Notícia

Estudos mostram benefícios do kefir para o bom funcionamento dos rins e do coração

Pesquisas analisaram os benefícios do kefir no tratamento da lesão renal aguda e no sistema nervoso cardíaco

Wikimedia Commons

Fonte

UFES | Universidade Federal do Espírito Santo

Data

quinta-feira, 15 outubro 2020 12:05

Áreas

Ciência e Tecnologia de Alimentos. Nutrição Clínica. Nutrição Funcional

Pesquisas desenvolvidas na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) sobre os benefícios do kefir no tratamento de doenças estudam os efeitos benéficos do probiótico sobre a lesão renal aguda e no sistema nervoso que controla o coração.

Os probióticos são microrganismos vivos encontrados em alimentos que contribuem para reforçar a microbiota, antes também conhecida como flora intestinal. O intestino humano possui trilhões de bactérias que atuam em benefício da saúde: facilitam a digestão e a absorção de nutrientes, fortalecem o sistema imunológico e previnem ou melhoram doenças.

Apesar da sua importância, os probióticos foram esquecidos por um tempo. Segundo o professor Dr. Elisardo Vasquez do Programa de Pós-Graduação em Ciências Fisiológicas (PPGCF) da UFES , somente nas últimas duas décadas é que os pesquisadores começaram a valorizá-los.

O kefir passou a ser o probiótico mais utilizado em pesquisas nos últimos anos e tem ganhado protagonismo entre os alimentos funcionais. Originado nas montanhas do Cáucaso, na Europa, também conhecido como grão do profeta Maomé, é composto de bactérias ácido-lácticas, bactérias ácido-acéticas e leveduras. Na presença do grão, produz-se um leite integral fermentado que, ao ser consumido, exerce ações anti-inflamatórias e antimicrobianas.

Funcionamento dos rins

Estudar os efeitos do kefir em doenças renais foi o objeto de pesquisa de Jamila Barboza, orientada pela professora Dra. Ágata Gava do PPGCF . A lesão renal aguda, que consiste na perda súbita da capacidade dos rins de filtrar resíduos, sais e líquidos, afeta milhares de brasileiros. Só no Centro de Diálise do Hospital Universitário Cassiano Antonio Moraes (Hucam-UFES) são realizados 450 procedimentos por mês.

“Existe um processo intestinal conhecido como disbiose, no qual há um desequilíbrio entre as bactérias ‘boas’ e ‘ruins’ do trato gastrointestinal. Essa disbiose parece estar envolvida no desenvolvimento de diversas doenças, de diferentes sistemas, inclusive o cardiovascular e o renal”, explica a professora. Ela acrescenta que o kefir é capaz de reestabelecer esse equilíbrio, favorecendo a cura por reduzir os radicais livres, cujo excesso está ligado ao desenvolvimento de doenças.

O estudo, realizado em camundongos Wistar machos, também mostrou o auxílio do kefir na diminuição de elementos que prejudicam o funcionamento dos rins. “Os ânions superóxidos e o óxido nítrico, em quantidade anormal, são maléficos para o funcionamento do organismo. O óxido nítrico, em níveis normais, desempenha um papel importante na regulação do fluxo sanguíneo dos rins”, explica a professora. O uso do kefir auxiliou na redução dessas espécies que reagem facilmente com oxigênio e que são um dos fatores desencadeadores da apoptose, o que leva à conclusão de que o kefir contribui para melhorar a função renal.

Impactos na pressão arterial

Outra pesquisa realizada na UFES relacionada ao kefir é a avaliação do tratamento crônico com esse probiótico sobre o tônus do sistema nervoso autônomo que controla o coração, e seus benefícios a pacientes com hipertensão arterial. Em condições normais, o coração é freado para bater mais lento e com menos força, mas, na hipertensão arterial, a predominância é a aceleração do ritmo e o aumento da força contrátil, denominada disautonomia cardíaca.

O tema foi tese de Brunella Klippel, orientada pelo professor Dr. Elisardo Vasquez, do PPGCF . “O número de pessoas hipertensas no Brasil vem aumentando, visto o estilo de vida cada vez mais estressante e corrido, por isso a necessidade desse estudo”, indica. “Esta foi a primeira pesquisa a mostrar que o kefir, agindo na microbiota intestinal, tem ação benéfica no sistema nervoso que controla nosso coração”, completou o Dr. Vasquez.

Os testes realizados em roedores demonstraram a eficácia do uso do probiótico: os animais que consumiram kefir obtiveram a diminuição da pressão arterial e a correção das disfunções neural e cardíaca. O reflexo de bradicardia (diminuição da frequência cardíaca) obteve melhora de 40% e o de taquicardia (aumento), 38%. Ambos também decaíram no descontrole da função cardiovascular em, respectivamente, 35% e 32%.

Conheça os detalhes da pesquisa no site da Revista Universidade.

Acesse a notícia completa na página da UFES.

Fonte: Mikaella Mozer, Lidia Neves e Thereza Marinho, UFES. Imagem: Wikimedia Commons.

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