Notícia

Unicamp desenvolve suco de laranja com baixo teor calórico a partir de nanomaterial

Processo que reduz açúcar com ‘pescagem’ da sacarose por nanopartículas magnéticas é opção para alimentos hipocalóricos

Pixabay

Fonte

Unicamp | Universidade Estadual de Campinas

Data

sábado, 5 fevereiro 2022 11:05

Áreas

Biotecnologia. Ciência e Tecnologia de Alimentos. Engenharia de Alimentos. Nutrição Coletividades

O Brasil tem a meta de reduzir o consumo de açúcar em alimentos industrializados na ordem de 144 mil toneladas até o final de 2022. O acordo entre o governo e a indústria é um meio de combater a obesidade, que é causa de doenças graves, como o diabetes.

Os sucos naturais não entraram na lista, mas eles se tornam ainda mais saudáveis com a redução de seu valor calórico, e com vantagem competitiva para a indústria. Daí a importância de uma tecnologia desenvolvida na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), com estratégia de proteção feita pela Agência Inova Unicamp e pedido de patente já depositado no INPI.

O processo reduz o teor de sacarose em sucos naturais com uso da nanotecnologia, podendo ser uma opção para aumentar a oferta de alimentos hipocalóricos. A sacarose representa aproximadamente 60% das moléculas de açúcar do suco. “O suco de laranja contém frutose, glicose, sacarose, flavonas, água, vitamina C, várias fibras e outros compostos. Desenvolvemos um modo de buscar a sacarose sem interferir na composição ou nas propriedades organolépticas do suco, como se fosse uma pesca”, disse a Dra. Ljubica Tasic, docente e pesquisadora do Instituto da Química (IQ-Unicamp).

A pesquisa foi motivada pela expressiva produção da fruta no país. O Brasil é o maior produtor mundial de laranja e um dos principais exportadores de suco. O país concentra 35% da produção global da fruta e fabrica três de cada cinco copos da bebida consumidos no planeta, segundo o Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus).

Isca para atrair a sacarose

O método para produção de sucos hipocalóricos inclui a preparação de uma “isca” que remove a sacarose pela modificação da superfície de um magneto. A equipe de pesquisa – formada integralmente por mulheres – sintetizou nanopartículas de magnetita, um óxido de ferro nanoestruturado, que foi em seguida revestido com um material inerte, e funcionalizado com a enzima invertase, responsável pela aceleração da reação química para quebra das moléculas de açúcar. “A invertase é isolada a partir de um fermento biológico e tem uma interação altamente específica, perfeita para isolar as moléculas alvo. Diferentemete de outros métodos de obtenção de sucos de baixa caloria, que usam coluna e filtração, ela não interage com os outros componentes presentes em uma suspensão tão complexa como o suco de laranja”, explica.

Dessa forma, foi possível isolar a sacarose sem alterar as propriedades tão apreciadas no suco de laranja, como aroma, cor, textura e sabor, além de reduzir etapas industriais que poderiam eliminar aspectos nutricionais e sensoriais desejáveis nos sucos, como as fibras e os gruminhos da fruta. Para separar as nanopartículas da sacarose após o processo de “pescagem” foi usado um imã.

A separação magnética é utilizada em outros setores da indústria de alimentos e bebidas. Na produção de vinhos, ela auxilia na remoção de proteínas que causam turbidez. Outros exemplos são a clarificação de sucos de frutas e a remoção de soro de leite. O uso das nanopartículas – menores do que as microesferas geralmente aplicadas – é visto de forma promissora devido à maior área de contato em relação ao volume.

As nanopartículas de óxido de ferro já são permitidas como corantes e aditivos alimentares e foram aprovadas para uso em seres vivos pela FDA (agência norte-americana de regulação de alimentos e drogas). Na indústria farmacêutica são também aplicadas em testes de PCR, para purificação das amostras e detecção do RNA viral.

Reaproveitando o açúcar da laranja

O processo desenvolvido “oferece enorme potencial do ponto de vista científico e econômico”, diz o texto encaminhado pela Inova Unicamp com o pedido de proteção da tecnologia. Nos ensaios realizados no Laboratório de Química Biológica do IQ, o nanomaterial foi reutilizado por dez rodadas consecutivas sem perda da capacidade de captura da sacarose e da atividade da invertase.

Acesse a notícia completa na página da Unicamp.

Fonte: Ana Palazi – Inova Unicamp. Imagem: Pixabay.

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