Notícia

Um elo entre o campo e o prato

Com centro em Botucatu, Unesp inicia articulação em prol da alimentação saudável no país

Rede T4H

Fonte

UNESP | Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho

Data

terça-feira, 18 dezembro 2018 14:05

Áreas

Educação Nutricional. Nutrição Coletividades. Segurança Alimentar

Filha da roça, Dona Josefa Isidoro carrega no rosto aquela típica expressão cansada de quem sempre viveu do sustento da terra. Também varreu muita rua e por isso carrega até hoje resquícios de dores nas costas. Teve depressão e chegou até ficar internada por conta de uma artéria entupida. Hoje, aos 57 anos, ela finalmente percebeu que para ter boa saúde tem que agir na raiz do problema: sua alimentação. “Hoje não preciso mais de tarja preta. A horta é minha terapia”, diz.

Essa consciência amadureceu após Dona Josefa começar a participar de um projeto de extensão universitária realizado no posto de saúde do seu bairro, o Jardim Santa Elisa, que fica bem próximo ao campus da Unesp de Botucatu. Beatriz Bartoli Magosso, aluna de Biologia do Instituto de Biociências (IB), entendia que podia contagiar outras pessoas da comunidade a serem que nem ela. Uma amante das relações saudáveis, como prega a agroecologia. “Hoje eu quase não compro nada porque como o que planto em casa”, afirma.

Essa e tantas outras iniciativas agora são abraçadas por um grupo engajado. Com semente plantada e semeada na Unesp: o INTERSSAN. Depois de mais de 5 anos de intensos trabalhos, este fruto se materializa com a construção do Centro de Ciência, Tecnologia e Inovação para Soberania Segurança Alimentar e Nutricional, inaugurado no último dia 13 de dezembro, no campus de Botucatu.

Ele promete ser a grande referência nacional a todo e qualquer tipo de projeto que busque, na sua essência, melhorar a qualidade de vida das pessoas através do alimento. Seja para quem consome até para quem produz. O tripé consiste, basicamente, em promover e fortalecer a formação, as tecnologias sociais e políticas públicas. Isto é, compartilhar conhecimentos para tirar bons projetos do papel na área da Segurança Alimentar.

Em pouco tempo, o INTERSSAN, que conta com a participação de mais de 50 pessoas (entre bolsistas, professores e outros profissionais voluntários), de 17 unidades da Universidade, já apoia 32 projetos e articula-se com mais de 80, alguns fora do Brasil, como em países da América Latina e África, onde a fome e a pobreza ainda são muito presentes, levantando dados e buscando soluções para essas iniciativas.

“Em resumo será um espaço para aprender e ensinar. Ligar e fortalecer experiências. Dar voz a quem precisa e transformar essa grande cadeia do sistema alimentar”, afirma a professora Dra. Maria Rita Marques de Oliveira, do Departamento de Educação do IB Botucatu, que coordena o projeto.

“O INTERSSAN, coordenado pela professora Dra. Maria Rita Marques de Oliveira, desenvolve um importante trabalho de pesquisa e de extensão na Unesp, sendo um efetivo testemunho da interação da universidade com o entorno local, com outras universidades do país e com os universos dos países latino-americanos e dos países africanos de língua portuguesa”, destacou o assessor da Pró-Reitoria de Pesquisa, professor Dr. José Augusto Chaves Guimarães, que esteve presente na inauguração do centro, no último dia 13 de dezembro, representando o reitor da Unesp.

Contrastes
De acordo com Élcio de Souza Magalhães, coordenador geral de apoio à implantação do Sisan (Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional), vinculado ao Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), dos mais de 7 bilhões que formam a população mundial 800 milhões ainda vivem em situação de fome. E outros quase 700 milhões são obesos. No Brasil, 25 milhões ainda convivem com a pobreza e mais de 50% da população se mostra com sobrepeso

“Este é o cenário. Trata-se de um agravo à saúde pública porque significa que tem mais pessoas doentes, com diabetes, pressão alta e cânceres. Resultado dessa má alimentação, que se agrava ainda mais com a presença dos agrotóxicos [Brasil é o maior consumidor de pesticidas no mundo]. Por isso a gente precisa fortalecer nossa política para melhorar a qualidade da alimentação e precaver a questão da fome. O bom é que podemos nos orgulhar que agora já temos uma árvore [o INTERSSAN], estamos colhendo frutos e levando eles para outros lugares”, comemora.

E um desses lugares foi o Paraná. Numa parceria entre o INTERSSAN, Universidade Federal do Paraná, Ministério Público, Consea (Conselho Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional) e Caisan (Câmara Interministerial de Segurança Alimentar e Nutricional), foi possível capacitar e fazer a adesão de 188, dos 399 municípios paranaenses, junto ao Sisan.

Para Roseli Pittner, presidente do Consea-PR, o INTERSSAN neste contexto será fundamental para dar mais força à agricultura familiar. “Menos de 1% dos recursos são destinados à agricultura familiar. E dados mais recentes dizem que mais de 80% do que vai às mesas dos brasileiros vêm da agricultura familiar. E é ela quem mais emprega. Então se você deixar de apoiar a agricultura familiar, automaticamente os municípios pequenos, que são mais de 90% no Brasil, eles não irão se desenvolver da maneira que gostaríamos”, opina.

Acesse a notícia completa na página da UNESP.

Fonte: 4toques Comunicação e ACI Unesp. Imagem: Rede T4H.

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