Notícia
Resíduos tratados formam composto organomineral para uso em plantação de cana-de-açúcar
Cientistas da UFU produzem fertilizante com lodo de esgoto
Divulgação Geociclo
Fonte
UFU | Universidade Federal de Uberlândia
Data
sábado, 8 setembro 2018 12:00
Áreas
Agricultura. Agronomia. Ciências Agrárias
Quando a crise de investimentos em pesquisa veio à tona para o público em geral, há cerca de um mês, viralizou nas redes sociais o comentário de um internauta que minimizava a importância da ciência em detrimento de saneamento básico, que ainda não chega a metade da população brasileira. Muitos dos compartilhamentos rebatiam o comentário, demonstrando o quanto ciência e saneamento estão relacionados. É nessa relação que atuam os pesquisadores da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) que trataram resíduos sólidos de esgoto e transformaram em fertilizantes organominerais eficazes para plantações de cana-de-açúcar destinada à produção de biocombustíveis.
A tese de doutorado “Biossólido e torta de filtro na composição de fertilizantes organominerais para a cultura da cana-de-açúcar” foi defendida no dia 28 de agosto pelo biólogo Carlos André Gonçalves, orientado pelo Prof. Dr. Reginaldo de Camargo e co-orientado pela Profa. Dra. Regina Maria Quintão Lana, no Programa de Pós-Graduação em Biocombustíveis. Vinculado ao Instituto de Química, esse é um programa bi-institucional, constituído por associação ampla entre a UFU e a Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM).
O ciclo
O que sai das nossas casas e vai para o esgoto? A água que foi usada para lavar louças, roupas, tomar banho e… aquela água da descarga no vaso sanitário. Essa é a parte que torna o esgoto mais rico. Ali estão proteínas, aminoácidos e sais minerais como nitrogênio, fósforo e cálcio dos alimentos que comemos. Uma parte o nosso organismo aproveita, mas a outra ele elimina na forma de fezes.
Depois de percorrer os canos da cidade e chegar à estação de tratamento, que em Uberlândia é o Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae), os resíduos são separados em líquidos e sólidos. A parte líquida passa por um tratamento e lançada no Rio Uberabinha. A sólida forma um lodo que é enviado ao aterro sanitário. Segundo o Dmae, são 2,7 milhões de metros cúbicos de esgoto tratados por mês em Uberlândia.
Os pesquisadores da UFU fizeram uma parceria com o Dmae e levaram amostras desse esgoto sólido para a Fazenda do Glória, área experimental da universidade em Uberlândia. “Lá a gente desenvolveu um protótipo para fazer tratamento em pequena escala, mas que dá para fazer em larga escala. Nós utilizamos uma caixa de alumínio coberta com vidro e a massa [lodo de esgoto] a gente misturou com cal hidratada (30%). Essa cal inativa microrganismos através do aumento do pH [escala de acidez ou basicidade de uma solução]. Coberta por vidro, a própria insolação ajuda”, explica o professor Camargo.
“Passado esse período, esse material já está pronto para ser utilizado como fertilizante. Só que, para usar puro, ia ter que jogar não sei quantas toneladas por hectare. Então a gente pega essa massa tratada e mistura com fertilizante mineral, que é altamente concentrado, e fabrica esse peletezinho aqui”, completa o orientador.
O fertilizante organomineral em forma de pelete é um granulado que reúne a parte orgânica, o lodo de esgoto tratado, com a parte mineral, formada por ureia, cloreto de potássio e ácido bórico. A peletização foi feita em uma empresa de Uberlândia. Nesse formato, pode-se controlar a liberação do nutriente no solo e diminuir as reações como volatilização da ureia, erosão do nitrogênio, fósforo e potássio, lixiviação do nitrogênio e potássio e fixação do fósforo.
“Você tem menor contaminação do lençol freático e maior economia de nutrientes que as fontes são finitas. Por isso que ela [a tecnologia desenvolvida na UFU] é sustentável: por usar um passivo ambiental [lodo de esgoto] e reduzir perdas dos nutrientes que normalmente acontece quando você está utilizando adubação padrão”, afirma a professora Lana. “A gente pode garantir: não ter odor nenhum mais quando chega nesse aspecto e os riscos biológicos são nulos”, completa Gonçalves.
Acesse a notícia completa na página da Universidade Federal de Uberlândia.
Fonte: Diélen Borges, UFU. Imagem:
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