Notícia

Reduzir o desperdício melhora a segurança alimentar global, mas tem benefícios ambientais limitados

Fonte

Universidade da Califórnia em Irvine

Data

quinta-feira, 27 julho 2023 11:20

Áreas

Agricultura. Agronomia. Ciência e Tecnologia de Alimentos. Engenharia de Alimentos. Nutrição Coletividades. Sustentabilidade

Reduzir o desperdício é uma forma de ajudar a combater a fome em todo o mundo, mas um controle mais rígido sobre a perda e o desperdício de alimentos não leva a melhores resultados ambientais, de acordo com pesquisadores da Universidade da Califórnia, Irvine (UCI) e da Universidade do Colorado Boulder (CU Boulder)

Em um artigo publicado na revista científica Nature Food, os cientistas enfatizam que reduzir a deterioração dos alimentos aumenta a quantidade de produtos nos mercados, o que leva a custos mais baixos. Alimentos mais baratos incentivam as pessoas a comprar e comer mais, compensando a redução das emissões de gases de efeito estufa quando mais produtos chegam às mesas.

“Digamos que o preço dos cereais caia devido a melhorias na eficiência do sistema alimentar; agora você pode se dar ao luxo de comer a mesma quantidade com mais frequência”, disse a principal autora a Margaret Hegwood, estudante de doutorado no Instituto Cooperativo de Pesquisa em Ciências Ambientais na CU Boulder. “Os consumidores respondem a essas reduções de preços, comprando mais do que antes, o que compensa alguns dos benefícios de reduzir a perda e o desperdício de alimentos”.

O co-autor Dr. Steven Davis, professor de ciência do sistema terrestre da UCI, disse: “A eliminação da perda e do desperdício de alimentos foi promovida por cientistas e defensores como uma forma de reduzir os impactos ambientais adversos da produção de alimentos. Há uma base sólida para esse raciocínio: a perda e o desperdício ao longo da cadeia de suprimentos representam até um quarto das emissões globais de gases de efeito estufa do sistema alimentar e 6% do total de emissões em todo o mundo”.

Mas o Dr. Steven Davis disse que ele e seus colegas pesquisadores descobriram em sua modelagem um “efeito rebote” pelo qual melhorias de eficiência causam reduções de preços e aumentos de consumo. Eles sugerem que esse resultado pode compensar até 71% dos benefícios de reduzir a perda e o desperdício de alimentos.

Nosso modelo basicamente formalizou a Econ 101: reduzir a perda e o desperdício de alimentos desloca as curvas de oferta e demanda, respectivamente. A sensibilidade da oferta e da demanda aos preços – que obtivemos de pesquisas anteriores – determina o quanto projetamos que os preços dos alimentos e o consumo mudarão”, disse o coautor Dr. Matt Burgess, professor assistente do instituto CU Boulder.

“Existe uma tensão entre os dois objetivos de eliminar o desperdício de alimentos e aumentar a segurança alimentar”, disse o Dr. Steven Davis. “Melhorar a eficiência da cadeia de abastecimento e, assim, reduzir os custos dos alimentos pode ajudar a tornar os alimentos mais acessíveis em países menos favorecidos. Mas, especialmente nesses lugares, podemos precisar ajustar nossas expectativas sobre os benefícios ambientais de evitar desperdícios e perdas.”

Este projeto foi financiado pelo Departamento de Agricultura dos EUA e pela National Science Foundation.

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade da Califórnia em Irvine (em inglês).

Fonte: Brian Bell, Universidade da Califórnia em Irvine.  Imagem: Pixabay.

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