Notícia

Reduzir apenas as proteínas da dieta pode ser opção para combater obesidade e diabetes

Perda de peso, controle da pressão arterial e melhora do perfil glicêmico e lipídico foram observados tanto nos voluntários que restringiram calorias quanto nos que reduziram apenas o teor proteico da dieta

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Fonte

Agência FAPESP

Data

quarta-feira, 17 agosto 2022 09:40

Áreas

Nutrição Clínica. Saúde Pública

Reduzir o consumo de proteínas pode ajudar a controlar a síndrome metabólica e alguns de seus principais sintomas, como obesidade, diabetes e hipertensão. Foi o que mostrou um estudo feito por pesquisadores brasileiros e dinamarqueses com o objetivo de comparar os efeitos das dietas com restrição proteica e calórica em seres humanos. Os resultados foram publicados na revista científica Nutrients.

A síndrome metabólica é um conjunto de condições – entre elas hipertensão, nível elevado de açúcar no sangue, acúmulo de gordura em torno da cintura e colesterol alto – que aumenta o risco de doença cardíaca, acidente vascular cerebral e diabetes.

“O estudo mostrou que diminuir o consumo de proteínas para 0,8 grama [g] por quilo [kg] de peso corporal foi suficiente para atingir quase os mesmos resultados clínicos de uma dieta com restrição calórica, mas sem a necessidade de reduzir as calorias ingeridas. Os resultados sugerem a possibilidade de a restrição proteica ser um dos principais fatores que levam aos efeitos conhecidamente benéficos da restrição alimentar. Com isso, a dieta de restrição de proteínas pode ser uma estratégia nutricional mais atrativa e relativamente mais simples de ser seguida por indivíduos com síndrome metabólica”, afirmou o Dr. Rafael Ferraz-Bannitz , doutor pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP) e primeiro autor do artigo.

O estudo foi financiado pela FAPESP por meio da bolsa de doutorado de Ferraz-Bannitz e de um Projeto Temático coordenado pelo professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Dr. Marcelo Mori, cujo objetivo é mimetizar, por meio de diferentes estratégias, os efeitos da restrição calórica. A investigação envolveu uma equipe multidisciplinar e internacional com cientistas da USP, da Universidade de Copenhagen (Dinamarca), do Instituto Nacional do Câncer (Inca) e do Centro de Pesquisa em Obesidade e Comorbidades (OCRC) – um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) da FAPESP sediado na Unicamp.

Dieta controlada

Durante 27 dias, os pesquisadores acompanharam 21 pacientes diagnosticados com síndrome metabólica. Os voluntários foram divididos em dois grupos e permaneceram por todo o período internados no Hospital das Clínicas da FMRP-USP, para que a dieta pudesse ser monitorada e seguida à risca.

A necessidade calórica diária de cada participante foi calculada com base no metabolismo basal (gasto de energia em repouso). Em um grupo, os pacientes receberam uma dieta individualizada com 25% menos calorias que o considerado ideal. Nesse caso, a escolha dos alimentos foi feita de acordo com o padrão recomendado para a população em geral (50% carboidrato, 20% proteína e 30% gordura).

No segundo grupo, o consumo calórico diário também foi calculado individualmente com base no metabolismo basal. E, embora o valor de calorias indicado para cada indivíduo fosse respeitado (nunca ultrapassado), a proporção de proteínas da dieta foi reduzida, ficando em torno de 10% (sendo 60% carboidrato e 30% gordura). Um dado importante é que não houve diferença no uso de sal. Em ambos os grupos, os pacientes consumiam 2 g de sal por dia.

O estudo mostrou que tanto a dieta de restrição calórica quanto a de restrição proteica promoveram perda de peso devido à redução da gordura corporal e, desse modo, melhoraram os sintomas da síndrome metabólica. Sabe-se que a redução da massa adiposa está associada à redução da glicemia, dos níveis lipídicos e da pressão arterial.

“Após 27 dias de monitoramento, os dois grupos tiveram resultados semelhantes: redução dos níveis glicêmicos, perda de peso, controle da pressão arterial e queda dos níveis de triglicérides e colesterol. Tanto a dieta de restrição calórica quanto a que reduziu o consumo de proteína melhoraram a sensibilidade à insulina após o tratamento. Os pacientes tiveram ainda diminuição da gordura corporal, especialmente na região da circunferência abdominal e de quadril, porém, sem redução da massa magra [músculos]”, afirmou a Dra. Maria Cristina Foss de Freitas , professora da FMRP-USP e coordenadora do estudo.

Os resultados confirmam pesquisas anteriores realizadas em camundongos. “Só que, desta vez, conseguimos fazer um estudo clínico randomizado e totalmente controlado durante 27 dias, com cardápio personalizado segundo as necessidades de cada paciente”, ressaltou a Dra. Foss de Freitas.

Desse modo foi possível mostrar, em humanos, que basta a manipulação de macronutrientes de uma dieta – proteína, gordura ou carboidrato – para se obter os efeitos benéficos de uma restrição alimentar. “Vimos que a restrição proteica é suficiente para reduzir a gordura corporal e manter a massa magra. Isso é muito importante, pois em muitas dietas restritivas a perda de peso está associada também à diminuição de massa muscular”, comentou o Dr. Ferraz-Bannitz.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Agência Fapesp.

Fonte: Maria Fernanda Ziegler,  Agência FAPESP. Imagem: Freepik.

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