Notícia

Um filme para não passar contaminação: uma alternativa de aproveitamento tecnológico e industrial da semente da jaca

Nova tecnologia tem como diferencial o uso do amido de semente de jaca na elaboração de um filme antimicrobiano

Pixabay, arte

Fonte

UFRN | Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Data

quarta-feira, 1 março 2023 16:50

Áreas

Biotecnologia. Ciência e Tecnologia de Alimentos. Engenharia de Alimentos. Nutrição Coletividades. Sustentabilidade

Cinco universitárias dividem uma casa nas proximidades da UFRN. Em determinado final de semana, Beatriz comeu uma parte de um melão, enquanto que Carol consumiu metade de um mamão. Já Cecília fez um sanduíche caseiro na tarde do sábado para consumir durante o filme que iriam assistir à noite. Luísa fez uma sobremesa de morango com chocolate em um recipiente de vidro. Por sua vez, Valentina já havia separado legumes pela manhã. Todas resolveram guardar na geladeira os alimentos protegidos com um material, popularmente conhecido como papel filme.

O relato ficcional fala de situações do cotidiano e destaca uma necessidade frequente de proteger os alimentos do ambiente externo. No caso específico para essa proteção, um material de embalagem de uso corriqueiro é o popularmente conhecido ‘papel filme’: além de ter a função protetora, assegura maior manutenção da umidade, apresenta características antimicrobianas e é biodegradável. Para potencializar esses e outros aspectos, cientistas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) criaram um filme antimicrobiano biodegradável, obtido do amido de semente da jaca com óleo essencial de canela.

A descoberta científica resultou em um depósito de pedido de patente chamado ‘Filme antimicrobiano biodegradável do amido de semente de jaca com óleo essencial de Canela cassia’.

A junção dos ‘ingredientes da receita’ para criar o produto foi o diferencial na invenção. “A incorporação do óleo essencial de canela ao filme proporciona um período de conservação maior aos alimentos acondicionados devido a sua propriedade antimicrobiana, além de ser ecologicamente correto, não gerando resíduos ou causando impacto ao meio ambiente quando descartado”, explicou a doutoranda Eliane de Sousa Costa, estudante do Programa de Pós-graduação em Engenharia de Processos da UFCG.

A pesquisadora cita que toda a parte experimental para a elaboração do produto foi especificamente desenvolvida no Laboratório de Controle de Qualidade, localizado no prédio dos laboratórios de Engenharia de Alimentos da UFRN. Eliane frisa que toda a parte do desenvolvimento do produto já foi concluída e analisada quanto às suas propriedades antimicrobianas, sendo relevante destacar ainda que “o filme é um produto alimentício isento de conservantes químicos e segue as recomendações preconizadas pela legislação vigente para este tipo de produto”.

A Dra. Kátia Nicolau Matsui professora do curso de Engenharia de Alimentos, vinculado ao departamento de Engenharia Química da UFRN, e uma das cientistas envolvidas na invenção, identifica que a aplicação dessa nova tecnologia é importante para o setor de embalagens, em especial na área de alimentos, por apresentar propriedades de conservação que permitem a extensão da vida útil dos alimentos acondicionados, além da característica biodegradável do material.

A professora acrescenta ainda que a invenção destaca-se como uma alternativa de aproveitamento tecnológico e industrial da semente da jaca, visto que a maioria das sementes são descartadas, causando um enorme desperdício de recursos de amido e amilose, itens importantes na formação de filmes.

As sementes de jaca ocupam 10 a 15% dos frutos inteiros e contêm amido e proteínas abundantes. Têm coloração castanho-clara, forma arredondada, com dois a três centímetros de comprimento, diâmetro variando de um a um centímetro e meio e são envoltas por uma fina membrana esbranquiçada. Até 500 sementes podem ser encontradas em cada fruta. Originária da Índia, a jaca é uma fruta tropical trazida no século XVIII ao Brasil, onde são encontradas três variedades: jaca-dura, jaca-mole e jaca-manteiga.

“O filme antimicrobiano biodegradável é uma alternativa aos filmes oriundos de fonte petroquímica, utilizado para acondicionar alimentos, cosméticos, entre outras aplicações. Esses últimos, por exemplo, quando descartados, se transformam em resíduos sólidos que demoram centenas de anos para se decompor. O filme desenvolvido será totalmente absorvido pelo ambiente, origina-se de uma fonte renovável, valoriza um resíduo como é a semente da jaca, transformando-o em matéria-prima de baixo custo. Por fim, a incorporação do óleo essencial de canela confere a característica de filme ativo, já que atua sobre o alimento, servindo de barreira para a perda de umidade e de aromas, além da inibição do desenvolvimento microbiano e a manutenção da segurança e da qualidade dos alimentos”, descreveu a Dra. Kátia Matsui.

Patenteamento

Com o objetivo principal de inibir o desenvolvimento microbiano – uma das principais causas para a deterioração dos alimentos, a nova tecnologia tem como diferencial essencial o uso do amido de semente de jaca na elaboração de um filme antimicrobiano com óleo essencial de canela. Esse fator distintivo foi constatado durante a busca de antecedência do pedido de patente, etapa preliminar ao depósito na qual se procura identificar se um produto já foi patenteado não só no Brasil, mas também no exterior.

Acesse a notícia completa na página da UFRN.

Fonte: Wilson Galvão – AGIR, UFRN. Imagem: Pixabay, arte.

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