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Tese sobre tradições alimentares polonesas recebe menção honrosa
Tese sobre tradições alimentares polonesas recebe menção honrosa no I Prêmio da Associação Brasileira de História Oral
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Fonte
UFPR | Universidade Federal do Paraná
Data
sábado, 23 junho 2018 09:30
Áreas
Educação Nutricional. Nutrição de Coletividades
Uma tese de doutorado sobre a transmissão das tradições alimentares polonesas no Centro-Sul do Paraná, defendida no Programa de Pós-Graduação em História da UFPR, recebeu Menção Honrosa no I Prêmio da Associação Brasileira de História Oral. A pesquisa é de autoria da Dra. Neli Maria Teleginski, que se dedica a pesquisar a relevância da comida como documento histórico, patrimônio e linguagem cultural das sociedades.
O trabalho – intitulado “Sensibilidades na cozinha: a transmissão das tradições alimentares entre descendentes de imigrantes poloneses no centro sul do Paraná” – foi produzido em 2016, a partir de entrevistas com descendentes de poloneses residentes nos municípios de Irati, Mallet e Prudentópolis, no interior do Paraná. Os entrevistados relataram suas memórias e práticas alimentares preservadas em cozinhas, quintais, hortas, roças e feiras, e também nas festas típicas e nas paróquias.
Ao comparar as tradições antigas da culinária polonesa com a atualidade, a pesquisadora descobriu que muitos dos saberes e alimentos artesanais estão perdendo espaço para o consumo de produtos industrializados. “Um exemplo disso são os fermentos naturais que as ‘babas’ ou ‘bapkas’ (avós, em polonês) utilizavam para fazer pães, broas e ‘cuques’ de forno a lenha, e que foram substituídos por fermentos industrializados”, conta a Dra. Neli.
Outra mudança observada pela pesquisadora foi a da produção do requeijão de leite integral que, de acordo com a pesquisadora, tem sido substituído por ricota industrializada nos laticínios, com o mesmo leite da bacia leiteira da região. A ricota passou a ser utilizada na confecção do ‘pierogue’ (massa cozida e recheada em formato de meia lua conhecida como ‘perohê’ na língua ucraniana) e das tortas doces, que antes levavam apenas ingredientes caseiros.
“É importante ressaltar, por outro lado, que muitas pessoas, sobretudo os descendentes, ainda preservam com grande esforço os conhecimentos alimentares dos eslavos”, afirma a Dra. Neli. Um lócus importante desta preservação, de acordo com ela, está nas feiras de produtores locais, onde muitos produtos artesanais e da tradição alimentar eslava – como as broas, os embutidos, fermentados, geleias e conservas – continuam sendo comercializados.
“Há também muitas mulheres da região que complementam a renda de suas famílias comercializando os ‘pierogues’ congelados nos supermercados ou em empresas que se especializam no comércio de massas artesanais”, destaca.
Da família à pesquisa
A Dra. Neli, que cresceu e viveu a maior parte da vida na cidade de Irati, junto a uma família inteira de agricultores dedicados a plantar, criar animais e cozinhar, diz que seu trabalho busca valorizar os cultivadores da região do segundo planalto central paranaense. “Eu vejo que a comida de todos os imigrantes do Paraná conta uma história, que deve continuar sendo contada nas comunidades, nas escolas e nas universidades, gerando conhecimento e iniciativas em todos os setores que lidam com a produção, consumo e circulação de alimentos”, comenta.
Ao analisar as oralidades dos descendentes de poloneses, a pesquisadora produziu um caminho de pesquisa que, segundo ela, pode ser percorrido por outros pesquisadores, abordando outras regiões. “Pesquisar a comida e o uso das fontes orais de transmissão das tradições alimentares é um caminho para perceber a diversidade cultural e a história da alimentação, do gosto, do comer e dos sentidos atribuídos a estas práticas no tempo”, explica.
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Fonte: Valsui Junior, UFPR. Imagem: Divulgação.
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