas. Mas a palhada, formada pelo material que cai da própria planta, é útil na recomposição orgânica da terra. “Ela auxilia na umidade e melhora a qualidade do solo, reciclando sua vida biológica”, informa o docente.
Para a colheita, os pesquisadores contam com o apoio de três trabalhadores da FAL que atuam na área da fruticultura. Embora o sistema não seja mecanizado, já há expectativa de expandir o pomar, ainda considerado como em estágio de formação, comparado a plantações ativas de banana que podem manter o auge até os 40 anos.
Extensão Rural
Para além da pesquisa, o grupo também está preocupado em desenvolver a produção na região. E a grande dificuldade para os produtores rurais no cultivo de culturas está justamente na irrigação. A Profa. Dra. Michelle Sousa da FAV comenta que é muito difícil para o produtor implantar um sistema sem ter recebido nenhuma capacitação.
“O campo da FAL foi montado nos moldes de produção. Então, aqui o produtor pode observar o delineamento da forma correta, vendo na prática como é feita nossa irrigação e nutrição”, orienta. Com a criação do Grupo de Estudos em Horticultura (Gehorti) da UnB, em 2018, a ideia é realizar cada vez mais atividades de extensão, possibilitando a troca de experiências com os agricultores.
A primeira dessas iniciativas foi a realização de um dia de campo que reuniu dezenas de interessados em técnicas de manejo, irrigação e controle de doenças. O evento, que aconteceu em um fim de semana do mês de junho, contou com a parceria da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF), responsável pelo contato com os produtores, a maioria da agricultura familiar.
Acesse a notícia completa na página da UnB.
Fonte: Carolina Pires, Secom-UnB. Imagem: Pixabay.
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